
Foto: Luísa Meinberg
A exposição de longa duração Tiradentes Passado Presente, desenvolvida no Museu Casa Padre Toledo que integra o Campus Cultural UFMG em Tiradentes, vinculado à Pró-reitoria de Cultura da UFMG, conquistou destaque nacional ao receber premiação no 8º Fórum Permanente de Museus Universitários (8FPMU), realizado entre os dias 25 e 29 de agosto de 2025 na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza. A exposição foi reconhecida como o melhor trabalho na categoria “Comunicação Oral em Relato de Experiência” do prêmio Edna Taveira, que destaca a excelência e a inovação nas áreas de museus e coleções universitárias.
Com o tema Coleções, Museus Universitários e Sociedade: Elos entre Ciência, Cultura e Comunidade, o encontro reuniu profissionais, professores, estudantes e pesquisadores de todo o país para refletir sobre o papel dos museus universitários como espaços de memória, ciência e cidadania. A programação incluiu conferências, apresentações orais, sessões de pôsteres, painéis, visitas técnicas e debates que fortaleceram a troca de experiências e a cooperação entre instituições.
No contexto das apresentações de trabalhos, a proposta do Museu Casa Padre Toledo se destacou ao compartilhar o processo de concepção e montagem da nova exposição, inaugurada em julho deste ano. O projeto foi reconhecido por sua abordagem crítica e documental da história de Tiradentes, articulando três grandes dimensões: a memória da Conjuração Mineira e a figura de Padre Toledo; as histórias locais, do passado ao presente, incluindo saberes e práticas das comunidades afrodescendentes; e a consolidação da ideia de patrimônio cultural no Brasil, marcada pela atuação de Rodrigo Mello Franco de Andrade e pelo tombamento da cidade em 1938.
A curadoria, formada por Fabrício Fernandino, Patricia Franca-Huchet, Fernando Mencarelli, Diná Marques Pereira e Lorena Mello, estruturou um percurso expográfico em eixos entrelaçados por histórias vivas, valorizando tanto a arquitetura colonial da casa do século XVIII quanto os modos de vida, religiosidades, resistências e memórias do povo tiradentino.
O reconhecimento no Fórum reforça o caráter inovador da proposta, que alia pesquisa acadêmica, diálogo comunitário e práticas museológicas decoloniais. Mais do que um espaço de contemplação, o museu se afirma como lugar de cultura e lugar de memória, onde a cidade e sua população podem se reconhecer e participar ativamente da construção das narrativas expostas.

Foto: Luísa Meinberg
O trabalho apresentado destacou ainda os desafios e conquistas do processo: a renovação expográfica, iniciada em 2024, foi marcada por ampla participação de pesquisadores e da comunidade local, incorporando o conceito de “museu em movimento”. Essa dinâmica permitiu que, mesmo durante as obras, a população tivesse acesso gratuito ao espaço, acompanhando e se apropriando do processo de transformação do museu.
O prêmio recebido no 8FPMU é, portanto, um reconhecimento nacional não apenas ao projeto expográfico, mas também ao compromisso do Campus Cultural UFMG em Tiradentes e da Pró-Reitoria de Cultura da UFMG em promover práticas museológicas inclusivas, críticas e socialmente engajadas.
Jardel Santos