Um grupo de pesquisadores do Laboratório de Bioengenharia (Labbio) da UFMG, coordenado pelo professor Marcos Pinotti, desenvolveu uma órtese dinâmica para mão que permite a flexão e extensão dos dedos, restaurando o movimento de pinça para o usuário que perdeu essa habilidade. A tecnologia é considerada inédita, já que no Brasil não há órteses como essa, que possibilitam restaurar a capacidade funcional dos membros superiores. As próteses e órteses são dispositivos que auxiliam alguma função prejudicada do corpo humano. As próteses têm uso indefinido, elas substituem membros quando amputados, por exemplo. Já as órteses são dispositivos ortoédicos destinados a alinhar, prevenir ou corrigir deformidades ou melhorar a função de partes do corpo relacionados ao movimento. Por esse motivo, seu uso, em geral, é temporário nos casos de lesões em que o membro foi preservado. Em acidentes ou lesões nas mãos elas são usadas para ajudar na recuperação do paciente, restaurando a capacidade funcional desses membros superiores. No Brasil, existem vários tipos de órteses disponíveis. No entanto, todas são estáticas ou passivas, ou seja, não proporcionam movimento. “A função da órtese estática é colocar a parte do corpo que está sendo tratada em determinada posição, a partir da qual o paciente consegue realizar algum movimento específico. A órtese dinâmica atua nas articulações, provocando o movimento”, explica Pinotti. “Por esse motivo, ela pode devolver o movimento para quem o perdeu e ajudar no processo de neuroplasticidade de quem tem chance de recuperação”, diz. Neuroplasticidade é a capacidade de adaptação às mudanças nas condições em que o indivíduo interage com o ambiente a sua volta. Tecnologia “Nossa ideia foi criar um dispositivo pequeno e leve, que fosse muito confortável”, diz o professor. “Quando a pessoa tem intenção de fazer um movimento, ocorre ativação elétrica nos músculos, que aciona o motor. A escolha dos músculos que vão acionar a luva depende do tipo de lesão, mas eles têm de ser antagônicos, isto é, ter movimentos opostos”, explica Pinotti. Segundo o professor, o dispositivo é capaz de realizar o movimento de abertura e fechamento da mão (pinça) em indivíduos com paralisia, restabelecendo o movimento necessário para a realização de tarefas diárias. A luva é feita com polímero termomoldável, que pode ser personalizada para cada usuário. A órtese tem protótipo funcional que já foi submetido aos primeiros testes clínicos em pacientes, considerados favoráveis. A tecnologia já foi patenteada pela UFMG. Leia mais em reportagem sobre o dispositivo feita pelo Boletim UFMG.
A nova órtese de mão é composta por três módulos principais: uma luva, um músculo artificial eletromecânico e um módulo de controle. A luva possui tendões artificiais ligados a um motor que faz a mão abrir e fechar. O acionamento da órtese é realizado pelo usuário por meio da captação de sinais mioelétricos gerados pela contração voluntária de músculos preservados. Eletrodos de superfície são responsáveis pela captação desses sinais.
(Com Sebrae)