Pesquisa tem como objetivo monitorar o comportamento de leitões pós-desmame para minimizar os impactos no desenvolvimento e perda de peso dos animais

Professor Bruno Silva recebe prêmio durante o congresso
Foto: Arquivo pessoal

O desmame é um momento delicado no manejo de leitões. O comportamento dos animais neste período indica que a interrupção da amamentação é uma importante fonte de estresse e perda de peso dos filhotes. Um estudo conduzido pelo professor Bruno Silva no Laboratório de Inteligência Artificial aplicado à Suinocultura para a fase de creche (LIASUI/ NEPSUI) do campus regional da UFMG analisou a dinâmica comportamental dos leitões de 24 dias até os 65 dias de idade. Por meio de dados fornecidos por monitoramento e inteligência artificial, foi possível traçar estratégias para minimizar os impactos deste período na vida dos animais. “Esse estudo visa a geração de dados referentes ao entendimento do desenvolvimento do leitão na fase de creche. Nesta etapa, o animal passa por diversos desafios que consequentemente, têm conexões diretas com as etapas seguintes da vida dele. Estes dados ainda não existem. São dados que estão sendo gerados pela equipe do Núcleo de Estudos em Produção de Suínos (NEPSUI) no Laboratório de Inteligência Artificial do campus regional Montes Claros”, explica o professor Bruno Silva.

A pequisa intitulada Uso de visão computacional e automação inteligente para determinas a cinética de comportamento alimentar e dinâmica de crescimento em tempo real de leitões em fase de creche , foi premiada na Porkexpo 2024 12º Congresso Latino Americano de Suinocultura como melhor trabalho científico do congresso. Este é um dos maiores eventos de suinocultura América Latina. “É uma grande honra receber um prêmio como esse, ainda mais no congresso mais importante do setor de Suinocultura. Para a gente é um grande privilégio estar entre os melhores. Mas muito mais que isso, esse prêmio mostra a importância do que estamos desenvolvendo na UFMG, do que o NEPSUI e todo o trabalho que a gente tem feito em parceria com a iniciativa privada tem nos proporcionado em termos de reconhecimento, de competência e de qualidade daquilo que a gente desenvolve na UFMG. É uma forma de mostrar o quão importante é a UFMG para o setor de Suinocultura nacional e internacional”, avalia Silva.

Sobre a pesquisa

Leitões em fase de creche avaliados durante o estudo
Foto: LIASUI/NEPSUI

Para realização do estudo, os animais foram distribuídos de acordo com peso, sexo e origem genética nos dois módulos experimentais em um delineamento de blocos casualizados. Cada módulo recebeu oito leitões (quatro machos castrados e quatro fêmeas). Cada leitão recebeu um chip com transponder para que fosse possível ter acesso ao sistema de alimentação automatizado e registro de peso corporal. Durante a fase de creche os leitões receberam um programa nutricional comercial padrão dividido em quatro fases por idade. Foi avaliado durante o período de testagem, a dinâmica do comportamento alimentar, consumo diário, número de visitas, tamanho das refeições, tempo dedicado em cada visita e a dinâmica de crescimento corporal. “A ideia é ter o entendimento de como estes animais comem, qual a variabilidade, em termos de desempenho por indivíduo, como esses animais se comportam em termos de interação social, desafios, brigas, como esses animais se adaptam a esse ambiente novo”.

Por meio da análise dos dados coletados notou-se que os leitões perderam peso nas primeiras 72 horas pós-desmame (em média -247 gramas/ dia), após este período apresentaram um crescimento médio de 323 gramas/ dia até o final da primeira semana e depois um crescimento médio de 469 gramas/ dia até a saída.
Os resultados indicam que os leitões apresentam uma dinâmica de comportamento alimentar muito similar ao da fêmea suína em fase de maternidade. Este padrão evidencia o efeito do imprinting comportamental da mãe na fase de maternidade permitindo o estabelecimento de uma memória de comportamento alimentar do leitão. “Com essas informações, a gente vai poder futuramente desenvolver estratégias de manejo e nutricionais visando atenuar os efeitos, as perdas em momentos específicos e então, potencializar o desempenho desses animais no setor de produção”, destaca o professor Bruno Silva.

Novos estudos serão conduzidos buscando gerar mais dados considerando os efeitos de sexo, idade de desmame, genética e posteriormente a interação com estratégias tecnológicas para mitigar os efeitos deletérios do estresse e buscar um melhor entendimento do fenômeno da síndrome da realimentação e seus efeitos sobre a dinâmica de crescimento dos leitões.

 (Ana Cláudia Mendes I Cedecom UFMG Montes Claros)