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Nº 1900 - Ano 41
20.04.2015

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Educadores no debate

Projeto coordenado por professores da UFMG envolve pesquisadores em ações que discutem alternativas para a educação pública brasileira

Hugo Rafael

O espaço de debate sobre a educação no Brasil tem sido ocupado por profissionais de diversas áreas, como economistas, psicólogos e sociólogos. Participar da disputa pelos sentidos da educação no espaço público motivou a criação, em 2007, do projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil – 1822-2022. Coordenado pelos professores Luciano Mendes de Faria Filho, da Faculdade de Educação, e Tarcísio Mauro Vago, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, o projeto articula ações de ensino, pesquisa e extensão em universidades brasileiras.

“O projeto parte de uma reflexão sistemática sobre o desafio que é a educação pública”, ressalta Luciano Faria Filho, que destaca ainda que as ações buscam amplificar a comunicação pública da pesquisa em educação no país. De 2002 a 2003, os professores coordenaram pesquisa sobre intelectuais mineiros e educação. “Elegemos personagens nascidos em Minas ou que aqui tiveram atuação marcante para observar suas reflexões. Constatamos que a maioria possuía relação com jornais – alguns eram articulistas, outros donos. Isso chamou muito a nossa atenção”, lembra o professor.

Em contrapartida, os autores do estudo constataram que, na contemporaneidade, o pesquisador da educação praticamente não aparecia nos debates nas mídias. “Isso gerou uma discussão sobre a criação de projeto capaz de mobilizar a comunidade acadêmica da área para intervir no debate, dialogando com a escola pública e seus professores”, explica.

Sustentado por pesquisas acadêmicas, o projeto conta com página na internet (www.pensaraeducacao.com.br), programa na Rádio UFMG Educativa, seminário sobre temas da educação, coleção de publicações e boletim semanal, com 78 edições já veiculadas e cinco mil assinantes.

“O boletim é a ação mais recente. Vai ao ar toda sexta-feira à tarde em nosso site, contemplando a divulgação científica na área de educação. É também um espaço de disputa de opiniões repercutido por vários órgãos de pesquisa e publicações do país. Embora tenha começado na UFMG, o projeto ultrapassa as fronteiras da Universidade”, destaca Luciano Mendes.

Na opinião do professor, ainda faltam canais na comunicação pública para discutir a educação. “Queremos envolver prioritariamente professores da escola básica, estimados em cerca de dois milhões de profissionais. Nossa estratégia imediata tem sido mobilizar pesquisadores da Universidade no campo da educação para intensificar o diálogo com a escola pública”, informa.

“A educação é um campo muito disputado, que gera muito interesse, e nós temos o que dizer. Não somos a única voz autorizada. A educação pode ser discutida de forma legítima por várias áreas, mas temos a especificidade de desenvolver pesquisas com essa temática, inseridos na Universidade. Não acreditamos que a pesquisa seja o único modo de dizer da educação. É um meio legítimo, tanto quanto os outros”, avalia o professor.

O Pensar a Educação Pensar o Brasil também envolve integrantes do Centro de Pesquisa em História da Educação (Gephe) da UFMG e uma rede de parceiros de universidades e outros órgãos de pesquisa no país. “Hoje contamos com o apoio de inúmeras instituições públicas de ensino superior no Brasil e de agências de fomento, como CNPq e Fapemig”, destaca Luciano de Faria Filho.

O período 1822-2022, que figura no título do projeto, busca explicitar e problematizar a questão do bicentenário da Independência do Brasil e discutir o conceito de educação nos projetos de país desenvolvidos ao longo do tempo. “Buscamos entender o papel da educação nesse processo e problematizá-lo”, afirma.

Desdobramentos

O programa veiculado semanalmente, às segundas-feiras (20h-22h), na Rádio UFMG Educativa, foi uma das primeiras ações desenvolvidas no âmbito do projeto. “Ainda em 2006, começamos a planejar o programa na rádio para discutir questões do cotidiano da educação e o seminário”, lembra.

O seminário, cujo tema é escolhido anualmente, ocorre em várias edições mensais na FaE e conta com pesquisadores de todo o país e transmissão simultânea na Rádio Web FaE (www.radio.fae.ufmg.br). Neste ano, a discussão diz respeito à formação de professores, com o tema Das escolas normais à pós-graduação: 180 anos de formação de professores no Brasil. Os seminários deram origem a uma disciplina ofertada também anualmente no Programa de Pós-graduação em Educação. Neste ano, o tema é Pensar a educação: formação de professores”.

No fim deste mês, será lançada revista online de revisão bibliográfica sobre temas da área da educação. O lançamento da publicação Pensar a Educação em Revista ocorrerá durante a edição mensal do seminário no próximo dia 30, às 19h, no auditório da FaE. “A cada edição, um pesquisador de referência será convidado a escrever uma revisão sobre determinado tema e proporá dez textos de outros pesquisadores. Trimestralmente, vamos publicar o texto inédito e os que forem indicados. O tema da primeira edição é Intelecutais e educação”, explica o coordenador do projeto.

Das oito ações planejadas, esta é a sétima em implantação. “Estamos trabalhando para lançar, também neste ano, uma revista pedagógica destinada a professores da escola básica. Queremos que ela seja feita de forma conjunta com esses docentes, mobilizando-os a produzir conteúdo que dialogue com a escola básica, promova a divulgação científica e o compartilhamento de experiências”, antecipa.