5ª Escola de Verão homenageia idoso em situação de rua assassinado em Belo Horizonte

Terceiro dia da curso de extensão debate direitos da população em situação de rua e promove oficina de bordado

 

Participantes solidarizaram com Cristóvão e repudiaram violência contra a população em situação de rua | Foto: Eduardo Maia/Proex UFMG

Participantes solidarizaram com Cristóvão e repudiaram hostilidades contra população em situação de rua | Foto: Eduardo Maia/Proex UFMG

A população em situação de rua enfrenta violências históricas no Brasil. A falta de moradia, o acesso precário a serviços essenciais e a violência policial são apenas alguns dos desafios que essa comunidade enfrenta diariamente. Além disso, a escassez e a inconsistência de dados oficiais sobre essas pessoas dificultam a formulação de políticas públicas eficazes para a proteção de seus direitos.

Na quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025, essa realidade foi tema da 5ª Escola de Verão – Educação em Direitos Humanos, curso de extensão realizado no campus Pampulha da UFMG. O evento, que segue até sexta-feira (28), é promovido pela Associação das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM) e pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da UFMG.

O debate foi conduzido pelo professor André Luiz Dias Freitas, que é coordenador do programa de extensão Polos de Cidadania, da Faculdade de Direito da UFMG. O docente enfatizou que a marginalização da população em situação de rua está diretamente ligada à ausência de dados concretos sobre essa comunidade.

“Há, no Brasil, uma insuficiência estruturada de informações sobre diversos segmentos vulneráveis, o que acaba servindo à necropolítica aplicada à população em situação de rua”, afirmou. O palestrante destacou que esse fenômeno se estende a outras minorias sociais, como mulheres, quilombolas e a população negra.

Observatório e dados atualizados

O professor André também apresentou o Observatório Brasileiro de Políticas com a População em Situação de Rua, projeto vinculado ao programa Polos de Cidadania e lançado em 2021, durante a pandemia de covid-19. O objetivo do observatório é produzir e disseminar informações de forma coletiva e sistemática, ampliando a visibilidade dessa população e subsidiando políticas públicas.

Os dados mais recentes apontam que o Brasil tem hoje cerca de 330 mil pessoas em situação de rua, sendo 63% delas concentradas na região Sudeste. Essa população é predominantemente negra, refletindo um dos aspectos estruturais do racismo no país. “As pessoas em situação de rua são um fenômeno ‘sentinela’, pois nos alertam para outros problemas graves, como a desigualdade social e o racismo estrutural”, afirmou o professor.

Homenagem a Cristóvão

O terceiro dia da Escola de Verão também foi marcado por uma homenagem a Cristóvão, um idoso em situação de rua morto por um policial civil em Belo Horizonte, no domingo (23/2), na saída de um restaurante no bairro Itapoã. Os participantes do evento repudiaram o ato de violência e ressaltaram o histórico de hostilidade contra a população em situação de rua na capital mineira, uma das cidades brasileiras com maior número de pessoas nessa condição.

Bordado, expressão e reflexão

A programação do dia incluiu a Oficina BordAção, realizada em parceria com o coletivo Pontos de Luta. A atividade permitiu que os participantes expressassem emoções e direitos através do bordado, criando bonecos que simbolizam diferentes experiências e perspectivas. A oficina reforçou a importância da arte como ferramenta de conscientização e resistência.

Programação incluiu a oficina BordAção, promovida pelo coletivo Pontos de Luta | Foto: Eduardo Maia/Proex UFMG

Programação incluiu a oficina BordAção, promovida pelo coletivo Pontos de Luta | Foto: Eduardo Maia/Proex UFMG

Confira a programação completa da 5ª Escola de Verão – Educação em Direitos Humanos

Mais informações do curso estão disponíveis no site e Instagram da Proex.

Dúvidas podem ser esclarecidas pelo e-mail udh@proex.ufmg.br ou pelo telefone (31) 3409-4065.