Busca no site da UFMG




Nº 1421 - Ano 30- 18.12.2003


UFMG lança CD-ROM sobre republicanismo em Minas Gerais

Maurício Guilherme Silva Jr.

 

studantes podem agora "viajar" pela história, através da tela de um computador, em direção aos principais fatos que levaram à formação do imaginário republicano em Minas Gerais. No último dia 12 de dezembro, em homenagem ao aniversário da capital mineira, a UFMG entregou a Belo Horizonte o CD-ROM Visionários - Imaginação republicana em Minas Gerais, que percorre quatro matrizes históricas da consolidação do regime político no estado. Produzido e desenvolvido por alunos da Universidade, sob coordenação da professora Heloísa Starling, do departamento de História da Fafich, o CD pode ser definido como uma "viagem" interativa pela cidade e suas principais referências históricas. O produto faz parte das ações do projeto República, da Universidade.

Patrocinada pela Petrobrás, a iniciativa conta com surpresas culturais e informativas sobre a tradição do republicanismo no estado. A começar pela abertura do CD-ROM, em que o "viajante" logo se depara com a canção Ah! Se eu me apanho em Minas, de Tavinho Moura e Fernando Brant, dedicada à história da república em Minas. A música, aliás, é apenas um dos recursos utilizados pelos estudantes no trabalho. Destinado às escolas da rede pública belo-horizontina de ensino, o CD foge ao caráter enciclopédico. "Ele é acessível tanto a estudantes como ao público não-acadêmico. Não há palavras-chave. Procuramos, na verdade, contar uma história", explica Heloísa Starling.

Navegação

Há várias formas de compreender o imaginário republicano nas Minas Gerais através do CD-ROM. Personagens, acontecimentos e análises podem ser consultados de forma "linear" ou "dinâmica", conforme expressão dos próprios idealizadores da iniciativa. A leitura cronológica pode ser feita pelos links República florente; República insurgente; Uma cidade para a República e República em obras. Cada um dos quatro períodos históricos conta com imagens, fotografias, poesias, ensaios, canções e vídeos.

Além de bem produzido, o CD guarda surpresas para o usuário. A objetividade dos historiadores não impediu que, além do resgate iconográfico e fotográfico, aparecessem no CD diversas "brincadeiras" e ironias com os acontecimentos e figuras do passado. Que o digam as canções referentes a características marcantes de determinados personagens. Compositores e intérpretes modernos cantam muitas das venturas e desventuras da república. Teófilo Ótoni, por exemplo, é comparado àqueles homens que também "se chamavam sonhos", segundo a música e os versos de Clube da esquisa no II, composta por Lô Borges, Márcio Borges e Milton Nascimento.

Os "viajantes" que desejarem realizar a leitura dinâmica ficarão surpresos com a tecnologia envolvida na criação do CD. Para consultar o material de forma não-linear, há um mapa de Belo Horizonte que permite visitas a diversos pontos da cidade, como se ela estivesse sendo sobrevoada. Basta ao usuário clicar no item desejado - rua, avenida ou edificação - para ter acesso a uma infinidade de informações. Dessa forma, a história do imaginário republicano nas Minas Gerais pode ser contada por meio de cada trechinho ou construção belo-horizontina.

Em cada verbete escolhido no mapa, há referências a outros ícones. A construção da Igrejinha da Pampulha, por exemplo, remete a uma série de informações sobre a obra, como o projeto desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek. "Neste ponto, aliás, o CD é finalizado com a idéia de que o projeto modernista de Brasília começa na capital mineira", conta Heloisa Starling.

Trabalho coletivo

Os alunos envolvidos no projeto que culminou com o CD-ROM participaram de todas as etapas de criação. Além de realizar ampla pesquisa histórica - tirou fotos, produziu vídeos e entrevistou pessoas ligadas à consolidação do imaginário republicano em Minas Gerais. O desenvolvimento técnico do CD-ROM ficou a cargo do Laboratório Gráfico para Ensino de Arquitetura (Lagear), da Escola de Arquitetura, coordenado pelo professor José dos Santos Cabral Filho.

A "viagem" histórica dos usuários contará também com dois anexos. Trata-se de uma série de análises científicas e do que aqui pode-se chamar "diário de bordo". Além de textos escritos por professores da UFMG e de outras universidades brasileiras, há depoimentos artísticos e poemas. Os ensaios acadêmicos dialogam com as quatro matrizes históricas descritas pelo CD-ROM. Já o "diário" está relacionado à inclusão da bibliografica empregada no trabalho e à lista dos recursos fonográficos.


CD-ROM: Visionários - Imaginação republicana em Minas Gerais nos séculos XVIII, XIX e XX
Alunos: Augusto Carvalho Borges, Bruno Pimenta Starling, Bruno Viveiros Martins, César Gonçalves de Oliveira, Clarissa Teixeira Fazito Rezende, Denis Martins Corrêa, Jonas Soares Lana, Marcela Telles Elian de Lima, Maria Carolina Junqueira Fenati e René Lommez Gomes
Coordenação: Heloísa Maria Murgel Starling
Patrocínio: Petrobrás
Apoio: Prefeitura de Belo Horizonte, Museu Histórico Abílio Barreto, Associação de Amigos do Museu Abílio Barreto