Durante a Copa do Mundo, a paixão pelo futebol uniu torcedores de todo o mundo. Mas você já parou para pensar: como uma pessoa que não escuta nem enxerga pode acompanhar uma partida?
Foi pensando nisso que o intérprete de Libras Hélio Chazak desenvolveu uma iniciativa inspiradora: levar as emoções dos jogos para surdocegos por meio da comunicação tátil.
Como funciona?
A técnica utilizada envolve dois guias-intérpretes. Um se posiciona atrás da pessoa, informando com toques nas costas qual time está com a bola e o número do jogador. O outro guia, à frente, transmite os movimentos e jogadas com sinais táteis adaptados.
Tudo é pensado de forma personalizada, respeitando o modo como cada pessoa se comunica. Assim, a experiência vai além da informação: transmite emoção, vibração e pertencimento.
Vídeo: Reprodução/Instagram @heliochazak
Mais que futebol, é sobre acessibilidade
Para Hélio, que atua há mais de 15 anos como intérprete, o projeto é uma forma de garantir que ninguém fique de fora. “É uma sensação de dever cumprido. De ver alguém com duas deficiências conseguir sentir tudo o que acontece no campo: sofrer, vibrar, se emocionar”, conta.
O projeto começou em 2014, durante a Copa do Mundo no Brasil, e foi crescendo. Em 2018, chegou ao Museu da Inclusão, em São Paulo, com campos táteis e a participação de 15 surdocegos e outras pessoas com deficiência visual.
A iniciativa de Hélio Chazak mostra, na prática, que a inclusão é possível quando há criatividade, empatia e compromisso com a acessibilidade. Levar a emoção do futebol para pessoas surdocegas é mais do que transmitir informações: é garantir o direito de participar, sentir e celebrar junto.
Histórias como essa nos lembram que todos têm o direito de vivenciar o mundo com plenitude — e que pequenas adaptações podem gerar grandes transformações.