Visita teve como objetivo apresentar programas de pós-graduação voltados para Ciências Agrárias

Grupo de 12 professores mocambicanos com representantes da UFMG em Montes Claros e IFNMG
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

Professores de diferentes instituições de Moçambique, na África, participaram de um encontro no Campus Regional da UFMG em Montes Claros na manhã desta sexta-feira. Os doze docentes que atuam em instituições de ensino do país africano, estão em Montes Claros para conhecer as possibilidades de aperfeiçoamento profissional, como a pós-graduação. O grupo chegou até a UFMG por meio do Instituto Federal do Norte de Minas (IFNMG), responsável pela recepção a acompanhamento dos visitantes na cidade.

Durante o encontro, foi feita a apresentação dos participantes assim como os programas de pós-graduação do Campus Regional Montes Claros ligados à área de Ciências Agrárias. As professoras Sílvia Nietsche – responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal – e Luciana Geraseev – responsável pelo mestrado em Produção Animal – falaram sobre os processos de seleção, linhas de pesquisa e estrutura dos programas de pós-graduação. Foram apresentados também o mestrado em Ciências Florestais e o Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Ambiente e Território.

Tecnologia e Sustentabilidade

As professoras Hornelia Sebastião (de vermelho) e Dércia Bango (de verde) com demais participantes
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

Para os professores moçambicanos, a tecnologia e estrutura das instituições de ensino do Brasil têm muito a contribuir para o desenvolvimento do país africano. “Aqui, existem equipamentos e laboratórios de pesquisa muito mais avançados do que os nossos. Aqui, vamos aprimorar nosso conhecimento e vamos aprender outras técnicas de produção que podem vir a ajudar nosso país e os nossos estudantes. Vamos aprender e depois replicar”, afirma Hornelia Sebastião, professora no Instituto Médio Agrário de Caia.

Dércia Bango é professora do Instituto Agropecuário Familiar Rural de Manjacaze, para ela este também será um diferencial caso consiga fazer uma pós-graduação em terras brasileiras. “O Brasil está muito avançado termos de técnicas, de produção agropecuária. Aqui, iríamos nos capacitar mais em relação a estas técnicas, desses melhoramentos da produção, com uma agricultura sustentável. Agora, estamos muito voltados para a agricultura sustentável para garantir a produção para as gerações futuras. E as técnicas que usamos hoje, ainda destroem o ambiente”, afirma.

Ela destacou ainda que a semelhança entre o clima do Norte de Minas e Moçambique pode ser um ponto positivo. “Em relação ao clima, não tem muita diferença. Moçambique é vasto, está dividido em três regiões: Centro, Norte e Sul. E cada região tem temperaturas como as da região Norte de Minas Gerais. Então, as técnicas produção nessa região também podem muito bem se encontrar em nosso país. Assim, podemos aprender as técnicas e podemos transmitir aos nossos alunos”.

Encontrar caminhos sustentáveis para a agricultura é o principal motivo pelo qual o professor Almiro Cardoso, do Instituto Agrário de Lichinga, deseja estudar no Brasil. “Moçambique tem potencial de fertilidade de solos, mas quando usamos produtos químicos matamos a microfauna do solo, degradamos o solo, vamos perdendo a biodiversidade de várias espécies, então eu acho que é uma necessidade estudar aqui. Para mim, é um sonho muito grande aperfeiçoar, aprimorar, fazer troca de experiências, me formar no ramo agrícola para ensinar os outros produtores moçambicanos na área de Produção Vegetal”.

Intercâmbio de Instituições

Rosilene Santana, coordenadora de Relações Internacionais do IFNMG; Hélder dos Anjos Augusto, diretor do Campus Rgional Montes Claros e Alcinei Azevedo, vice-diretor do Campus Regional Montes Claros
Foto: Ana Cláudia Mendes I UFMG

O diretor do Campus Regional Montes Claros, professor Hélder dos Anjos Augusto, falou sobre possíveis formas ingresso em instituições de ensino brasileiras, como a cooperação técnica entre países. Ele ressaltou a importância deste momento. “Eu acho que este momento é muito importante para a Universidade, numa política de internacionalização. Isso a gente vê com bons olhos. Por outro lado, formar quadros técnicos superiores de países que estão em via de desenvolvimento é de extrema importância até como uma forma de potencialização das experiências tecnológicas que são desenvolvidas no Brasil, para que eles possam irradiar isso nos seus países de origem. Como se tratam de professores que atuam no ensino médio, isso é muito aglutinador até para a qualificação dos próprios professores em nível de mestrado e doutorado, de forma que eles possam de certa forma levar estas experiências e multiplicar isso com as comunidades e com os próprios estudantes de onde trabalham.

Para a coordenadora de Relações Internacionais do IFNMG, o encontro foi uma grande contribuição para os participantes e para as instituições. “Esse é um momento muito importante tanto para o nosso Norte de Minas, para o Brasil, quanto para Moçambique. Receber esses formadores moçambicanos aqui, ter essa troca de experiência e contribuir para a formação deles é significativa. Muito se pensa que é importante enviar alunos para intercâmbio do que receber. Mas recebê-los aqui é também divulgar as nossas pesquisas, os nossos trabalhos, os nossos projetos. E essa parceria IFNMG e UFMG só a acrescentar na formação desses professores que voltarão para Moçambique, com certeza, com ideias e propostas totalmente diferentes de quando chegaram aqui”.

(Ana Cláudia Mendes I Cedecom UFMG Montes Claros)