Foto: Bergsthem Santana Silva
Começa no dia 5 de maio, segunda-feira, na Praça de Serviços do Campus Pampulha, a 24ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG. O evento, que vai até sábado, dia 10, completa 25 anos de existência e homenageará mestres de ofício e ex-coordenadoras do evento. Nesta edição comemorativa, a feira vai reunir cerca de 100 artesãos, de 27 municípios e 55 associações do Vale do Jequitinhonha, que irão trazer uma amostra representativa da vasta produção de artesanato em tear, bordado, tecelagem, cerâmica, madeira e palha, além de produtos da agricultura familiar da região do Jequitinhonha, no Nordeste de Minas Gerais. A expectativa é de que cerca de 20 mil pessoas visitem a feira ao longo dos 6 dias de evento. A Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG é uma realização da Pró-reitoria de Cultura da UFMG (Procult), por meio do programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha. A entrada é gratuita e aberta a toda a população.
De volta ao mês de maio, na semana que antecede o Dia das Mães, a 24º edição da Feira contará com programação cultural diária e homenageia os mestres de ofício Geraldo da Viola, de Capelinha, e Gilson Alves Menezes, de Itaobim, as ex-coordenadoras Márcia Fonseca Rocha (2001 a 2008), Terezinha Furiati (2009 a 2016) e Cida Moura (2017 e 2018), além da coordenadora do programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, Maria das Dores Nogueira.
A Feira do Jequitinhonha, como é conhecida, completa 25 anos como o mais importante espaço de comercialização, em âmbito nacional, para os artesãos do Vale e um importante e longevo projeto de extensão cultural da Universidade Federal de Minas Gerais. Sérgio Diniz, produtor cultural e coordenador da feira desde 2019, afirma que “a comemoração do aniversário é uma oportunidade de contar a história desse projeto tão importante para os artesãos do Vale e a comunidade da UFMG, e reunir pessoas que estiveram à frente do evento ao longo dos anos. A própria programação cultural foi pensada de forma a reunir espetáculos que falassem de histórias de vida, de trajetórias”.
O músico João de Ana se apresenta na segunda-feira, 5 de abril. – Foto: Divulgação
Programação Cultural
A 24ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG apresenta ainda uma programação cultural durante toda a semana. Diariamente, às 12h30, espetáculos de música, dança e teatro ocupam a tenda da Praça de Serviços. Na segunda-feira, 5, o cantor e compositor João de Ana, de Pedra Azul, apresenta o show de seu álbum de estreia Dignidade; terça-feira, 6, a Insensata Cia de Teatro apresenta o espetáculo Chuá, em que quatro lavadeiras conduzem o público pelo leito de um rio de memórias; na quarta-feira, 7, a programação cultural começa com o grupo de dança folclórica Sarandeiros e conta ainda com homenagens a mestres e ex coordenadoras, às 16h30, lançamento do livro Trilhos Arrancados, de Marcello Giffoni e exibição do filme Estrada Natural, de Emerson Penha, às 17h30; na quinta, dia 8, a atriz, palhaça e cordelista, Bianca Freire, apresenta o espetáculo 3 Contos de Amor, em que costura memórias familiares, costumes, expressões regionais e brincadeiras, por meio de cordéis de sua autoria; e no dia 9, sexta-feira, a cantora Neltinha Oliveira, residente em Turmalina, fecha a programação cultural da 24º Feira, apresentando músicas caipiras, sertanejas e cantigas de roda.
25 anos de valorização da arte do Jequitinhonha
A Feira de Artesanato faz parte do Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, criado em 1996, consolidando a presença da universidade na região que é reconhecida por ter características sociais, econômicas e culturais peculiares, marcada por profundas desigualdades. “Atuar na região do Vale do Jequitinhonha exigiu de todas as equipes do Programa uma postura de extremo respeito e valorização da diversidade étnica e cultural do Vale, dos conhecimentos, saberes e fazeres que as comunidades e suas populações detêm, produzem e disseminam, conta Marizinha Nogueira, coordenadora do programa. “Apesar dessa riqueza de um artesanato singular, conhecido em várias regiões do mundo, seus artesãos padecem pelas dificuldades de comercialização e, até mesmo, acesso à matéria-prima”, explica.
A ideia de promover um evento que pudesse colocar os artesãos do Vale do Jequitinhonha em evidência na capital mineira surgiu em setembro de 2000, durante uma edição da Semana do Conhecimento UFMG. No ano seguinte, ficou decidido que era melhor realizá-lo na semana que antecede o Dia das Mães, data comercialmente mais favorável.
Márcia Fonseca Rocha, coordenadora da feira entre 2001 e 2008, relembra que “coordenar a Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha durante suas primeiras edições foi uma experiência riquíssima. O artesanato é o resultado de um trabalho de pessoas sensíveis e criativas. Muito mais do que expor e vender os mais variados tipos de artesanato, gerando renda para as famílias do Vale, a Feira se tornou um espaço de troca entre o conhecimento acadêmico e a sabedoria popular”.
Em 2003, foi realizado um diagnóstico do artesanato do Vale com os artesãos presentes. Também foram criadas publicações para orientá-los a se organizarem em cooperativas e associações, uma demanda deles próprios. “Lançamos o Guia Para as Associações, que era um roteiro de como criar uma associação, como manter. Então isso tudo foi agregando e fortalecendo a relação da universidade com os artesãos do Vale”, conta Terezinha Furiatti, coordenadora da feira de 2009 a 2016.
Desde então, na tentativa de promover o diálogo entre os saberes acadêmicos e populares, artesãos têm ministrado diversas oficinas como as de cerâmica, trançado em taboa, bordado, tecelagem, na Escola de Belas Artes e no Centro Pedagógico da UFMG.
“Compreendo a Feira como uma verdadeira tecnologia social. Um espaço onde se articulam dimensões simbólicas e práticas: valores comunitários, metodologias tradicionais, processos de resolução de problemas e formas plurais de pertencimento e expressão. É um território de circulação de saberes orientados ao bem comum, que reafirma, ano após ano, a vitalidade e a importância da arte popular como instrumento de transformação” afirma Cida Moura, que coordenou a feira em 2017 e 2018.
Nos anos de 2020 e 2021, em razão da pandemia de coronavírus, foi realizada uma mostra virtual pelo Polo Jequitinhonha em seu site, também divulgada em redes sociais.
Em 2022, a feira ocorreu em setembro, em formato presencial. Em 2023, voltou ao seu período tradicional, na semana que antecede o Dias das Mães, em maio. Já em 2024 a feira foi mais uma vez realizada de forma atípica em setembro, em razão da greve dos servidores técnico-administrativos ocorrida naquele ano.
24ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG
5 a 10 de maio
Praça de Serviços do campus Pampulha (Avenida Antônio Carlos, 6.627, Pampulha)
Segunda a sexta-feira, das 9h às 18h; e sábado, das 9h às 14h
Programação cultural
Todos os eventos, gratuitos, serão realizados na Praça de Serviços, no campus Pampulha.
Dignidade – show de João de Ana, acompanhado de Marcelo Fonseca (violino e vocais)
5 de maio, segunda-feira, 12h30
Chuá! – espetáculo da Insensata Cia de Teatro
6 de maio, terça-feira, 12h30
Sarandeiros 12h30
Homenagens aos mestres e às ex-coordenadoras da Feira 16h30
Lançamento do livro Trilhos Arrancados, de Marcello Giffoni e exibição do filme Estrada Natural, de Emerson Penha 17h30
7 de maio, quarta-feira
3 Contos de Amor – espetáculo teatral de Bianca Freire
8 de maio, quinta-feira. 12h30
Neltinha Oliveira – show musical
9 de maio, sexta-feira, 12h30