UFMG regulamenta reconhecimento institucional das empresas juniores

Resoluções do Cepe estabeleceram diretrizes para o processo de reconhecimento e criaram comitê para orientar a política institucional

 

Equipe da UFMG Consultoria Jr (UCJ): são 29 as empresas juniores na Universidade
| Pedro Antuña UFMG

As empresas juniores (EJ), geridas por estudantes de graduação, devem ter um plano acadêmico, ser registradas como associações civis, e suas ações devem visar ao desenvolvimento acadêmico e à capacitação para o mercado de trabalho. Essas são algumas das premissas definidas para o reconhecimento das EJ pela UFMG, segundo a Resolução 04/2020 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), publicada em agosto passado. Por meio de outro documento (a Resolução 05/2020), foi instituído o Comitê de Empresas Juniores (Coej) da UFMG, que vai orientar a política institucional para o tema.

Desde 2016, quando a Lei 13.267 disciplinou a criação e a organização das empresas juniores, a UFMG vem promovendo debate sobre o assunto. Uma primeira comissão fez um levantamento da situação das EJ na Universidade, e um segundo grupo iniciou, há dois anos, os estudos e o diálogo que culminaram nos documentos recém-publicados.

Existem hoje 28 empresas juniores na UFMG – vinculadas a 14 unidades acadêmicas –, que têm prazo de 360 dias para se adequar às novas normas. As novas EJ já deverão, naturalmente, se estabelecer de acordo com essas normas. A solicitação de reconhecimento deve ser feita pelas congregações das unidades, e as empresas precisam atuar sob orientação de um docente. A regulamentação enfatiza a importância da cultura do empreendedorismo e da inovação e o papel das EJ na intensificação do relacionamento da UFMG com a sociedade.

O vice-reitor Alessandro Moreira salienta que a UFMG fez mais que definir critérios mais adequados ao relacionamento institucional. “A iniciativa da Universidade vai fortalecer e consolidar as empresas existentes e dar base mais sólida às que vão surgir. Além disso, valoriza o aspecto pedagógico”, ele diz. “Trata-se de atividades capazes de agregar habilidades que nem sempre vêm da sala de aula.”

Alessandro Moreira lembra ainda que a regulamentação encontra bastante forte o movimento das empresas juniores na UFMG, iniciado há quase 30 anos – a primeira EJ, a Consultoria Jr., da Faculdade de Ciências Econômicas, foi criada em 1992. “Damos um passo muito importante, sem criar burocracia excessiva”, ele afirma.

Serviços e princípios

A legislação federal que rege o universo das empresas juniores preconiza o vínculo com a área de extensão das instituições de ensino superior. Segundo a pró-reitora de Extensão da UFMG, Claudia Mayorga, a prestação de serviços à sociedade está na natureza da finalidade das EJ. “Elas estão muito próximas aos princípios que regem a extensão universitária, que são a contribuição para formação dos estudantes, a transdisciplinaridade, a relação dialógica com a sociedade e o objetivo da transformação social”, diz Claudia.

A pró-reitora chama a atenção para o questão do protagonismo dos estudantes, que são os responsáveis pelo desenvolvimento e pela execução das ações das empresas, contando com a colaboração de professores. “As recentes resoluções também formalizam e fortalecem a relação das EJ com as unidades acadêmicas, às quais cabe proporcionar espaço físico e infraestrutura para o funcionamento apropriado das empresas”, continua Claudia Mayorga, lembrando que a regulamentação reforça a vocação da UFMG para o empreendorismo que atua no desenvolvimento social.

Para Gabriel Carvalho, aluno do curso de Administração da UFMG, o reconhecimento formal das empresas juniores é um “passo enorme” para o movimento das EJ nas Universidade e ainda poderá servir de referência para outras instituições. “As empresas ganham mais voz, facilita-se a unidade entre elas e a aprovação de novas iniciativas”, diz o estudante, vinculado à UFMG Consultoria Jr. e presidente executivo do Núcleo Central, que congrega as empresas juniores de Belo Horizonte e região metropolitana.

Ele conta que a representação das empresas participou do processo de elaboração das decisões recentes. “A administração da UFMG fez questão de nos consultar para ponderações e de comemorar conosco a aprovação das resoluções em todas as instâncias.”

Comitê

O Comitê de Empresas Juniores (Coej), vinculado à Pró-reitoria de Extensão (Proex), vai acompanhar todo o processo relacionado ao reconhecimento das EJ, analisar relatórios anuais e propor medidas para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da política institucional da UFMG, em diálogo com a Proex, a Pró-reitoria de Graduação e a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT).

O Coej será composto de quatro professores – dois deles indicados pela Câmara de Extensão, um pela Câmara de Graduação e outro pela CTIT – e um estudante. Eles se reunirão duas vezes por ano, em caráter ordinário. Os membros terão mandatos de dois anos, e está prevista a possibilidade de recondução. O coordenador do colegiado será eleito pelos membros docentes.

(Itamar Rigueira Jr.)