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Nº 1404 - Ano 29 - 17.07.2003


/Guilherme de Brito

O bamba do samba

 

 

ma das principais atrações do 35º Festival de Inverno da UFMG, o compositor carioca Guilherme de Brito, é o que se pode chamar de um ícone do samba. Parceiro e amigo de Nelson Cavaquinho, com quem fizera até mesmo um pacto de exclusividade musical, Brito apresenta em Diamantina, no dia 20 de julho, as canções de seu novo disco, A Flor e o espinho, lançado recentemente. Aos 81 anos, ele sobe ao palco na cidade mineira ao lado do Trio Madeira Brasil. Nessa entrevista ao Boletim, o músico fala de seu novo disco, comenta a parceria com Nelson Cavaquinho, e revela seu amor pela cidade de Conservatória, no interior do Rio de Janeiro.

Como o senhor define seu mais novo disco A flor e o espinho?

Assinei contrato com a gravadora Lua para fazer três discos. A flor e o espinho reúne algumas das músicas de maior sucesso em minha carreira. Resolvi reunir todos neste novo lançamento. Ficou muito bonito. E é a primeira vez que me apresento com o Trio Madeira Brasil, a quem fui apresentado pelo produtor e músico Moacyr Luz. Eles fizeram arranjos diferentes, que me deixaram muito feliz. Eu tenho um repertório muito grande de músicas, que ainda não foram gravadas. O disco é composto por 15 canções, muitas delas sucessos já interpretados por outras pessoas, que gostaria muito de gravar do meu jeito. Há apenas uma canção inédita.

O que o senhor acha da nova geração de compositores?

Em minha opinião, o samba feito antigamente era muito mais caprichado. Para ser chamado de compositor, o cara precisava de muito esforço e dedicação. Do contrário, não arrumava nada. Mas tudo bem. Eu acho que há espaço para todos.

O senhor é muito citado como parceiro de Nelson Cavaquinho. Isso o incomoda?

De jeito nenhum. Desde quando não o conhecia pessoalmente, eu tinha vontade de chegar perto do Nélson. Ele tocava num café em Ramos, e eu desejava muito conhecê-lo. Admirava a maneira de ele se apresentar. Um dia, resolvi lhe mostrar a primeira parte do meu samba Garça. Nelson estava sempre no botequim São Jorge, eu saía para trabalhar, e o via lá. O estilo dele era exatamente igual ao que eu gostava de fazer. Cheguei perto dele, ele gostou de Garça e fez a segunda parte da canção. Daí surgiu nossa parceria.

Como era seu processo de composição com Nelson Cavaquinho?

Ele nunca entrou nos trechos compostos por mim. E eu nunca interferi na música dele. Éramos literalmente parceiros. Por exemplo, eu fazia a primeira parte, e deixava a segunda para ele. Ou seja, cada hora um fazia uma coisa. Um dia ele propôs que a gente não compusesse com mais ninguém. Naquela época, eu havia me tornado cumpadre dele. Eu aceitei o pacto com muita honra. Depois disso, ele fez apenas dois ou três sambas com outros compositores. Ao saber desses "pulos" ao nosso pacto, eu perguntava a ele: Nelson, que negócio é esse? E ele, uma criatura formidável, dizia que estava bêbado e não conseguira recusar os convites para novas canções. E assim fomos vivendo essa parceria até o fim.

Qual sua relação com a cidade de Conservatória (RJ)?

Eu vou muito para lá. Em Conservatória (considerada a capital nacional da seresta), várias casas recebem o nome de canções. Lá, vou inaugurar a plaquinha de meu samba Maria. Os amigos escolheram esse samba. Aliás, o que me levou a escolher essa cidade foi justamente a música. A primeira música que gravei, Meu dilema, feita com Augusto Calheiros, fez muito sucesso à época. Uma pessoa de Conservatória ouviu e me convidou a visitar o município. Eu me apaixonei pela cidade. É seresta o dia inteiro. Desde o primeiro dia, o hotel onde fico não me cobra a hospedagem. Eu sou muito grato ao povo de Conservatória. Quero ser enterrado lá.


Programação de eventos

20 de julho - Domingo

8h - Pintura na Praça
Locais: Praça do Mercado Velho,
Rua da Quitanda e Becos do Mota e da Tecla

10h - Concerto Duo de trombone e piston (músicos Alaércio e Pedrinho)
Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário

16h - Projeto Arte no Beco
Local: Becos do Mota e do Alecrim

20h30 - Show com Trio Madeira Brasil e Guilherme de Brito
Local: Teatro do Instituto Casa da Glória - IGC/UFMG

25 de julho - Sexta-feira

16h - Recital literário
Local: Rua Campos de Carvalho

21h - Mostra final dos resultados da oficina Teatro para Crianças e Adolescentes, ministrada pela professora Olga Freire Guimarães

26 de julho - Sábado

16h - Apresentação da Banda do Rato Seco
Local: Praça do Mercado

19h30 - O Sertão Que Nos Rodeia

20h30 _ Som das Luzes Show musical com Ivo Pereira (voz e violão)

Local: Igreja de Nossa Senhora do Amparo

De 21 a 25 de julho

18h - Café com Letras - Bate-papo com escritores e poetas
Local: Livraria e Café Estação B

De 6 a 26 de julho

9h às 18h - 1º Festival do Livro Diadorim.
Feira de livros, com saraus e recitais.
Local: Rua Campos de Carvalho

9h às 18h - Exposição de esculturas e luminárias em cipó e folha de coco, do artista Advânio Lessa.
Local: Livraria Diadorim (Rua Campos de Carvalho, 9)