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Nº 1590 - Ano 34
12.11.2007

Espetáculo de campus!

Felipe Zig
galpao

Programação da UFMG ganha destaque na cena cultural de BH

Itamar Rigueira Jr.

Era uma quarta-feira como outra qualquer e a fila crescia, no horário de almoço, na entrada do auditório da Reitoria da UFMG. Havia pessoas sentadas nas escadas laterais, e algo parecia inevitável: muita gente ia ficar de fora. Mas eis que o gaúcho Yamandú Costa, virtuose do violão, convidou as pessoas a se sentarem junto dele, no palco. Pronto, todo mundo pôde ver o show.

Nem sempre os espaços estão superlotados, mas o horário de almoço na quarta e o fim de tarde em duas quintas-feiras do mês são sagrados: alunos, professores, servidores e até moradores da região da Pampulha aparecem para assistir a espetáculos de teatro, dança e música que compõem as duas séries coordenadas pela Diretoria de Ação Cultural: Quarta Doze e Trinta e Uma Tarde no Campus, esta última às quintas-feiras, a cada 15 dias. O auditório da Reitoria e a arena da Praça de Serviços são os palcos mais comuns, mas outros espaços – como a arena da Escola de Belas-Artes, os jardins internos da Fale e até a olaria da Estação Ecológica – também são utilizados.

Outra forma de aferir sucesso é o interesse dos artistas em se apresentar em determinado local, para determinado público. “Eles nos procuram, encaminham propostas e muitos cobram bem abaixo de sua tabela, já que nosso cachê é modesto”, explica o produtor Sérgio Diniz, que chefia a equipe de programação da DAC, responsável pela vinda de nomes como Francis Hime, Guinga, Pereira da Viola, Paulinho Pedra Azul e Vander Lee.

Segundo Sérgio Diniz, os artistas vêem na Universidade a possibilidade de divulgar seu trabalho para um público qualificado, formador de opinião, em horários alternativos, e encontra aqui equipamentos que atendem às suas necessidades. A parte técnica é viabilizada pela Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC), parceira dos projetos. No caso do Quarta Doze e Trinta, cachês e outras despesas são custeados, em grande parte, pela Nossa Cooperativa de Crédito, a Nossacoop.

Tempos efervescentes

Para os produtores, levar os artistas ao campus Pampulha é uma aposta na divulgação. “O projeto envolve estudantes, o que já é bem legal, e mostra artistas de estilos diferentes ou menos conhecidos”, argumenta Patrícia Lacerda, da Jardim Produções, que, recentemente, intermediou a apresentação do cantor Pena Branca no Quarta Doze e Trinta.

Para alguns veteranos, uma apresentação na UFMG relembra tempos mais efervescentes, em que shows musicais lotavam os campi de estudantes sedentos por música de qualidade. “Esse hábito foi se diluindo com a ditadura e com a pouca atenção dada à cultura por governos seguintes e, mais recentemente, prejudicado pelos meios de comunicação, que disseminam música ruim”, lembra o compositor e violonista Guinga, que diz ter ótimas recordações das vezes em que se apresentou na UFMG. “É um reduto de resistência cultural. Além disso, tocar para os mineiros me deixa sempre emocionado”, ele diz.

Às vezes o tempo é curto, mas o programa vale a pena. Elisa Massa, aluna de Psicologia, é freqüentadora do Quarta Doze e Trinta. “O horário é apertado por causa da aula, mas vou assim mesmo”. Ela conta que viu peças de teatro “muito legais”, mas destaca o Grupo Sarandeiros, de dança folclórica. “É muito bacana, ainda mais que é da própria Universidade”.

Programação reforçada

A programação artística da Universidade ganhou reforço de peso em 2007, com as comemorações dos 80 anos da UFMG. Em outubro, o grupo Galpão (foto ao lado) lotou o gramado em frente à Reitoria. O público foi estimado em 3.500 pessoas, num início de noite de quarta-feira. O espetáculo encenado foi Um Molière imaginário, adaptado da obra O doente imaginário, do comediógrafo francês Molière.

Duas semanas mais tarde, no mesmo local, a comunidade universitária assistiu a uma versão reduzida da ópera Il Dissoluto Punito Ossia Don Giovanni, de Mozart. A obra será apresentada em 2008, de forma integral, em praças de Belo Horizonte, como parte do projeto cultural Don Giovanni nas Ruas. Para fechar as comemorações, a UFMG recebe, em 6 de dezembro,
o grupo mineiro Uakti, de música instrumental.