Cláudio de Carvalho Xavier /Divulgação |
O livro O cosmopolitismo do pobre, publicado pela Editora UFMG em 2005, rendeu ao escritor e professor Silviano Santiago o prêmio Mário de Andrade - ensaio literário, condecoração oferecida pela Fundação Biblioteca Nacional, ligada ao Ministério da Cultura (MinC). Um dos mais importantes pensadores da cultura brasileira na atualidade, Santiago recebeu, no dia 15 de março, um troféu e a premiação de R$10 mil. A obra vencedora, escolhida por júri formado por Carlos Alberto Sepúlveda, Rachel Bertol e João Adolfo Hansen, significou o retorno do autor de volta ao gênero ensaio após 15 anos. Nas palavras do próprio Silviano Santiago (leia íntegra de entrevista concedida ao Boletim da UFMG), o “ensaio se apresenta como um texto escorreito, de feição híbrida. Tem algo da escrita artística e também da escrita científica. Por um lado, falta-lhe a liberdade da arte porque o ensaísta é um leitor que trabalha a partir de exemplos concretos, tomados de outros textos e dos meios de comunicação de massa. Por outro, faltam-lhe os princípios disciplinares da ciência já que o ensaísta é um indivíduo obsessivo que sai em busca do conhecimento multidisciplinar de dada questão”. O cosmopolitismo do pobre expressa a preocupação política e social do autor. Na obra, são abordadas questões relacionadas à globalização e ao papel da leitura na formação dos indivíduos. Segundo Santiago, “o ensaio fala de maneira individual e obsessiva sobre a atualidade e deve dialogar com todo e qualquer cidadão que se interesse pelas questões propostas pela realidade nacional e internacional”. O prêmio As obras devem ser obrigatoriamente de brasileiros natos ou naturalizados, com idade igual ou superior a 18 anos. No caso do Prêmio Paulo Rónai, para tradução, o tradutor deve ser de nacionalidade brasileira. Cada premiado recebe R$10 mil e um troféu. Já os editores recebem uma placa pela publicação do livro O escritor Foi um dos fundadores do grupo Complemento, que publicou revista homônima, onde veio à tona a produção intelectual da nova geração de artistas e escritores mineiros da época. Por essa ocasião, participou da antologia Quatro Poetas e publicou, em parceria com Ivan Angelo, o livro de contos Duas Faces. Em 1961, transferiu-se para o Rio de Janeiro, para cursar o Centro de Estudos Superiores da Aliança Francesa e, no ano seguinte, viajou para a França, com bolsa do governo francês, para o doutorado na Universidade de Paris/Sorbonne. Transferindo-se para os Estados Unidos, lecionou nas universidades de Novo México e Rutgers, e na Universidade de Toronto, no Canadá. De volta ao Brasil, em 1974, radicou-se no Rio de Janeiro, onde lecionou na PUC-Rio e na Universidade Federal Fluminense (UFF), além de exercer atividades como professor visitante em inúmeras universidades brasileiras e estrangeiras. Foi um dos criadores da Associação Brasileira de Literatura Comparada e introdutor no Brasil dos estudos comparatistas e culturalistas, e do pensamento do filósofo francês Jacques Derrida. Silviano Santiago tem produzido extensa obra ensaística e ficcional, que já lhe rendeu três prêmios Jabuti, além de outras premiações. É autor de Nas Malhas da Letra, Uma Literatura nos Trópicos e Cosmopolitismo do Pobre (ensaio), Stella Manhattan, Em Liberdade, O Falso Mentiroso, Histórias Mal Contadas, Keith Jarret no Blue Note (ficcção), entre outros. (Leia mais sobre Silviano Santiago).
Concedidos anualmente, os prêmios de literatura da Fundação Biblioteca Nacional são escolhidos por comissões compostas por três jurados em cada uma das sete categorias (Alphonsus de Guimarães – poesia; Machado de Assis – Romance; Clarice Lispector – Conto; Mário de Andrade – Ensaio literário; Sérgio Buarque de Holanda – Ensaio social; Paulo Rónai – Tradução e Aloísio Magalhães – Projeto gráfico).
Um dos mais notáveis escritores brasileiros contemporâneos, Silviano Santiago é mineiro de Formiga, onde nasceu em 1936. Graduou-se em Letras pela UFMG, em 1959. Destacou-se em Belo Horizonte, no final da década de 1950 e início da década de 1960, como crítico de cinema, vinculado ao Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), poeta e contista.