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Nº 1393 - Ano 29 - 24.04.2003


HC realiza cirurgia de mudança de sexo

Ludmila Rodrigues

 

WR nasceu com cromossomos XY, que determinam o sexo masculino. Embora permaneça com os mesmos cromossomos, decidiu que agora passará a se chamar Tatiane. Tudo por causa da cirurgia de transgenitalização, mais conhecida como cirurgia de mudança de sexo, realizada, em fevereiro no Hospital das Clínicas da UFMG, e que será concluída em junho. Esta é a segunda cirurgia do gênero realizada em Minas Gerais.

A cirurgia foi feita por equipe formada pelo urologista Gilberto Lemos e pelos ginecologistas André Luiz Roquette e Madalena Martins. Tatiane, de 23 anos, luta agora para ter sua nova identidade reconhecida pela justiça brasileira. "Estamos confiantes, pois fizemos tudo dentro da lei", garante a mãe de Tatiane. "Hoje me sinto completa, antes parecia que faltava alguma coisa", comenta a paciente, que se diz feliz quando se olha no espelho e nota mudanças em seu corpo ou quando as pessoas a encaram como mulher.

Para o ginecologista André Roquette, a cirurgia pode ser opção de tratamento para os transexuais, que tendem a viver inconformados com seu sexo. "Quem vive com esse sentimento apresenta forte tendência à mutilação e até ao suicídio. Nesses casos, a cirurgia pode ser uma alternativa."

Regulamentação

Apesar disso, a cirurgia de mudança de sexo ainda é encarada com reservas pela comunidade médica. Sua regulamentação é recente - foi autorizada pelo Conselho Federal de Medicina em novembro de 2002, depois de ser realizada experimentalmente durante cinco anos em hospitais universitários -, e há poucos trabalhos de pesquisa na área. Para ser realizada, a cirurgia deve obedecer a alguns critérios exigidos pela legislação, como avaliações de uma equipe multidisciplinar, diagnóstico preciso de transexualismo e acompanhamento psicológico de, no mínimo, dois anos.

"Trata-se de uma cirurgia plenamente inserida nos princípios da bioética", assegura Roquette, lembrando que os riscos e benefícios da operação foram cuidadosamente analisados com a paciente. Para o médico, um dos aspectos mais complexos de situações como as vividas por Tatiane está relacionado à precisão do diagnóstico de transexualidade, que deve levar em conta a prevalência do sexo psíquico sobre o genético. "É uma questão muito difícil, e nem todos os médicos estão dispostos a encará-la", conclui.

 

A cirurgia

A cirurgia de transgenitalização permite a mudança da genitália, ou seja, o aparelho sexual masculino é transformado no feminino ou vice-versa. Não há alterações genéticas, apenas estéticas. A mudança do sexo masculino para o feminino, a neocolpovulvoplastia, apresenta resultados melhores que a operação inversa, a neofaloplastia. Isso acontece devido às dificuldades técnicas relacionadas à formação do pênis em seus aspectos estéticos e funcionais. Por isso, a neofaloplastia é permitida apenas em caráter experimental.

O processo cirúrgico da cirurgia de neocolpovulvoplastia é composto de duas etapas. Na primeira, é amputado o pênis, e são retirados os testículos do paciente; em seguida, faz-se uma cavidade vaginal. A segunda etapa é marcada pela constituição plástica: com a pele do saco escrotal são formados os lábios vaginais. "Para tentar garantir o prazer, a reconstituição da vulva é feita com parte da glande do pênis, área responsável pelo prazer masculino", explica o ginecologista André Luiz Roquette. O paciente é acompanhado com terapia psicológica e administração de hormônios, para o desenvolvimento de características sexuais secundárias, como seios e formato da silhueta feminina.

 


Estudantes da Face ganham prêmio com plano de negócios

projeto Cachaça Libertas, desenvolvido pelos alunos Alexandre Teixeira Dias, Itamaury Teles de Oliveira, João Carlos Neves de Paiva e Luiz Carlos dos Santos, do mestrado em Administração da Face, receberam, no mês passado, o prêmio de melhor plano de negócios do concurso organizado pela Fundação Getúlio Vargas. O evento, realizado pela terceira vez em São Paulo, é disputado por estudantes e empresários ligados a faculdades de administração de vários países da América Latina.

O projeto dos mestrandos da UFMG baseia-se na criação da companhia Libertas Exportações Ltda., localizada na cidade de Salinas, no norte de Minas, região famosa por suas aguardentes de qualidade. Com o apoio de instituições de pesquisa de ponta, como Emater, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade de Montes Claros (Unimontes) e ICB/UFMG, a Libertas Exportações Ltda. promoverá, além da comercialização do produto, alternativas de geração de renda para famílias carentes da zona rural e ações de caráter ambiental, como a reutilização do bagaço da cana. O plano de negócios também contempla a implantação de incentivos ao turismo, a realização de cursos profissionalizantes e consultorias para os produtores rurais, e a criação de agências incubadoras de negócios na região.