Artistas

Dona Geralda

Mestra Geralda Leite Sena nasceu em 1927, na comunidade de Pacheco, município de Francisco Badaró. Filha de fiandeira, iniciou-se no ofício entre 7 e 8 anos de idade.

Casou-se aos 17 anos, ficando viúva pouco tempo depois, com um filho de 15 dias de nascido. Após sete anos, casou-se novamente e teve mais seis filhos, que lhe deram 25 netos e 31 bisnetos.

Seguindo os antepassados, dedicou toda a vida ao algodão, sem nunca ter desistido de fiar e tecer.

Do algodão sabe tudo, desde a semente no chão, até a transformação da flor em fios, pavios e cordões – e depois em panos, colchas e roupas.

Seu saber foi repassado para seus filhos, amigos e vizinhos. “Dos filhos, apenas uma seguiu sua profissão”.

Quase aos 84 anos, ela ainda fia. Pouco, pois a saúde a impede de trabalhar como antes. Mas a comunidade é unânime em dizer que “fios iguais aos de Dona Geralda não tem não, são fios muito finos”. Só mesmo as mãos firmes, a paciência e a

técnica aperfeiçoada durante toda a vida são capazes de realizar essa transformação.

 

 Dona Geralda

O algodão, a terra – Esperança.

As mãos.

A semente, o crescimento – A flor do algodão.

Branca, parda e hoje também verde – Flor do Jequitinhonha.

As mãos

Colhem, acolhem, dividem. Transformam

Semente e fibra.

Fios, pavios, cordões nas mãos da artesã.

Incansáveis a realizar mais uma transformação.

As mãos.

Trançam, retrançam, urdem – Vai e volta.

Silêncios, cantorias, contas e conto.

As mãos.

Desejos, sonhos, transformação.

Colchas, panos, cortinas, tapetes…

O sustento, a esperança.

 

(Terezinha Furiati)

 

Ofícios :
Dona Geralda