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Nº 1471 - Ano 31 - 3.2.2005


O céu em 180º

Observatório adquire planetário móvel, equipamento que projeta astros em telas semi-esféricas

Ana Paula Ferreira


Renato Las Casas exibe a maquete da Escola de Astronomia e Ciências Afins: divulgação científica
Foto: Foca Lisboa


magine um daqueles cinemas 180º, que dão ao expectador a nítida impressão de participar das cenas? Agora, substitua a imagem projetada na tela pelo céu. Quem visitar o Observatório Astronômico Frei Rosário, na Serra da Piedade, a partir de março, ficará com a impressão de que as estrelas estão ali, bem ao alcance de suas mãos. "Efeitos especiais" como esses serão proporcionados pelo planetário móvel e inflável, que acaba de ser adquirido pela UFMG.

Planetários são equipamentos óticos que realizam a projeção do céu em telas semi-esféricas e permitem a visualização de planetas e estrelas. Por extensão, os edifícios que abrigam esses equipamentos também são denominados planetários. "Através de jogos de luzes, é possível reproduzir o céu de qualquer ponto sobre a superfície da Terra e em qualquer época do passado e do futuro", explica Renato Las Casas, professor do departamento de Física do ICEx e coordenador do Observatório da UFMG. "Basta posicionarmos as luzes corretamente e a projeção reproduzirá com precisão o céu real. Para descrever o movimento das estrelas em uma noite, é só girar o projetor de luzes", acrescenta Las Casas, para quem planetários são importantes meios de divulgação científica: "Eles aproximam o cidadão do mundo das ciências e tecnologias, despertando a curiosidade".

O Planetário tem cinco metros de diâmetro e pode receber até 35 pessoas. O fato de ser móvel e inflável dinamiza o uso do equipamento, pois permite sua montagem em diversos lugares. Além de aberto à visitação pública no Observatório da Serra da Piedade, o instrumento será usado em disciplinas e cursos de extensão ofertados pelo departamento de Física e nas visitas que os especialistas do Observatório fazem a escolas, clubes e cidades do interior de Minas.

A primeira exibição será no dia 5 de março, no Observatório Frei Rosário, na Serra da Piedade, a partir das 17h. O Observatório abre ao público no primeiro sábado de cada mês, sempre entre 17 e 23h. Escolas e outros grupos interessados devem agendar visita pelo telefone (31) 3499-5679.

Escola de Astronomia

Desde as mais antigas civilizações, a idéia de projetar o céu povoa o universo das brincadeiras noturnas. Os primeiros projetores envolviam qualquer fonte de luz, como um lampião, associado ao couro, metal ou outro material que recebesse furos milimétricos. A luz que passava por esses furos se transformava em estrelas ao incidir em um anteparo.

O primeiro planetário moderno foi inaugurado em 1923, na Alemanha, encomendado pelo Deustches Museum à fábrica Carl Zeiss. A cúpula em que as simulações eram feitas possuía 9,8 metros de diâmetro e foi instalada no teto da fábrica. As imagens projetadas encantavam os visitantes e o sucesso foi tamanho que planetários proliferaram pelo mundo. Com o desenvolvimento da informática e da robótica tornou-se possível o uso simultâneo e/ou consecutivo de projetores de slides, de vídeo, vídeolasers e cinema 180º, aumentando o fascínio provocado pelas projeções e suas possibilidades didáticas.

Na América Latina, o primeiro planetário fixo foi inaugurado em 1957, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. No Brasil, estão instalados e em funcionamento 21 planetários fixos e vários outros móveis, sem contar os que estão em fase de implantação e os novos projetos.

Há cerca de dez anos, a UFMG tenta obter recursos para a construção da Escola de Astronomia e Ciências Afins (Eaca), que abrigará um planetário. Coordenador do projeto, o professor Las Casas explica que a intenção é dotar a escola de salas para realização de cursos, palestras e seminários, galerias para exposições, oficinas e feiras de ciências: "Belo Horizonte é a única grande cidade brasileira que não possui planetário. Carecemos de um centro de ciências capaz de atrair grandes exposições e que ponha a população em contato com o conhecimento astronômico". O terreno que abrigará o futuro planetário já está definido: fica numa área de 16 mil metros quadrados próxima ao Centro Esportivo Universitário (CEU). O projeto está orçado em R$ 15 milhões.