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'Educação, ciência e tecnologia não são gastos, são investimentos', afirma presidente da SBPC em mesa sobre fomento à pesquisa

terça-feira, 18 de outubro de 2016, às 15h36

Na manhã desta terça-feira, 18, um debate sobre o financiamento da ciência e tecnologia (C&T) foi o destaque da programação da Semana do Conhecimento da UFMG. A mesa-redonda Fomento sustentável da pesquisa no Brasil reuniu pesquisadores e especialistas na área.

Durante a mesa, os convidados abordaram a evolução da pesquisa no país e como o campo da ciência é importante para o desenvolvimento social e econômico brasileiro. Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), destacou que o Brasil ainda investe pouco em pesquisa, ficando atrás de muitos países nos rankings mundiais de investimento em C&T.

“Os Estados Unidos investem 2,8% de seu produto interno bruto (PIB) em pesquisa. A Suécia investe 3% e a Coréia do Sul, 4%. Hoje, nosso investimento gira em torno de 1%, o que é muito pouco até para países emergentes, se levarmos em conta que a China já investe 2,1% e pretende, até 2020, investir 2,8% de seu PIB na área de C&T”, explicou Helena [em foto ao lado]

O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Marcos Cintra, discordou da presidente da SBPC ao afirmar que a parcela do PIB que o país dedica ao campo da ciência e da tecnologia não é insuficiente. Segundo ele, faltam foco e planejamento no modo como o país investe no campo.

“Falta-nos uma visão de futuro. Precisamos criar estratégias de cooperação entre as universidades e as empresas para alavancar os resultados de C&T, mesmo em um contexto de redução de gastos públicos como o previsto pela PEC 241/2016”, disse.

Investimentos em risco Os possíveis impactos da Proposta de Emenda Constitucional 241/2016 foram destacados pelos participantes da mesa que, em sua maioria, veem a PEC como um retrocesso para a educação e para a pesquisa em ciência e tecnologia do país.

“O dinheiro que o país investe em educação e pesquisa já é pequeno, e a previsão é de que diminua muito mais, o que tornaria a pesquisa brasileira insustentável. A PEC 241 coloca em risco todas as conquistas do governo Lula, que acreditou e investiu no ensino e na pesquisa do Brasil. Educação, ciência e tecnologia não são gastos, são investimentos”, afirmou Helena Nader.

A pesquisadora acrescentou que mudanças na constituição são sempre delicadas. “Um ajuste fiscal que comprometa a educação e a saúde é um tiro no pé. Se precisarmos mudar a constituição toda vez que passarmos por uma crise econômica ficará claro que algo não está funcionando em nosso sistema político”, acrescentou.

O reitor Jaime Ramírez endossou a análise da presidente da SBPC. “Como cidadão, vejo qualquer alteração na nossa Constituição como um desrespeito. A grande maioria da população brasileira não é contra o limite de gastos do governo, mas, sim, como esse limite está proposto na PEC. A UFMG se manifesta contra a PEC e temos clareza de que ela necessita de reparos profundos que preservem o que é fundamental, como a educação e a saúde”, disse.

Também participaram da mesa-redonda o pró-reitor de pesquisa da UFMG, Ado Jorio de Vasconcelos, o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Alvaro Toubes Prata, e o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), Evaldo Vilela.

Fonte: Agência de Notícias UFMG