Com mais de 120 atividades em todos os campi e unidades, programação, que tem como eixo a luta antirracista, foi construída com ampla participação da comunidade

Macaé Evaristo: recém-nomeada, ministra dos Direitos Humanos abre o Novembro Negro
Macaé Evaristo tem trajetória marcada pela educação e luta antirracista Foto: acervo pessoal

Mais de 120 atividades, das mais diversas naturezas, compõem a programação do Novembro Negro da UFMG, que chega a sua sétima edição. Este ano, a iniciativa conclama à luta antirracista e valoriza o compromisso das Universidade com a formação acadêmica e cidadã pautada na erradicação de todas as formas de intolerância, discriminação e violação de direitos humanos.

É justamente a relação entre direitos humanos e a luta antirracista o tema da conferência de abertura oficial do evento, a cargo da ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, na próxima segunda, 4, às 16h, no Auditório da Reitoria. Ela será acompanhada pela reitora Sandra Goulart Almeida. O Novembro Negro tem início efetivamente já nesta sexta-feira, dia 1º, quando serão abertas duas exposições. (Veja a programação.)

Macaé Evaristo nasceu em São Gonçalo do Pará, em 1965, e tem trajetória marcada pela educação e pela luta antirracista. Professora e assistente social, foi secretária de Educação de Minas Gerais e de Belo Horizonte e exerceu mandatos de vereadora e deputada estadual no estado. Mestre e doutoranda em educação pela UFMG, ela integrou o grupo de trabalho da educação da equipe de transição do governo Lula. No governo Dilma Rousseff, Macaé foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC) e coordenou programas como Escolas Indígenas e os de cotas para ingresso de estudantes de escola pública, negros e indígenas no ensino superior.

Racismo em diferentes manifestações
Como afirma o texto de apresentação do evento, “é necessário transformar e reconstruir a universidade com uma educação antirracista, alicerçada em valores democráticos e com igualdade de oportunidades”. Nesta edição, serão destacados, por meio de amplo diálogo, os avanços na UFMG e as dificuldades enfrentadas para o enfrentamento ao racismo em suas diferentes manifestações – estrutural, institucional, epistemológica, interpessoal, entre outras.

Estudantes de graduação e pós são responsáveis pela proposição de 45% das atividades, seguidos por professores (18%), servidores técnico-administrativos (14%), comunidades que se relacionam com a UFMG, com participação significativa de ex-alunos (14%), instâncias administrativas (5%) e colaboradores terceirizados (4%). Noventa e três por cento das propostas foram apresentadas por pessoas que se autodeclaram negras.

Elisângela:
Elisângela: maior sensibilidade Foto: acervo pessoal

“Esta edição do Novembro Negro tem forte protagonismo estudantil, assim como grande amplitude de distribuição dos eventos, que se espalham por todas as unidades de todos os campi, em Belo Horizonte e Montes Claros, e os espaços de cultura e ciência”, enfatiza a professoras Elisângela Chaves, diretora de Políticas de Ações Afirmativas da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae). Ela salienta também a diversidade de tipos de atividades – há exposições, seminários, fóruns, rodas de conversa, oficinas, apresentações artísticas, entre outras, e ainda o Festival de Teatro Negro, organizado pelo Teatro Universitário, pela Pró-reitoria de Cultura e pela Prae. Toda a programação é gratuita; algumas pedem inscrições apenas por causa da limitação de lugares em auditórios, por exemplo.

‘Sempre mais a ser vivido’
A programação vai abrigar a 1ª Mostra de Acadêmico-científica de Estudantes Negras e Negros, promovida em parceria com o Centro de Convivência Negra (CCN). Serão expostos em forma de pôsteres, no CAD 2, campus Pampulha, 34 trabalhos de alunos de graduação e pós-graduação. O objetivo e ampliar a visibilidade do conhecimento produzido por estudantes negros e negras.

A edição de 2024 do Novembro Negro é marcada pela perspectiva da manifestação de saberes e experiências muito diversas, segundo Elisângela Chaves. “Este Novembro também nos lembra que há sempre mais a ser vivido nos espaços da Universidade. O aumento da presença de pessoas negras na UFMG tem incidido fortemente no nosso fazer cotidiano, e cresce também a atuação de coletivos ligados a movimentos sociais”, ressalta a professora da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Para diretora de Políticas de Ações Afirmativas da Prae, o volume e a diversidade das propostas de intervenções para o Novembro Negro demonstram que é cada vez maior a sensibilidade da comunidade universitária para a pauta da valorização da cultura negra e do combate ao racismo. “Esse movimento é muito potente porque passa pela percepção, pela consciência e pela luta, que ganha força e é muito mais compartilhada. Muito mais pessoas dedicam seu tempo, sem retorno objetivo, em prol de uma luta coletiva por mudança social e pelo combate ao racismo”, afirma Elisângela.

Todas as informações sobre o Novembro Negro estão no site dedicado ao evento.

Programação do Novembro Negro começa nesta sexta, 1º
Programação do Novembro Negro começa nesta sexta, 1º Imagem: criação Cedecom