MABE BETHONICO

      "Mabe Bethônico e O Colecionador (I, II e III)" é a seqüência de exposições que inaugura o programa do Museu de Arte da Pampulha dedicado a obras do Acervo. Particular escolha, uma vez que a obra não pertence à coleção permanente, embora seja de aquisição prioritária. Coube então à complexidade de "O Colecionador" trazer ao Museu seus questionamentos sobre atos e operações de arquivamento, escolha, coleta, e sobre suas implicações no contexto de uma instituição de arte contemporânea. Como uma de suas noções centrais, "O Colecionador" questiona o tempo. Arquivo em processo desde 1997, trata-se de uma obra, a rigor, sem fim e sem início claros e com categorias de organização em constante transformação. A parte mais importante do trabalho consiste na pesquisa, reunião, categorização e edição de imagens e textos extraídos de periódicos, nacionais e estrangeiros, dos quais, em "Mabe Bethônico e O Colecionador (III)", a curadoria selecionou junto à artista temas ligados à destruição.
      Após seis anos, hoje são aproximadamente 2.800 recortes reunidos por Mabe Bethônico e o Colecionador. Paralelamente à incorporação de imagens mais recentes, a artista passou a vasculhar jornais anteriores a 1997, acrescentando caráter conceitual retroativo a seu início. Assim, em futuras referências, o arquivo terá início em datas mais remotas, duplicando seu movimento em relação à linha do tempo. Como, então, estabelecer sua datação, informação necessária à presença da obra em acervo? A opção por uma estratégia expositiva também em processo, que chega à sua terceira edição no Museu, tenta problematizar esta pergunta.