Mabe Bethônico e o Colecionador   índice de Notícias e Textos
 Elisa Campos  Curadora de Educação do MAP-BH   voltar  avançar  
     
O Colecionador
  Abertura  
  Ensaios Visuais  
  Slide Show  
  Anotações  
  Coleção Hoje  
  Notícias e Textos  
  Envie sua coleção  
  Imprensa  
  Créditos  
  Contato  
  Ajuda  
   

        Seu gesto de coleta corresponde a um exercício do olhar e a um desejo de pensar através de cada imagem. Sem descartar os significados possíveis impregnados nesses fragmentos reunidos, está sobretudo interessado nas perguntas que deles emanam e nas novas conexões que estabelecem com o todo. Seus diagramas, a explicitar a genealogia dos temas, estão sempre em transformação, sendo registrados em suas novas configurações.
        Poderíamos relacionar esse ato de coleta ao ato da citação. Antoine Compagnon, em seu O Trabalho da Citação, dedica um capítulo ao que chamou de "Ablação" que significa "tirar a força": "Quando cito, extraio, mutilo, desenraízo."
    Quando recorta cada imagem, O Colecionador parece repetir esse mesmo procedimento. O deslocamento que promove nega o contexto em que a foto estava inserida assim como os dados temporais que a envolviam. Conseqüentemente constrói outras tantas possibilidades de leitura na aproximação provocada com os outros fragmentos criando novas associações e justaposições. Assim a imagem se comporta como citação, reforçando idéias caras ao colecionador relacionadas ao espaço urbano, suas imposições arquitetônicas e o contraponto proporcionado pela paisagem, visível através das flores.
        O jornal como suporte é matéria contaminada, depositária de informações escritas e visuais que, no processo de reciclagem, acabam por fazer parte de seu cerne, de seu próprio corpo. As imagens resgatadas pelo Colecionador são as sobreviventes, porém, dada sua fragilidade, no amarelar e desbotam de sua superfície impressa, estarão sempre condenadas ao inexorável destino de fenecer, assim como qualquer ser vivente, assim como as flores que nesta mostra o papel acolhe.

  © Mabe Bethônico 1996-2006