No campus Montes Claros, serão realizadas 14 atividades com temática e programação construídas com participação da comunidade acadêmica

Durante todo o mês de novembro, a UFMG sedia uma série de atividades acadêmicas e culturais para celebrar o Mês da Consciência Negra, com reflexões sobre o racismo, o direito à diferença e a valorização das raízes afro-indígenas. Trata-se do Novembro Negro, evento que, desde 2018, possibilita que entidades e coletividades da Universidade unam esforços para promover o diálogo sobre as relações e desigualdades que afetam grupos de pessoas negras e indígenas.
Estudantes, professores, servidores técnico-administrativos e o público externo propuseram iniciativas para compor a oitava edição do evento, que tem como tema Epistemes, estéticas e subjetividades negras. A escolha do tema foi definida mediante consulta pública à comunidade universitária, reafirmando o compromisso social da UFMG em promover a defesa da universidade pública inclusiva e antirracista, por meio de espaços para as ações afirmativas no ensino superior e em suas conexões com a sociedade.
A abertura do Novembro Negro ocorre na segunda-feira, 3, às 18h30, no auditório da reitoria, no campus Pampulha. No dia 17 de novembro, será realizada a abertura no campus Montes Claros, às 16h30, no auditório do bloco C. A programação inclui apresentação musical seguida pela cerimônia de abertura com a participação da pró-reitora de Assuntos Estudantis, professora Licínia Maria Correa; o diretor do campus, professor Hélder dos Anjos Augusto e a representante do Coletivo dos Estudantes Indígenas e Quilombolas do campus Montes Claros, Quelrem Souza Rocha. A seguir, será realizada a palestra Expressões Negras em Movimento — Arte, Corpo e Ancestralidade, com a doutora Patrícia Giselia Batista.
A pró-reitora de assuntos estudantis da UFMG, Licínia Maria Correa, conta que, desde 2018, quando ocorreu a primeira edição do Novembro Negro, há um movimento crescente de territorialização negra auto-organizada na Universidade. Segundo ela, a UFMG atua na construção desse movimento dentro da comunidade universitária. “O movimento negro sempre esteve presente no espaço acadêmico, e esta é uma presença que se afirma nas dimensões do intelecto, do corpo e do espírito. Ocupar a universidade é fundamental porque este é um reduto marcado pela branquitude e utilizado para legitimar o racismo, que acaba sendo reafirmado na ciência e na produção do conhecimento científico”, explica.
Quilombos de ontem e de hoje

Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG
O Novembro Negro é uma organização coletiva que surgiu da mobilização de vários grupos dentro da Universidade. Licínia conta que o evento é constituído por ativistas e militantes “interessados em mostrar que a UFMG é um lugar também de presença negra, é um lugar para garantir e para legitimar essa presença.”
A pró-reitora acrescenta que, a partir do momento em que as instituições de ensino são ambientes de trabalho, de produção de conhecimento e de circulação de saberes, um evento como o Novembro Negro é capaz de afirmar a identidade étnica e racial, além do modo de ser e de existir do povo negro. “Cada uma das pessoas que é envolvida no Novembro Negro vem de várias experiências de movimento de vivência da negritude, sejam experiências acadêmicas, de terreiro, de mobilização social ou de mobilização política. Por isso temos uma trajetória de aquilombamento, constituída por nossas várias inserções sociais e como um espaço que afirma uma identidade que precisa ser enxergada e visibilizada.”