PROGRAMAS E AÇÕES DA EXTENSÃO

Nos últimos quatro anos, o número de beneficiados por atividades extensionistas comandadas pela Instituição mais que duplicou, passando de 2,5 milhões de pessoas, em 2001, para quase 6 milhões em 2005. A visão de projetos isolados ficou no passado, substituída por uma forte política de interdisciplinaridade e interinstitucionalidade.

Reunidos em 50 grandes linhas e programas, os projetos existentes na UFMG, em 2002, foram integrados, o que possibilitou aumento da captação de recursos, ampliação de oportunidades de participação de alunos nas atividades e maior grau de integração e diálogo entre as Unidades Acadêmicas envolvidas.

A nova dinâmica constatou que, na UFMG, as áreas de Saúde, Educação e Cultura apresentam maior patamar de integração entre a extensão, o ensino e a pesquisa. Na Saúde, por exemplo, havia, em 2001, 326 atividades ligadas à Extensão. Com a nova sistematização, essas foram reorganizadas, compondo 13 grandes projetos. A nova política pôs fim a uma fase espontaneísta nas atividades de Extensão na UFMG, inaugurando uma etapa de atuação mais indutora, com diretrizes melhor definidas. 

Em 2005, a Pró-Reitoria de Extensão implantou um sistema de avaliação informatizado para monitorar o programa de bolsas na área, que beneficia cerca de 300 estudantes. Dessa maneira, a Extensão tem se tornado um ator fundamental na política institucional de flexibilização curricular. Para os estudantes que desenvolvem atividades de forma voluntária, atualmente em torno de 1.200, foi estabelecido o Processo de Identificação e Certificação. O objetivo é acompanhar o aluno, independentemente do vínculo à bolsa, pois a formação acadêmica não pode ser dissociada de uma formação cidadã. A publicação, em 2005, do Manual sobre a Extensão Universitária para o aluno da UFMG, facilitou esse contato dos estudantes com a área.

A quantidade e a qualidade das atividades de extensão realizadas na UFMG a credenciaram para sediar o 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. O evento reuniu, durante uma semana de setembro de 2004, 1.500 professores e pesquisadores de 130 Universidades de todo o País, com apresentação de 649 trabalhos. A UFMG também marcou presença no Congresso Ibero-Americano de Extensão, realizado em 2005, no Rio de Janeiro, onde apresentou 85 trabalhos nas áreas de Educação, Saúde, Comunicação, Direitos Humanos, Tecnologia e Produção, Cultura, Meio Ambiente, Flexibilização Curricular e sobre a sua própria política de extensão.

Preocupada em conhecer sistematicamente a sua própria prática, a UFMG criou, em 2001, o Sistema de Informação da Extensão (SIEx). A eficiência e a aplicabilidade do sistema foram reconhecidas nacionalmente. Em 2003, a UFMG disponibilizou o SIEx para 22 universidades públicas, constituindo, assim, o SiexBrasil. Nos cursos de extensão oferecidos pela UFMG passam, por ano, mais de 25 mil pessoas. Em 2004, por exemplo, a Universidade contabilizou 450 projetos de prestação de serviços, que agregaram cerca de R$ 100 milhões ao orçamento da Instituição. Com uma nova sistematização, foi definido claramente o caráter acadêmico dos projetos e aperfeiçoadas as estratégias para a captação de recursos.

 Hospital das Clínicas

Com estrutura própria, o HC realizou em 2005 mais de 300 mil atendimentos. Maior transplantador de órgãos do Estado, maior formador de profissionais da área de saúde de Minas Gerais, o HC se tornou um modelo de gestão para hospitais universitários do País.

Inaugurou-se, também em 2005, a Enfermaria de Isolamento para Adulto, o atendimento de Urgência Oftalmológica 24 horas, o Bloco Cirúrgico do Hospital São Geraldo e o ambulatório Borges da Costa.

O HC também apresentou projetos para financiamento junto ao Fundo Nacional de Saúde (FNS): em 2004, teve aprovada e liberada a verba de R$ 1,2 milhão para a compra de aparelho de Gama-Câmara - utilizado no Serviço de Medicina Nuclear para, principalmente, diagnóstico de câncer -, e, em 2005, para a Ressonância Magnética, no valor de R$ 4 milhões, recurso obtido junto ao Ministério da Saúde. Com a aquisição do equipamento de Ressonância Magnética, o HC se transformará na única unidade pública de saúde a oferecer esse tipo de atendimento em Minas Gerais. A FNS liberou, ainda, recursos da ordem de R$ 2 milhões para a implantação da unidade Coronariana e R$ 1,8 milhão para o Laboratório Central.

Nos ambulatórios do HC, em 2001, foram atendidos cerca de 223 mil pacientes. Em 2004, esse número saltou para mais de 306 mil. No Laboratório Central, foram realizados, em 2001, 658 mil exames e, em 2004, 946 mil. Só no primeiro semestre de 2005, o número desses exames chegou a 615 mil. No Laboratório de Imagiologia, o crescimento dos atendimentos também foi a tônica: 483 mil exames em 2001, 670 mil em 2004. Os diagnósticos em Otorrinolaringologia passaram de 2,13 mil em 2001 para 12,31, em 2004. O número de internações igualmente subiu nesse mesmo período, passando da casa de 15,5 mil para 17,7 mil. As consultas especializadas atualmente giram em torno de 1.100 por dia.

Importante centro de pesquisa do País, o HC, em uma parceria público-privada inédita, iniciou, em setembro de 2005, testes de vacina contra o câncer de próstata, de rins e o melanoma (câncer de pele). Realizada no laboratório do Instituto Alfa de Gastroenterologia, a pesquisa envolve uma equipe multidisciplinar e se diferencia de outras realizadas no mundo por ser personalizada, pois a vacina é elaborada a partir do tumor do paciente e de células do seu sistema imunológico.

Em 2004, o HC assinou convênio com os ministérios da Saúde e Educação e com a Associação Brasileira de Hospitais Universitários, para estabelecer, entre outras coisas, uma política de financiamento dos hospitais universitários. O convênio resultará na entrada de recursos expressivos para a Instituição. Todas as políticas e ações adotadas no HC buscam mostrar que um hospital universitário é capaz de formar pessoas, prestar assistência e produzir conhecimento no campo da ciência e da saúde, ao mesmo tempo em que se mostra capaz de manter em ordem sua vida financeira.  

 Vale do Jequitinhonha

Um dos mais importantes projetos de extensão da UFMG acontece na região batizada pelo nome do rio que a banha: Vale do Jequitinhonha.

O Pólo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha aglutina 38 projetos de pesquisa, ensino e extensão direcionados para as comunidades de 52 municípios nas microrregiões do Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha.

 “cidade do não”

Ainda no Vale do Jequitinhonha, na cidade de São João das Missões, a 900 km de Belo Horizonte, a extensão universitária inaugurou em janeiro de 2006 o Internato Rural e irá atender uma população de 11 mil habitantes. A reserva indígena dos Xakriabá, com 27 aldeias, faz parte do município e corresponde a 80% da população. O município é chamado de “cidade do não” em razão da precariedade na oferta de serviços públicos e benefícios sociais e apresenta um dos 50 piores índices de desenvolvimento infantil (IDI) no Brasil, ocupando uma das mais baixas colocações em levantamentos que medem a qualidade de saúde, educação e renda da população. 

Além do Internato, a UFMG implantou em São João das Missões outros projetos na área de economia, meio ambiente, agronomia e educação (formação de professores indígenas). O Ministério da Saúde e a Organização Panamericana de Saúde (Opas) destinaram recursos da ordem de R$ 400 mil para esses projetos.

Cultura e ciência em rede

A busca de projetos comuns sem a perda das identidades individuais motivou a formação, sob a coordenação da Pró-Reitoria de Extensão, da Rede de Museus, Centros e Espaços de Ciência UFMG.

Em 2005, foi criada uma trilha para deficientes visuais, em parceria com a Escola Estadual São Rafael (Instituto São Rafael), buscando garantir a esse público uma maior interação com o meio ambiente. Em grupos de dez, os deficientes visuais andam pela trilha e recebem informações sobre as plantas, a partir do tato e do olfato.

Depositário de um precioso acervo histórico e pré-histórico, em 2005, o Museu procedeu à catalogação das Coleções Etnográficas (Pipiripau, Tupi Guarani, Maxacali, Plumária e de Arte Rupestre) e das Coleções Científicas (líticos, cerâmicas e orgânicos). Recursos do Fundo Fundep estão sendo investidos na recuperação da infra-estrutura das casas que abrigam exposições e de parte do prédio central.

Circuito Cultural na Praça da Liberdade

A  UFMG desenvolverá, em parceria com a operadora de telefones celulares TIM e o Governo de Minas Gerais, por meio de convênio assinado em 2005, o projeto Praça da Ciência, que integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade. A Praça da Ciência vai ocupar os 1.500 metros quadrados distribuídos nos quatro andares do antigo prédio da Reitoria da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). No novo espaço serão montadas exposições e mostras interativas e virtuais. O projeto contará ainda com um planetário fixo, primeiro equipamento desse tipo, em Belo Horizonte, e será um importante incentivo à educação e à divulgação científica na Capital mineira. Esse planetário (modelo ZKP-4) é o mais moderno do mundo em seu porte e foi concebido para um auditório com cúpula interna de projeções em gesso com 8,5 m de diâmetro.  

Combustível literário

Democratizar a informação e a leitura junto às populações carentes da capital mineira é o principal combustível de um dos mais antigos projetos de extensão da UFMG. O Carro Biblioteca está de cara nova, ou melhor, de ônibus novo. O projeto, que busca desenvolver o hábito de leitura nas comunidades e incentivar a implantação de bibliotecas comunitárias, recebeu, em dezembro de 2005, um veículo totalmente adaptado para as ações culturais e educativas desenvolvidas há mais de vinte anos pela Escola de Ciência da Informação.

Os recursos para a aquisição do novo ônibus, R$ 285 mil, e para os equipamentos, R$ 100 mil, foram obtidos a partir de emendas apresentadas pela bancada mineira na Câmara Federal. Atualmente, o Carro Biblioteca vai às comunidades de Lindéia, Santa Luzia (bairro Frimisa), São Benedito e Conjunto Felicidade (bairro Guanabara), devendo, a partir de 2006, atender também à comunidade de Vila Pinho.