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Índio quer educação superior
Laboratório intercultural abre portas da UFMG para povos indígenas
Ana Siqueira
ndio
não quer só terras para viver e trabalhar. Índio
quer também educação superior construída a partir
das características de sua própria cultura. O laboratório
intercultural, que ocorrerá na UFMG de 29 de julho a 9 de agosto, dentro
do projeto de extensão da Fale Culturas indígenas na UFMG, pretende
avançar na abertura da Universidade aos povos indígenas e contribuir
para que a demanda deles por educação _ prevista constitucionalmente
_ seja atendida.
O laboratório intercultural prevê 80 horas de atividades com
os índios, em oficinas divididas em duas grandes áreas: territórios
e linguagens. Docentes e alunos voluntários de diversos departamentos
estão envolvidos no projeto, que pretende estabelecer diálogo
entre alunos indígenas e professores para criação conjunta
de metodologias de ensino e pesquisa adequadas à formação
superior indígena. "Na UFMG, os índios terão espaço
para entender, se expressar e aprender, enquanto os professores conhecerão
suas demandas e, certamente, também aprenderão muito com eles",
acredita a professora da Fale Maria Inês de Almeida, coordenadora do
projeto.
Cerca de 200 índios se inscreveram para participar do laboratório, financiado pelo Cenex da Fale e pelo Ministério da Educação, com apoio da UFMG. "Com uma verba pequena (cerca de R$ 13 mil), tivemos que limitar o número de alunos a apenas 60", lamenta Maria Inês de Almeida. Os participantes pertencem às etnias maxakali, xacriabá, pataxó e krenak. Todos possuem ensino médio completo e a maioria se formou no magistério do Programa de implantação de escolas indígenas de Minas Gerais. Eles agora reivindicam formação em pedagogia, para lecionar em suas próprias escolas, e nas áreas de saúde, meio ambiente, gestão de projetos e lingüística. Elas são as mais requisitadas, pois os índios estão se fixando nos territórios pelos quais lutaram e enfrentam questões que emergem desse processo: o resgate de sua língua e cultura, a gestão dos territórios, considerando questões ambientais, legais, de educação e saúde. "Para que a integridade das populações indígenas seja garantida, é necessário que elas possuam autonomia de pensamento, gestão e sustentabilidade", defende a coordenadora, que atua na área há alguns anos. Ela leciona no Programa de implantação de escolas indígenas de Minas Gerais e sua tese de doutorado versa sobre a produção literária indígena contemporânea.
Outras iniciativas
A discussão sobre a educação supe-rior indígena
existe em outras universidades, como em Roraima e no Amazonas, mas apenas
a Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat) já oferece curso direcionado
aos índios _ no caso licen-ciatura de terceiro grau _ , que se trata
de magistério em nível superior. A UFMG pode se tornar a primeira
universidade a criar outros cursos orientados para índios, o que ficou
evidente, segundo Maria Inês de Almeida, na reunião que ocorreu
em outubro de 2001 entre o então reitor Francisco César de Sá
Barreto e as lideranças indígenas. A partir das demandas explicitadas
pelos índios, a reitora Ana Lúcia Gazzola criou comissão
para colher subsídios e coordenar iniciativas visando à institucionalização
de programa para populações indígenas. Presidida pela
própria Maria Inês de Almeida, a comissão prepara relatório
que será entregue à reitora nos próximos dias.
Para a coordenadora do projeto, a educação
superior indígena traria inúmeros benefícios à
Universidade. "O convívio com os índios, com seus saberes
e formas únicas de percepção do mundo, enriqueceria toda
a comunidade universitária e certamente repercutiria em nosso ensino,
pesquisa e extensão", argumenta, acrescentando que a educação
indígena é campo de grande experimentação e produção
de conhecimento nas áreas de Lingüística, Antropologia
e Ciências Sociais, entre outras.
Oficinas do Laboratório Intercultural
Territórios
Arqueologia: André Prous (Arqueologia)
Antropologia: Ruben Caixeta de Queiroz (Antropologia)
Sustentabilidade: Allaoua Saadi (Geologia)
Linguagem
Lingüística: Cristina Magro (Letras)
História oral e edição de texto: Sônia Queiroz
(Letras) e Inês Teixeira (Educação)
Produção de material didático para alfabetização:
Ana Gomes (Educação)
Gestão escolar: Eloísa Santos (Educação)
e Lúcia Bernardes (doutoranda em Educação)
Gravura e ilustração: Daisy Turrer (Belas Artes)
Música com maxacali e edição de
CD com xacriabá: Rosângela de Tugny (Música)