3.1 Articulação da educação superior com a educação básica, profissional e tecnológica

Diagnóstico da situação atual

A UFMG possui licenciaturas em todas as áreas do conhecimento, distribuídas em 14 cursos: Artes Visuais, Música, Teatro, Ciências Biológicas, Educação Física, Ciências Sociais, Filosofia, Geografia, História, Letras, Pedagogia, Física, Matemática e Química. Do total de 4.684 vagas oferecidas no Vestibular, 1369 podem ser cursadas na modalidade licenciatura. Ou seja, quase 30% vagas iniciais ofertadas pela UFMG permitem que os alunos escolham o percurso da licenciatura, com um potencial de formação de quase 1500 novos professores para a educação básica por ano. Além disso, 510 dessas vagas (37% do total) são ofertadas no turno noturno, tornando os cursos de licenciatura um importante mecanismo de inclusão.

Ao lado dos cursos de licenciatura, a UFMG mantém uma Escola de Educação Básica e Profissional. No Ensino Fundamental (9 séries) existem 75 vagas anuais, para um total de cerca de 650 alunos matriculados. O Ensino Profissional oferece, no Colégio Técnico, 108 vagas anuais (integradas ao Ensino Médio) nos cursos técnicos de Eletrônica, Instrumentação – Controle e Automação, Patologia Clínica e Química, para um total de 673 alunos matriculados. Outras 20 vagas anuais são oferecidas para o Curso de Formação de Atores (Teatro Universitário).

Outra iniciativa na área de formação profissional é coordenada pela Escola de Enfermagem, que criou em 1997 o Curso de Qualificação Profissional Auxiliar de Enfermagem – CQPAE. O curso constituiu-se em um programa educacional na modalidade de ensino descentralizado, voltado para a clientela de trabalhadores de enfermagem inseridos na rede de serviços de saúde, foi desenvolvido em parceria com o Colégio Técnico e Instituições de Serviços de Saúde do Estado de Minas Gerais e financiado por projetos especiais, inicialmente com recursos do FAT. No final de 2000, a Escola de Enfermagem, por meio do CQPAE, tornou-se parceira do PROFAE/MS na execução da Qualificação de Auxiliar de Enfermagem, atuando em vários municípios do Estado de Minas Gerais e no Curso de Especialização em Formação Pedagógica na Área de Saúde: Enfermagem, voltado para a formação de enfermeiros docentes, viabilizando o ensino nas disciplinas de educação profissional em nível técnico.

Como parte integrante dos currículos dos cursos de licenciatura, todos os alunos devem cumprir 800 horas de prática de ensino. Atualmente os currículos apresentam uma significativa diversidade nas propostas pedagógicas para a integralização dessas 800 horas, com diferentes graus de integração com os sistemas públicos de educação básica.

Metas a serem alcançadas com cronograma de execução

Pretende-se aumentar a integração entre a formação de professores na universidade e os sistemas de ensino, através de convênios com os sistemas públicos de educação básica (municipal e estadual), e a partir das práticas de ensino dos currículos de licenciatura, numa perspectiva multidisciplinar. Para tanto, a UFMG está desenvolvendo estudos no sentido de organizar, desenvolver e avaliar um elenco de oficinas de diferentes áreas do conhecimento, criadas e coordenadas por docentes da UFMG, a serem oferecidas por estudantes de graduação e de pós-graduação da UFMG nas escolas.

Pretende-se alcançar progressivamente as seguintes metas nos próximos 5 anos:

  • Participação de todos os cursos de licenciatura da UFMG no projeto, através de suas propostas pedagógicos;
  • Participação no projeto de todos os alunos dos cursos de licenciatura, em algum momento do seu percurso acadêmico na universidade;
  • Envolvimento médio de 400 alunos da universidade por ano no projeto.

Estratégias para alcançar as metas

A prática de ensino dos cursos de licenciatura pode ocupar um lugar privilegiado na estruturação dos vínculos da universidade com a sociedade e no processo de disseminação, difusão e articulação da produção científica com diferentes interlocutores. Especificamente, a prática de ensino pode se misturar e interferir em diferentes áreas temáticas, já que a dimensão educativa está presente na formação do estudante, do docente universitário, no processo de interação com a comunidade e com os diferentes sujeitos que de uma ou outra forma participam das diferentes ações.

Atualmente, a área temática da Educação em nível nacional vem se centrando em programas e projetos que revelam eixos norteadores e características próprias do momento histórico da universidade brasileira. Grandes programas do governo federal como Conexões de Saberes, Escola Aberta, Proeja, Escola que Protege, PAIR, entre outros, de cunho educacional articulado com Direitos Humanos e Cultura demonstram as potencialidades indutoras de ações de integração da Universidade, nos rumos da alteração das desigualdades de oportunidades no país e da construção de vínculos estreitos entre os saberes do povo e os saberes universitários.

Um exemplo desta possibilidade de integração é o Projeto Escola Integrada no município de Belo Horizonte, realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Educação – SMED, do qual a UFMG participa desde sua concepção. O projeto piloto experimental de integração Universidade – Escola Básica aconteceu em novembro e dezembro de 2006, na perspectiva de analisar suas possibilidades, desafios e necessidades, perseguindo a meta de oferecer novas e diferentes oportunidades de vivências educativas às crianças e jovens da Escola Fundamental do município. Para isso, oficinas em múltiplas temáticas, organizadas por docentes da UFMG das diferentes áreas do conhecimento, foram idealizadas (107, inicialmente) e algumas delas desenvolvidas (37). O piloto articulou 55 estudantes de graduação, com mais ou menos 25 estudantes da escola básica cada um, totalizando 1.375 crianças e jovens, de seis a quinze anos.

Pretende-se ampliar esse projeto com a perspectiva de criar uma nova cultura do educar, que tem na escola seu ponto catalisador, mas que a transcende, para explorar e desenvolver os potenciais educativos da comunidade. A idéia é que parte da formação nas licenciaturas ocorram nas escolas das redes públicas e em espaços comunitários públicos e privados no entorno das mesmas, sendo desenvolvidas por estudantes dos diferentes cursos de graduação da UFMG, sob a coordenação e orientação de uma equipe multidisciplinar de professores das redes públicas e da Universidade. A UFMG disponibilizará suas instalações para o oferecimento de oficinas que ocorrerão na Estação Ecológica, no Museu de História Natural e Jardim Botânico, no Museu de Morfologia, além dos diferentes espaços que compõem a Rede de Museus e Espaços interativos de Ciências da UFMG. As diferentes áreas do conhecimento estarão sendo abordadas, envolvendo atividades relativas ao esporte, artes, comunicação, informática, saúde, meio ambiente, idiomas, acompanhamento escolar, enfermagem, pedagogia, odontologia, direitos humanos e outros, além das tradicionais áreas dos conteúdos escolares.

O trabalho terá a sua gestão efetivada por meio de uma organização em duas vertentes, formalizadas através de convênios com as secretarias de educação estadual e municipal: uma vinculada às escolas das redes públicas e respectivas Secretarias de Educação e outra às equipes de docentes da UFMG dos diversos cursos de licenciatura, com a participação da Faculdade de Educação e da Pró-Reitoria de Extensão.

Etapas

As seguintes atividades serão exercidas rotineiramente após a implantação total do projeto:

  • Organização e coordenação executiva e pedagógica do projeto na UFMG;
  • Levantamento e organização, de um elenco de oficinas em diferentes áreas do conhecimento, junto ao corpo docente e técnico da Universidade;
  • Seleção de estudantes para participação no projeto;
  • Formação dos estudantes selecionados para o projeto;
  • Desenvolvimento das oficinas pelos estudantes;
  • Orientação e acompanhamento dos estudantes e das oficinas;
  • Monitoramento e avaliação das ações desenvolvidas de forma articulada com os parceiros do projeto;
  • Elaboração e divulgação de relatórios e de publicações.

Indicadores

Tendo em vista as metas, pretende-se utilizar os seguintes indicadores para aferir a abrangência e a qualidade do projeto:

  • Cursos de licenciatura participantes;
  • Outros cursos de graduação participantes;
  • Cursos de pós-graduação participantes;
  • Número de alunos de graduação envolvidos anualmente;
  • Número de alunos de pós-graduação envolvidos anualmente;
  • Número de professores envolvidos;
  • Número de servidores técnicos e administrativos em educação envolvidos;
  • Número de escolas de educação básica envolvidas;
  • Número de alunos de educação básica diretamente atingidos;
  • Número e qualidade das publicações envolvidas.

3.2 Atualização de tecnologias e metodologias de ensino-aprendizagem.

Diagnóstico da situação atual

Para o correto diagnóstico da atual configuração das tecnologias e metodologias de ensino-aprendizagem na UFMG, é preciso fazer referência a dois grupos de situações distintas: as aulas práticas e as aulas teóricas (ou expositivas).

No que diz respeito às aulas práticas, há uma grande diversidade de modelos atualmente vigentes, o que, em parte, é explicado pela multiplicidade dos domínios do conhecimento abrangidos, cada um com sua particularidade, o que se traduz na dificuldade de se fazer um esboço do que seria a “fórmula média” da instituição. Pode-se dizer, como caso recorrente, que tem havido de maneira constante um esforço de aprimoramento das aulas práticas, tanto no que diz respeito ao aparato material envolvido quanto no que diz respeito à metodologia empregada. Em muitos cursos pode ser observada a preocupação de possibilitar ao aluno uma síntese mais adequada dos diversos aspectos da teoria aprendida em situações práticas. Tem havido uma gradativa migração do modelo da prática “demonstrativa” para a prática que envolva uma simulação de situações complexas ou mesmo realísticas. As aulas práticas, como é sabido, experimentam maiores dificuldades que as expositivas no que diz respeito à manutenção da infra-estrutura adequada para seu funcionamento. Pretende-se, com as verbas advindas do programa REUNI, manter ou aprimorar essa infra-estrutura. No tocante às tecnologias e metodologias de ensino envolvidas, certamente será necessário manter e aprofundar o processo de renovação hoje verificado, não cabendo, entretanto, uma fórmula geral, visto que cada situação envolverá suas especificidades de área.

No que diz respeito às disciplinas teóricas, predomina na UFMG, neste momento, a fórmula tradicional do ensino baseado em aulas expositivas, em que o único recurso material utilizado é o quadro-negro. Não obstante a maioria dos docentes da UFMG serem bem avaliados por seus estudantes, verifica-se que a maior parte da retenção de estudantes ocorre precisamente em disciplinas teóricas, desenvolvidas nesses moldes tradicionais, e que essa retenção ocorre inclusive em turmas regidas por docentes bem avaliados. Portanto, para lidar com o problema da retenção, parece razoável focar a atenção nas metodologias de ensino utilizadas nesse tipo de disciplina.

O projeto da UFMG para o REUNI envolve ações dirigidas a ambos os tipos de disciplina acima mencionados.

Metas a serem alcançadas com cronograma de execução

Pretende-se, no âmbito do projeto da UFMG para o programa REUNI:

  • A formação de equipes constituídas por docentes, estudantes de pós-graduações e bolsistas pós-doutores, para desenvolver atividades junto às disciplinas de graduação. Pretende-se que estejam constituídas, ao final do programa REUNI, equipes de docentes e estudantes de pós-graduação em todas as áreas do conhecimento. Tais equipes deverão contar com um total de cerca de 700 bolsistas, entre estudantes de pós-graduação e pós-doutores, desenvolvendo atividades em todos os novos cursos a serem criados no âmbito do REUNI, e também em grande parte dos cursos anteriormente existentes. O cronograma de execução dessas metas segue essencialmente o cronograma de criação de novos cursos. Para cada 20 novos alunos de graduação incorporados ao alunado da UFMG, haverá a implementação de (i) uma bolsa de pós-doutorado, ou (ii) duas bolsas de doutorado, ou (iii) três bolsas de mestrado (dependendo do projeto de cada novo curso), que integrarão as novas equipes de docentes, pós-graduandos e bolsistas pós-doutores para apoio às atividades da graduação. Todos os bolsistas de pós-graduação, ao mesmo tempo em que desenvolverão atividades de apoio à graduação limitadas a 8 horas semanais cada um, deverão, no curso dessas atividades, serem também treinados para o exercício das atividades de ensino superior. Espera-se que as novas equipes didáticas a serem constituídas tragam a problemática da sala de aula para o âmbito da discussão coletiva, permitindo a elaboração intelectual e o acúmulo de experiência dos membros das equipes, a partir de tal problemática. As equipes didáticas assim formadas terão papel em dois tipos de situação:

- Em atividades relacionadas com disciplinas práticas: essas equipes poderão diversificar o elenco de atividades práticas desenvolvidas, e melhorar a dinâmica dessas atividades. As equipes trabalharão focadas na especificidade de cada disciplina, visando seu contínuo aperfeiçoamento, com a tentativa de envolver e assistir o aluno de graduação de forma mais efetiva no desenvolvimento das atividades;

- Em atividades relacionadas com disciplinas teóricas: as equipes terão nesse caso o objetivo de criar condições para um atendimento mais individualizado ao aluno de graduação, permitindo, por exemplo, a sub-divisão de turmas para “aulas de exercícios”, a correção em tempo hábil de listas de exercícios, o atendimento individual a alunos, o acompanhamento na execução de trabalhos e o acompanhamento na utilização de material didático complementar (conforme discutido no item b abaixo);

  • A preparação de material didático áudio-visual para o auxílio ao estudo individual. Pretende-se que as disciplinas teóricas com maior número de alunos, e em particular as disciplinas com maior índice de retenção, passem a contar com material áudio-visual de apoio. Tal material deverá ser disponibilizado nos suportes de DVD (alta resolução) e vídeo para internet (baixa resolução), contendo aulas abrangendo porções estratégicas do conteúdo. Esse material visa apoiar o estudo individual, apresentando conteúdo similar ao de aulas expositivas, acrescido de recursos sonoros, gráficos ou de animação. Esse material, além de servir de apoio ao estudo individual, deverá servir de suporte para atividades a serem desenvolvidas pelas novas equipes didáticas, discutidas no item anterior. A meta é de que pelo menos 50% das disciplinas que tenham uma média de mais de 150 alunos matriculados e que apresentem uma taxa de retenção média superior a 20% passem a contar com tal tipo de material de apoio. Anualmente, deverá ser lançado um edital com a chamada de propostas para preparação desse material, com a possível aceitação de até 15 propostas a cada vez. Dessa forma, ao final de cinco anos, espera-se que pelo menos 50 disciplinas tenham sido atendidas, numa média de 10 por ano, sendo o primeiro grupo de materiais disponibilizado no início do segundo ano.

Estratégias para alcançar a meta

  • Como elemento para iniciar o processo de formação das equipes de docentes e pós-graduandos, está sendo prevista a atribuição de bolsas de pós-graduação específicas para bolsistas que irão participar dessas equipes. Tais bolsas serão atribuídas aos departamentos que participarem da criação dos novos cursos de graduação, no âmbito do REUNI, sendo efetivadas à medida em que os novos alunos de graduação forem ingressando na universidade. O funcionamento das equipes será monitorado pela Pró-reitoria de Graduação, que irá examinar os modelos de atividades que forem propostos em cada caso e acompanhar o desenvolvimento dessas atividades. Será avaliada a conveniência da execução de atividades formadoras de âmbito geral (seminários, cursos, ou outras), dirigidas aos pós-graduandos e aos docentes que participarem das equipes.Um importante instrumento de acompanhamento do funcionamento das equipes deverá ser um questionário preenchido pelos alunos de graduação, por ocasião de sua matrícula. Hoje, já existe um questionário, que diz respeito aos docentes e às disciplinas cursadas no semestre anterior. O preenchimento desse questionário, feito via internet, precede o processo de matrícula, que também é feito via internet. Com a implantação das equipes didáticas, o questionário deverá ser adaptado, para monitorar o funcionamento do novo modelo;
  • Para se atingir a meta de produção de material didático, um requisito se fará necessário: será preciso montar um centro de apoio à preparação de material áudio-visual, com a capacidade de atendimento simultâneo à produção de até 15 produtos simultaneamente. A seguir, será necessário lançar editais de chamada de propostas. Está previsto o oferecimento de uma bolsa para o docente que se dispuser a executar a preparação de material, nesses moldes, com a cessão integral dos direitos autorais e de exibição para a UFMG.

Por fim, imagina-se que será conveniente identificar, de forma centralizada, as disciplinas em que seria mais conveniente a aplicação das novas metodologias, sendo feito algum trabalho de indução à apresentação de propostas nessas disciplinas.

Etapas

  • A cada ano serão implementadas novas bolsas de pós-graduação para bolsistas que irão integrar as equipes didáticas, à razão aproximada de uma bolsa de pós-doutorado ou duas bolsas de doutorado ou três bolsas de mestrado para cada vinte alunos de graduação integrados ao alunado da universidade. Na medida em que as bolsas forem sendo implementadas, as equipes serão formadas e entrarão em atividade. Logo no primeiro ano de funcionamento do novo sistema, o questionário de avaliação dos alunos (mencionado no item “estratégias”) deverá ser adaptado para se adequar ao novo sistema;
  • O centro de produção de material didático deverá ser estruturado ao longo dos primeiros meses de 2008, devendo se tornar operacional ao longo do segundo semestre de 2008. Em 2008, espera-se que pelo menos três pacotes sejam produzidos, para entrarem em utilização em 2009. A partir de 2009, espera-se que sejam produzidos em média 10 pacotes didáticos a cada ano. Na medida em que os pacotes forem sendo disponibilizados, as equipes didáticas das respectivas disciplinas deverão se reunir, para propor processos pedagógicos que envolvam a utilização dos novos materiais.

Indicadores

Como indicadores do funcionamento do novo sistema de equipes didáticas, serão acompanhados:

  • Número de bolsistas de pós-graduação integrantes das equipes;
  • Número de docentes integrantes das equipes;
  • Número de disciplinas servidas pelas equipes;
  • Número de alunos de graduação atendidos;
  • Número de cursos e de áreas do conhecimento em que haja presença das equipes;
  • Taxas de retenção nas disciplinas servidas pelas equipes;
  • Grau de satisfação dos estudantes, verificado através dos questionários;
  • Relatórios produzidos pelos departamentos, descrevendo o planejamento e a execução das atividades das equipes.

Os indicadores relacionados com os novos materiais didáticos a serem produzidos serão:

  • Número de pacotes concluídos e tornados disponíveis;
  • Número de disciplinas atendidas;
  • Número de alunos de graduação atendidos;
  • Número de cursos e de áreas do conhecimento atendidos;
  • Taxas de retenção nas disciplinas atendidas;
  • Grau de satisfação dos estudantes, verificado através dos questionários;
  • Relatórios produzidos pelos departamentos, descrevendo a inserção dos novos materiais didáticos nos processos pedagógicos.

3.3 Prever programas de capacitação para implementação do novo modelo

Diagnóstico da situação atual

Neste momento, o novo modelo de trabalho proposto, no formato de equipes didáticas que envolvam docentes e bolsistas de pós-graduação, já vem sendo testado, em algumas disciplinas básicas de Ciências Exatas, experimento custeado com recursos orçamentários da UFMG. Os dados obtidos até o momento parecem indicar uma significativa melhoria nos índices de retenção verificados, em comparação com índices anteriormente observados. Tal experimento, porém, além de incipiente, encontra-se limitado a poucas disciplinas. A questão da capacitação de pessoal para atuar no novo modelo, de acordo com as observações já feitas, parece ser um fator importante. É preciso, em particular, que os bolsistas de pós-graduação recebam orientação no que diz respeito à sua atuação, assim como é necessário que seja feito um adequado planejamento da gradação das tarefas a eles propostas.

No que diz respeito à utilização de material áudio visual nos moldes previstos na proposta REUNI, não há por enquanto experimentos em curso. Existem alguns experimentos de atividades de ensino utilizando a internet, que não são exatamente análogos à nova proposta, mas que permitem identificar a necessidade do treinamento de pessoal para a utilização das novas tecnologias no ambiente de ensino.

Metas a serem alcançadas com cronograma de execução

No que diz respeito ao treinamento para o trabalho nas equipes didáticas, as metas são:

  • Todos os bolsistas de pós-graduação, antes de serem engajados no trabalho frente a alunos, deverão receber o treinamento adequado;
  • Cada bolsista, após o engajamento nas equipes, deverá receber orientação a cada nova tarefa a ele atribuída, assim como acompanhamento na execução dessa tarefa;
  • Os docentes que forem coordenar as equipes didáticas deverão ser previamente treinados.

O cronograma de execução dessas atividades irá corresponder ao cronograma de implantação das equipes didáticas.

No que diz respeito ao treinamento para a elaboração de material didático:

  • Os docentes que forem produzir os novos materiais didáticos receberão treinamento para a utilização das tecnologias de produção de material. O cronograma de execução desse treinamento irá corresponder ao cronograma de execução da produção do material, com antecedência de um mês antes do início da produção.

No que diz respeito ao treinamento para a utilização dos novos materiais didáticos:

  • Uma vez que cada novo material estiver disponível, cada equipe didática deverá se reunir, para estudar a implantação do mesmo na respectiva disciplina. Dessa programação deverá decorrer o treinamento associado a cada caso.

Estratégias para alcançar a meta

Como estratégia para garantir a eficácia das metas, é necessário tanto garantir a disponibilidade do treinamento para as equipes, quanto elaborar uma regulamentação que estabeleça tal treinamento como requisito para o funcionamento das equipes didáticas.

Etapas

Tanto a questão da montagem da estrutura para o treinamento das equipes didáticas quanto a questão da regulamentação do funcionamento de tais equipes deve ocorrer ao longo do primeiro semestre de 2008. Ambas devem estar prontas no segundo semestre de 2008.

Indicadores

Como indicadores desta dimensão, pretende-se utilizar:

  • O número de treinamentos fornecidos;
  • A avaliação da eficácia desses treinamentos, feita pelo pessoal que os recebeu;
  • A avaliação da eficácia das próprias equipes didáticas, de acordo com o estabelecido no item C.2.

3.4 Mobilidade Intra e Inter-institucional

Diagnóstico da Situação Atual

Em anos recentes a Universidade Federal de Minas Gerais, assim como a maioria das universidades públicas brasileiras de porte, tem priorizado ações voltadas para a mobilidade nacional e internacional de seus estudantes.

No caso da UFMG, uma política de internacionalização institucional vem sendo construída de forma pragmática e objetiva, visando à inserção no processo de globalização do conhecimento científico.

Ancorada nos princípios de reciprocidade, equanimidade e solidariedade, a política de internacionalização executada pela UFMG tem resultado numa diversidade de parcerias estabelecidas com diferentes instituições universitárias, em diferentes regiões do mundo, em países diferentes, com níveis de riqueza distintos e distintas tradições universitárias. Um dos seus objetivos é a conciliação, também nas ações dirigidas à internacionalização, dos princípios da excelência, da relevância e da inovação tão caros à atual gestão.

Atualmente, a UFMG atua com 34 países parceiros em 179 convênios internacionais, no interior dos quais abrigam-se projetos de pesquisa comuns com universidades parceiras da Europa, Estados Unidos, América Latina, África e Ásia, e intercâmbios docentes e discentes nos níveis de pós-graduação e de graduação, todos eles orientados pela idéia da reciprocidade, equilíbrio e solidariedade entre as instituições conveniadas.

A mobilidade estudantil para o estrangeiro tem sido objeto de atenção especial, conquanto entendida como um elemento fundamental para melhorar a qualidade da formação oferecida aos alunos da UFMG. A preocupação com a internacionalização da formação discente tem sido um dos baluartes da crescente qualidade dos quadros formados nessa universidade, dado que a participação em programas de mobilidade internacional propicia a inserção em redes de conhecimento globalizado, o estreitamento dos laços de colaboração científica, o contato com novas tecnologias e conhecimentos avançados, a diversificação de conhecimentos, o contato com outros povos, culturas e tradições universitárias e, por via de conseqüência, a experiência da diversidade e o exercício da alteridade.

Os fluxos de intercâmbio discente UFMG/exterior e exterior/UFMG são crescentes e regulares, e os números neste domínio são uma demonstração cabal tanto do sucesso da política de internacionalização empreendida no âmbito estrito da instituição, quanto do acerto de suas diretrizes políticas no tocante à sua inserção e visibilidade internacionais.

No ano de 2007, forma registrados 423 estudantes estrangeiros na UFMG, dos quais 158 são intercambistas de graduação, oriundos de 14 instituições universitárias, de quatro continentes. Por sua vez, os estudantes dos cursos de graduação da UFMG no exterior, como alunos intercambistas, totalizam 147 neste ano de 2007.

Para 2008 foram abertas para os alunos da UFMG 232 vagas, em 44 instituições parceiras, em 14 países, números esses bastante promissores, dada a sua ampliação crescente e a consolidação das várias parcerias, mas que precisam ser ainda reforçados.

As diretrizes políticas da internacionalização na UFMG, afinadas com a política de inclusão social, têm ensejado ações, na forma de projetos e medidas práticas, de maneira a democratizar o mais amplamente possível as oportunidades de acesso dos alunos da UFMG aos programas de intercâmbio internacional. Entretanto, a UFMG está ainda muito longe da equalização das oportunidades aos estudantes carentes e/ou de menor poder aquisitivo.

Outra mobilidade, não menos importante, é aquela que se realiza entre as instituições públicas brasileiras de educação superior, qual seja o Programa de Mobilidade Acadêmica/ANDIFES. A circulação de estudantes entre cursos e programas dessas instituições tem proporcionado aos estudantes não apenas o contato com outras realidades regionais, mas, sobretudo, a necessária troca de experiência com o trabalho docente nelas realizado, bem como a interação com os grupos de pesquisa, seus eixos temáticos mais inovadores e seus centros de referência científica.

Os benefícios do programa de mobilidade realizado nos quadros das IFES são muitos e, em particular, ressalta-se sua importância para a definição de políticas acadêmicas comuns voltadas para a relevância da pesquisa e a qualidade do ensino superior no Brasil.

Entretanto, neste tipo de mobilidade, o número de alunos da UFMG em outras instituições públicas continua baixo, já que em 2007, apenas 32 alunos participaram dessa modalidade de intercâmbio. Portanto, seja na modalidade intercâmbio no exterior, seja na mobilidade acadêmica proposta pela ANDIFES, estamos longe do desejado numa instituição do porte da UFMG. Enquanto os alunos de pós-graduação contam já com um sólido sistema de apoio mantido por agências de fomento que têm assegurado bolsas de doutorado sanduíche, a realidade dos alunos de graduação é outra, sendo muitas as dificuldades existentes, apesar dos esforços voltados especialmente para essa categoria de alunos.

Metas a serem alcançadas

Com vistas a oferecer ao aluno da UFMG a oportunidade de ter uma experiência internacional, contribuindo para sua formação acadêmica, profissional e pessoal, bem como ampliar o acesso dos estudantes da UFMG aos programas de mobilidade discente em âmbito nacional, foram fixadas as metas seguintes:

  • Aumentar o número de estudantes da UFMG nos intercâmbios internacionais;
  • Ampliar a participação dos estudantes da UFMG no Programa Escala Estudantil da AUGM, priorizando assim as parcerias com a América Latina;
  • Consolidar e aumentar a presença dos alunos da UFMG no programa de Mobilidade Acadêmica da ANDIFES;
  • Reforçar a participação da UFMG em programas de mobilidade discente com os países de tradição ibérica e de língua portuguesa;
  • Ampliar as parcerias de intercâmbio estudantil através de novos acordos e convênios com instituições e países que ainda não integram o grupo de parceiros da UFMG;

Em termos numéricos, as metas estipulam, para o ano de 2015, um percentual de 10%, do alunado de graduação em programas de mobilidade acadêmica, seja ela nacional ou internacional. Deste modo, espera-se que em torno de 3.000 alunos de graduação realizem, em 2015, intercâmbio acadêmico com instituições parceiras nacionais e internacionais.

Cronograma de Execução:

  • Ampliar ano a ano, obedecendo ao requisito da reciprocidade, as vagas de intercâmbio discente de forma a se alcançar o número de 3000 estudantes em programas de mobilidade no ano de 2015;
  • Abrir, até 2010, 50 vagas no Programa Escala Discente da AUGM e alcançar 100 vagas até 2015;
  • Enviar, até 2010, 50 alunos para participar do Programa de Mobilidade Discente da ANDIFES e dobrar esse número até 2015;
  • Aumentar em 10% o número de acordos com Universidades da Espanha e Portugal até 2012;
  • Expandir em 30%, até 2012, o número de acordos de cooperação da UFMG com novos parceiros.

Estratégias para alcançar as metas

  • Incentivar e apoiar a criação de redes e parcerias interinstitucionais, em âmbito nacional e internacional, incluindo ativamente a participação discente;
  • Ampliar a adesão e inserção da UFMG em redes de cooperação nacional e internacional;
  • Apoiar e implementar ações que visem à instauração do equilíbrio de condições entre alunos de instituições de ensino e pesquisa brasileiras e estrangeiras;
  • Ampliar os recursos do Fundo de Apoio ao programa de Intercâmbio Discente, mantido com os recurso da DRI/FUMP/FUNDEP, de forma a apoiar, exclusivamente, a participação dos estudantes com dificuldades sócio-econômicas nos programas de mobilidade internacional;
  • Implantação do programa de Bolsas Santos Dumont, da Diretoria de Relações Internacionais (DRI), com o qual, com o apoio da iniciativa privada, se pretende ampliar a internacionalização da formação discente da UFMG, através da democratização do acesso dos estudantes da UFMG aos programas de intercâmbio internacional e da consolidação dos programas de cooperação e mobilidade já existentes na UFMG, no âmbito da educação e da pesquisa.
  • Criação, na UFMG, de um Fundo de Mobilidade Discente, com recursos do REUNI, de forma a assegurar, e financiar, os programas de mobilidade da Instituição na sua continuidade e regularidade.

Etapas

A ampliação da mobilidade discente na UFMG, nacional e internacionalmente, revistos na adesão dessa instituição ao REUNI, trabalha, como já indicado no cronograma de execução, com um tempo de implantação mais longo, que culmina em 2015, mesmo considerando que a definitiva implementação do REUNI se dará por volta de 2012.

A proposta da UFMG é de um crescimento em bases evolutivas graduais. Tendo como norte hipotético que a UFMG alcançará em 2015 o total de 30.000 alunos, pretende-se ampliar os números de forma a alcançarmos nessa data o percentual de 10% do corpo discente, ou seja, 3.000 alunos em programas de mobilidade estudantil nacionais e internacionais.

Para isto foram fixadas quatro etapas:

  • de 2008-2009- crescimento para 2%;
  • de 2010-2011- crescimento para 4%;
  • de 2012-2013- crescimento para 7%;
  • de 2014-2015- crescimento para 10%.

Indicadores

Para se avaliar a eficácia da política de mobilidade estudantil nacional e internacional serão empregados os seguintes indicadores:

  • Número de países parceiros;
  • Número de instituições nacionais e internacionais parceiras;
  • Número de alunos de graduação envolvidos em atividades de intercâmbio nacional e internacional;
  • Aproveitamento dos créditos das atividades desenvolvidas durante intercâmbio;
  • Tempo de conclusão de curso, permanecendo dentro dos limites esperados para cada curso.