![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|
![]() |
![]() |
|||
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|||
![]() |
||||
![]() |
![]() |
|||
![]() |
![]() |
Primeira
página![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Segunda
página ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Terceira
página![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Quarta
página ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Quinta
página ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Sexta
página ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Setima
página ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Oitava
página ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Edições
Anteriores ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|||
![]() |
Morte e exclusão na telinha
TV UFMG exibe reportagens de alunos da Comunicação sobre o "corpo morto"
Maurício Guilherme Silva Júnior
exclusão
social pode ultrapassar os limites da vida. Mesmo após a morte, milhares
de pessoas permanecem alijadas dos preceitos da cidadania. Todos os dias,
em Belo Horizonte, o Instituto Médico Legal (IML) recebe corpos de
indivíduos que jamais serão reconhecidos pela família.
Se, quando vivos, tais homens e mulheres pouco receberam, também no
fim da linha terão direito apenas a uma vala comum e a alguns números
de identificação. Complexo por natureza, o tema dos corpos abandonados
é foco de uma das reportagens recentemente produzidas por alunos do
curso de Comunicação Social da Universidade, e veiculadas no
programa Câmera Aberta, da TV UFMG (canal 15).
Coordenadas pela professora Mirian Chrystus, as reportagens basearam-se na difícil tarefa de abordar, de maneira poética e elegante, assuntos pesados e polêmicos. Além da indigência descoberta no IML, os estudantes produziram uma crônica jornalística sobre "o corpo vivo e o corpo morto" e uma entrevista com a vice-diretora da Faculdade de Educação da UFMG, Antônia Soares, irmã e cunhada de dois guerrilheiros do Araguaia, mortos pelo regime militar.
A pauta surgiu durante atividades dos alunos junto ao Laboratório de Processos Jornalísticos. A discussão dos temas margeou o amplo debate entre o interesse público e o interesse "do" público. "Assuntos como sexo e morte, muito atraentes para as pessoas, são tratados de forma banal pela mídia. Buscamos abordar o tema de maneira elegante", ressalta a roteirista Renata Ornelas, do 7º período de Comunicação Social. Para Mirian Chrystus, o espaço da TV universitária é propício ao debate de questões vistas como "malditas" pelas emissoras comerciais. "Se, por um lado, não há como cobrir o fato ocorrido na hora, as emissoras universitárias têm a possibilidade de fazer jornalismo aberto à experimentação", argumenta.
Arte e sentimento
Nas produções, os alunos lançaram mão de diversas manifestações e meios artísticos. A entrevista de Antônia Soares, por exemplo, foi ilustrada por cenas de tortura do filme A batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo. Já a crônica, que dura pouco mais de um minuto, contou com referências da fotografia, da poesia, das artes plásticas, da dança e da música. "A escolha das imagens obedeceu a um ritmo contemplativo. Foram usadas fotos de pessoas mortas de grandes fotógrafos que trabalham com o tema", explica Mirian Chrystus. Além de metáforas imagéticas - um corpo morto "como um piano mudo" -, o telespectador acompanhará a narração ao som de Bach e O Grivo.
Com duração aproximada de quatro minutos cada, a entrevista e a reportagem produzidas pelos alunos não se prendem à descrição de fatos e dados numéricos. Apesar da apuração cuidadosa, responsável pela descoberta de informações interessantes e, por vezes chocantes, os sentimentos prevalecem. Os produtores buscaram resgatar, de forma jornalística e poética, as angústias, os anseios, as esperanças e os absurdos referentes a tantos corpos desaparecidos ou não-reclamados.
A série revelou dados impressionantes. A reportagem do IML, por exemplo, mostra que, dos cerca de seis mil corpos dos indíviduos que chegam anualmente ao Instituto, 20% não são reclamados pelas famílias. Para abrigar os desconhecidos, há 44 "geladeiras". Não se prender a tais dados foi o caminho escolhido para que, mais uma vez, as barbáries de uma sociedade excludente não se transformassem em números frios. "Se a experiência foi dura, a matéria procurou tratar de tudo com a máxima delicadeza", conclui a professora Mirian Chrystus.
Câmera
aberta é exibido às segundas-feiras (20 horas); terças
(11h30); quintas (15h); e sextas (13h), na TV UFMG (Canal 15). A entrevista
com Antônia Soares foi ao ar nos dias 17, 19, 20 e 21 de novembro. A
crônica está sendo veiculada nesta semana (27 e 28 de novembro)
e a reportagem sobre o IML ganha a telinha nos dias 1o,
3, 5 e 6 de dezembro.
Coordenação da série: professora
Mirian Chrystus, do departamento de Comunicação Social da Fafich
Alunos: Renata Ornelas, Michel Oliveira, Ana Fazito, Daniel Antunes,
Diamantino Feijó e Leonardo Oliveira.