Estudo demonstrou que o produto desenvolvido no campus Montes Claros apresentou desempenho superior ao de um mix de vitaminas testado em idosos de um grupo controle

Suplemento utilizado no estudo foi desenvolvido no campus Montes Claros
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

Ganhos de peso, de massa muscular, força e preensão palmar foram observados em grupo de 20 nonagenários que participou de um estudo para avaliar os benefícios nutricionais de um suplemento alimentar à base de buriti, um fruto do cerrado. A pesquisa é de autoria da médica geriatra Patrícia Antunes, que defendeu recentemente dissertação de mestrado em Alimentos e Saúde no campus Montes Claros.

Os testes foram realizados durante três meses com dois grupos de 20 idosos: o primeiro utilizou o suplemento Nutricer Energia Zero-lactose da NutriMulti Cerrado® –que leva buriti em sua composição – desenvolvido no campus Montes Claros; e o segundo, o grupo controle, consumiu um mix de vitaminas e minerais de composição equivalente ao suplemento em teste, porém sem o buriti. Os participantes ou seus cuidadores assinaram termo de consentimento livre e esclarecido, e o estudo foi realizado seguindo os preceitos éticos de pesquisa em humanos. O grupo de idosos foi selecionado no banco de dados do Centro de Referência e Atenção à Saúde do Idoso, da Unimontes. São pacientes que fazem acompanhamento clínico no local.

Antes e após esse período, foi aplicado um questionário de avaliação nutricional (forma curta) entre os participantes, que também tiveram sua força de preensão palmar avaliada. Medição antropométrica, realização de hemograma e contagem de proteínas totais, de albumina e de globulina (proteína relacionada à produção de anticorpos) também compuseram a bateria de testes de avaliação. “Houve perda de peso nos pacientes que utilizaram apenas o mix de vitaminas. Já no grupo que recebeu o suplemento-teste, notamos ganho de peso, ganho de índice de massa muscular (IMC), de força e de preensão palmar, que são dados importantes para manter a funcionalidade e a vitalidade do idoso, principalmente o nonagenário”, relata Patrícia Antunes.

O estudo também constatou que os idosos que consumiram o suplemento tiveram ganho de massa muscular sem realização de atividade física. “Acreditamos que a suplementação dietética é importante, por meio de formas naturais ou não. Diante de todas as alterações fisiológicas que fazem parte do processo de envelhecimento, os idosos, em especial os nonagenários, sofrem com a perda de apetite; eles não conseguem fazer uma ingesta nutricional adequada apenas com refeições. Por isso, a suplementação funciona e é extremamente importante e viável, para que a gente possa trabalhar de forma preventiva, que é o grande foco, e impedir que esse idoso chegue aos 90 anos ou mais com muita fragilidade”, destaca a médica.

Além da pesquisa com o suplemento, a autora produziu cartilha informativa sobre a desnutrição para divulgação entre os cuidadores de idosos. O objetivo é identificar com antecedência os sinais de desnutrição e medidas que podem ser adotadas para tratar o problema. “É uma cartilha toda ilustrada, com linguagem fácil, direta e com referências científicas para quem quiser verificar o que é a desnutrição, como ela pode ser identificada pelos cuidadores, os riscos que pode gerar, o que fazer quando se identifica esse quadro de nutrição em idosos”, explica o professor Sérgio Henrique Sousa Santos, orientador de Patrícia Antunes.

Patrícia Antunes mostra a cartilha informativa sobre desnutrição em idosos desenvolvida durante o mestrado em Alimentos e Saúde
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

O material será disponibilizado na página do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Saúde.

O grupo dos nonagenários é dos que mais crescem no Brasil. De acordo com o último censo do IBGE, em 2022, havia cerca de 790 mil pessoas com 90 anos ou mais no país, um aumento de 42,2% em relação a 2012.

‘Superalimento’

Professor Sérgio Sousa Santos participou do desenvolvimento do suplemento à base de buriti
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

O produto utilizado nos testes do mestrado em Alimentos e Saúde foi desenvolvido pelo curso de Engenharia de Alimentos do campus da UFMG em Montes Claros, em parceria com Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).  O suplemento alimentar lácteo, com fórmula exclusiva, oferece os nutrientes necessários para a população idosa. O fato de ter em sua composição um fruto do cerrado o diferencia de outros produtos encontrados no mercado, resultando em alimento nutritivo e, sobretudo, acessível.

O professor Sérgio Henrique Sousa Santos participou do desenvolvimento do produto, que foi testado em 65 mulheres de idade igual ou superior a 65 anos. Comparado a uma marca comercial com ampla penetração no mercado, o produto demonstrou resultados superiores, com aumento de hemácias, hemoglobinas e albumina. “A gente observou que idosas que estavam asiladas, em lares de longa permanência, passavam por grandes quadros de desnutrição, e o custo dos suplementos comerciais era muito elevado. Além disso, não havia uma aplicabilidade de componentes funcionais nutracêuticos que melhorassem a qualidade de saúde e bem-estar dessas idosas”, conta o professor Sérgio Santos.

O buriti foi escolhido pelas propriedades nutricionais ainda pouco aproveitadas pela indústria. “Ele pode ser considerado um ‘superalimento’, capaz de gerar benefícios para a saúde em múltiplas áreas. Destacamos a quantidade de vitaminas e minerais em alta concentração, a grande quantidade de fibras e de substâncias (flavonoides e fitoesteroides), que comprovadamente beneficiam o metabolismo, a saúde cognitiva, e o funcionamento intestinal, impactando o bem-estar”, resume o professor.

O produto já está disponível no mercado em farmácias de Montes Claros e também pode ser adquirido pela internet.

(Ana Cláudia Mendes I Cedecom UFMG Montes Claros)