Saudação
 

Caros Participantes:

Bem-vindos ao 5º Encontro do Instituto Hemisférico: Performances e ‘Raízes’: Práticas Indígenas Contemporâneas e Mobilizações Comunitárias, co-patrocinado e sediado pela UFMG. Esse tópico está associado ao trabalho que temos desenvolvido para contribuir para o desenvolvimento de um campo de pesquisa sobre performances nativas contemporâneas na América do Sul e do Norte. O trabalho conjunto promovido pelo Instituto Hemisférico entre pesquisadores das Américas resultou na produção de materiais únicos em termos de arquivo, artes e pesquisa, nos campos do teatro indígena, da performance, do ritual e das práticas corporais. Em lugar de focalizar preferencialmente a cultura escrita, optamos pela abordagem da cultura corporificada; em lugar do discursivo, o performático. Nosso encontro dá continuidade a esse trabalho ao reunir artistas, pesquisadores e ativistas para, em conjunto, pensarem sobre as tradições performáticas como fontes de saber.

Nas Américas, o processo colonizador baseou-se em parte no esforço em desacreditar os meios autóctones de preservar e de comunicar o conhecimento histórico. Desde o século XVI, conquistadores e colonizadores buscaram eliminar e suplantar as tradições performáticas nativas que serviam para reforçar os sistemas sociais e religiosos. Igualmente importantes, essas práticas performáticas funcionavam como “atos de transferência”, transmitindo o saber, as memórias e os valores nativos de geração em geração.

As performances nativas evidentemente não “desapareceram”. Elas continuaram transmitindo um conhecimento vital e um senso de identidade. Essas práticas corporificadas, freqüentemente ignoradas em relatos e escritos históricos, só podem ser compreendidas quando examinamos a cultura representada performaticamente, assim como a cultura escrita. Festividades, danças, procissões, celebrações dos mortos, cerimônias, baseadas em antigas tradições, bem como performances de vanguarda, continuam a transmitir a memória cultural e a identidade, mesmo quando se adaptam a novas realidades.

Essas performances – sejam elas ‘tradicionais’, transformadas ou reinventadas – ajudam-nos a compreender contigüidades importantes no presente. Continua-se a relegar essas práticas ao passado, encerrando-as em espaços demarcados; entretanto, as evidências apontam para práticas performáticas contemporâneas, dinâmicas e criativas, por todas as Américas. Artistas nativos vêm trabalhando juntos, a despeito de divisões nacionais, tribais, lingüísticas e culturais. Seu trabalho, com certeza, demonstra especificidades locais e pontos de conflito; mas, por outro lado, busca criar uma rede mais ampla de afiliação. Esperamos que esse encontro – com seus três tópicos principais (patrimônio imaterial, agentes culturais, artes e mercado) possa contribuir para ampliar e aprofundar nossas redes de afiliação. Agradecemos a todos que tornaram esse evento possível. Sejam todos bem-vindos!

Leda Martins e Diana Taylor