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Das apropriações urbanas à teoria queer: trabalhos de 'relevância acadêmica' ocupam saguão da Reitoria

quinta-feira, 22 de outubro de 2015, às 17h16

Trabalhos de iniciação científica desenvolvidos nos anos de 2014 e 2015 são apresentados por estudantes nesta quinta-feira, 22, no saguão da Reitoria, campus Pampulha. Organizada pela Pró-reitoria de Pesquisa (PRPQ), a exposição faz parte da 24ª Semana de Iniciação Científica da UFMG, que integra a Semana do Conhecimento.

Os trabalhos expostos hoje em formato de pôster foram escolhidos como de "relevância acadêmica" após apresentação em suas unidades de origem no início desta semana. A premiação dos melhores trabalhos, cuja avaliação ocorre ao longo desta tarde, será feita nesta sexta-feira, 23, durante a cerimônia de encerramento da Semana do Conhecimento, no auditório da Reitoria.

Aline Damasceno Santana, do quinto período de Museologia, expôs o trabalho Temporalidades do patrimônio na cidade: apropriações da Praça da Liberdade, Praça da Estação e Rua da Bahia, em Belo Horizonte. Fruto de projeto interdisciplinar, a pesquisa aborda as transformações físicas e simbólicas pelas quais passaram esses espaços da capital mineira e tem o objetivo de propor políticas públicas mais democráticas na área de cultura.

“Nosso trabalho observou o uso do espaço público e também o contrauso, que ocorre quando as pessoas se apropriam do espaço de formas distintas daquelas às quais ele se destina. Notamos também uma política de higienização, que, de forma forçada, retira pessoas, como moradores de rua, desses espaços”, destacou a estudante.

Direito e gênero Estudante do 5º período do curso de Direito, Gabriela Campos Alkmin [em foto ao lado] apresentou trabalho que explora a relação entre o direito e a teoria queer – que discute gênero, orientação e identidade sexual. Com o título Pode o direito ser queer?, a pesquisa analisa como o direito produz e reproduz a opressão de gênero e avalia se é possível construir uma relação entre o direito e a teoria.

“O direito trabalha por meio de normas e categorizações, e a teoria queer propõe a subversão da sexualidade, defendendo a transitoriedade das possibilidades de identificação de gênero, fugindo ao binarismo. Dessa forma, o direito tenta colocar em caixas aquilo que a teoria propõe libertar”, avalia.

Iniciada no primeiro semestre, a pesquisa envolveu estudos de caso com pessoas transexuais e, segundo Gabriela Alkmin, levou a uma nova pergunta: “Como construir uma perspectiva pós-identitária do sujeito de direito?”. Questão para a qual a autora ainda não encontrou resposta, uma vez que a definição do sujeito de direito vigente ainda é limitada à visão binária, que exige identificação definida (homem ou mulher) e exclui pessoas cuja identidade é fluida.

Colégio Técnico Dois estudantes do curso de Informática do Colégio Técnico da UFMG (Coltec) apresentaram trabalhos cujo objetivo foi explorar interesses que fogem à área de Exatas. André Gomes de Menezes [em foto abaixo], aluno do 3º ano, autor do trabalho O grotesco no programa Pânico buscou explorar o significado do termo ‘grotesco’ e seu uso na história da arte e relacioná-lo a produtos de comunicação, observando especialmente o uso do recurso na televisão.

“Constatamos que a diferença do Pânico é usar o grotesco com um enfoque diferenciado, de uma forma mais explícita, nada sutil, com o objetivo de chocar o público”, explicou o estudante, que destacou que outras emissoras também utilizam o grotesco em programas de humor, mas de forma suavizada.

Ilmer Maciel Oliveira [em foto acima], aluno do segundo ano, buscou explorar no trabalho apresentado seu interesse por política e economia. Em Capital e o processo soviético, ele tentou fazer uma análise que escapasse ao binarismo que domina as discussões políticas atuais, demonstrando a influência de diversos fatores nas condições sociopolíticas de uma sociedade.

“Após a revolução russa, a União Soviética alcançou um pico econômico. Mas, com a saída de Stalin do poder, abriu-se espaço para uma economia paralela, que envolvia atividades como sonegação de impostos, contrabando de combustíveis e tráfico de drogas, impulsionando também a corrupção. Nas décadas de 80 e 90, foi necessário que o Estado incorporasse algumas dessas atividades, até então ilegais, a fim de tentar estabilizar a economia novamente”, resumiu Oliveira.

Fonte: Agência de Notícias UFMG