Patrimônio
de BH tomba prédio da Reitoria 17/12/2003 Quatro
décadas após sua inauguração, o prédio da Reitoria
da UFMG acaba de incorporado ao conjunto de obras do patrimônio Histórico
e Cultural de Belo Horizonte. O tombamento é um reconhecimento da importância
simbólica e cultural da obra e da qualidade da arquitetura moderna mineira
pós-Pampulha. O tombamento significa a inscrição
do edifício, projetado pelo arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior,
nos livros do Tombo Histórico, do Tombo Arqueológico, Etnográfico
e Paisagístico e no do Tombo de Belas-Artes. As inscrições
garantem a preservação da memória e do bem material específico,
além de assegurar a sua conservação dentro do que preconiza
a lei municipal 3802.
A inscrição foi decidida
pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de
Belo Horizonte, orgão da Gerência de Patrimônio Histórico
Urbano. Mérito Segundo Tereza
Bruzzi, arquiteta da gerência de Patrimônio Histórico Urbano,
o prédio da Reitoria foi tombado junto com vários edifíos
da Pampulha, como o Mineirão, o Mineirinho, a Igreja de São Francisco,
a antiga casa de Juscelino Kubitschek, o Iate Clube, a Casa de Baile e o Museu
de Arte Moderna. "A obra merece a inscrição
nos livros de tombo por tratar-se de arquitetura da época, de excepcional
valor histórico e referência cultural", afirma a arquiteta.
Entre as características que destacam o estilo arquitetônico da obra
estão a presença de pilotis, para sociabilidade e exposições;
o desenho chanfrado (como se fosse um barco); o pátio interno; as janelas
longas e o mural do saguão. Além do reconhecimento, o tombamento
garante ao prédio a isenção do IPTU, a assessoria e o acompanhamento
de projetos de manutenção e conservação, visitas técnicas,
e o direito de usufruir das leis de incentivo à cultura de nível
municipal, estadual e federal. Eduardo Fajardo, arquiteto
do Departamento de Planejamento Físico e Obras (DPFO) da UFMG, reconhece
a importância do tombamento e afirma que ele pode impedir alterações
no desenho original do prédio: "Se tivesse sido tombado antes, muitas
das características arquitetônicas originais, que foram perdidas
devido à intervenções, teriam sido preservadas. Além
disso o reconhecimento simbólico da obra e do arquiteto é a maior
vantagem". Histórico
Inaugurado em outubro de 1962, o prédio da reitoria da UFMG foi o primeiro
do Campus a ser construído e representa a arquitetura mineira pós-Pampulha.
A obra começou a ser realizada na década de 50 como resultado do
movimento de uma geração de arquitetos modernistas contra a proposta
anterior, neoclássica, do plano diretor para a cidade universitária,
o Plano Pederneiras. Segundo Eduardo Fajardo, a proposta de projeto
neoclássico para a Cidade Universitária ia de encontro com as obras
realizadas na época e com os conceitos e tendências vislumbrados
no período. "Construir um Campus com aquelas características
logo após a construção da Pampulha seria um retrocesso"
afirma Fajardo. O movimento de oposição, formado por grandes
arquitetos da época e liderado por Eduardo Mendes dos Guimarães
Júnior, se estendeu por quase uma década e teve apóio de
Juscelino Kubitschek. O resultado foi a derrubada do plano
Pederneiras e a definição de um novo projeto. Eduardo Guimarães
foi convidado a ser o chefe do primeiro escritório técnico de planejamento
físico do Campus e a Reitoria foi o primeiro prédio a ser projetado
por ele. O prédio foi inaugurado às vésperas do
governo militar, na gestão do reitor Orlando magalhães Carvalho,
com presença do presidente João Goulart e do ministro Darcy Ribeiro.
Três pavimentos já estavam concluídos e o saguão foi
inaugurado com uma exposição de quadros dos mais celebrados pintores
brasileiros, abrangendo a mostra três séculos e meio de pintura no
Brasil, com telas pertencentes ao Museu nacional de Belas Artes. Arquiteto
Eduardo Mendes Guimarães Júnior foi, segundo Fajardo, um dos maiores
arquitetos da época. Pouco conhecido do grande público, ele é
responsável pelas obras do mineirão, da refinaria Gabriel Passos,
pelo prédio da Faculdade de educação e da faculdade de Química
da UFMG, além de inúmeras casas em Belo Horizonte. "Foi
um arquiteto muito importante no momento de belo Horizonte, por ser um expoente
no jeito modernista de pensar e por sempre trabalhar para reforçar os valores
modernos", afirma Tereza Bruzzi.
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