Júlio César Oliveira/MEC |
A educação é o principal fator de integração dos países do Mercosul. Esta foi a conclusão, unânime, a que chegaram os ministros e autoridades de educação do bloco durante a XXXI Reunião dos Ministros da Educação dos Países do Mercosul, realizada no Conservatório UFMG. Reuniram-se no Conservatório os ministros Fernando Haddad, do Brasil; Felix Patzi Paco, da Bolívia; Blanca Ovelar de Duarte, do Paraguai; Jorge Brovetto, do Uruguai; Yasna Proverte Campillay, do Chile, além dos vices-ministros da Educação da Colômbia, Javier Botero Alvarez, e da Venezuela, Armando Rojas. A Argentina foi representada pelo secretário de Ensino Superior, Alberto Dibbern. Uma das convergências do debate é a importância das escolas bilíngües de fronteiras para o processo de integração. A medida é apontada como o primeiro passo para derrubar a barreira lingüística. O ministro do Uruguai, Jorge Brovetto, lembrou que o avanço inicial foi descartar a idéia de que a combinação do português e o espanhol era problema. "O trabalho nas fronteiras vai respaldar a integração. Precisamos assumir o "portunhol" como riqueza cultural da região e incorporá-lo ao processo", frisou. A ministra Blanca Ovelar, do Paraguaí, país que assume no próximo semestre a presidência temporária do grupo, resumiu o sentimento que marcou o encontro. "Iniciativas novas e o aprofundamento de outras marcam esta agenda positiva. Mas o Paraguai reconhece que o maior avanço foi o plano de horizontalidade, reciprocidade, solidariedade e justiça instalado pelo grupo. E o enriquecimento mútuo e as experiências que marcam esse avanço significam um aporte nos sistemas educativos e a construção da consciência favorável à integração", concluiu. Liderança Embora a Universidade do Mercosul - principal instrumento dessa integração - vá ser instalada no Brasil, Haddad destacou que nada impede que outros países façam o mesmo. "A Argentina pode muito bem pensar numa instituição própria. A Venezuela já trouxe uma proposta de concepção de uma universidade bolivariana com características semelhantes a essa idealizada pelo Brasil. Cada país segue o seu caminho, mas com um objetivo comum", defendeu. (Com informações da Assessoria de Comunicação do Fórum Educacional do Mercosul)
Já o ministro boliviano Félix Paco defendeu a incorporação da cultura indígena. "Temos que avançar na concepção da descolonização dos países. Isso significa incorporar a visão de um mundo de todos, o que inclui a cultura indígena, historicamente comum aos países da América Latina", disse.
Em entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira no Conservatório UFMG, o ministro da Educação, Fernando Haddad, refutou a idéia de que o Brasil exerce a liderança do Mercosul educacional, apesar do país ter presidido o bloco nos últimos seis meses. "A rotatividade existe e a liderança nunca é de um país. Até porque a integração exige que todos se sintam partícipes desse processo", salientou o ministro.