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Nš 1495 - Ano 31
11.08.2005



A gente não quer só comida

Aprendizes da Cruz Vermelha enriquecem sua vivência na UFMG participando de palestras, oficinas e grupos de discussão

Ana Rita Araújo

les têm de 16 a 18 anos e trabalham nas unidades acadêmicas e administrativas da UFMG. Embora sua atividade os leve a percorrer os campi de ponta a ponta, na maioria das vezes finalizam seu período de aprendizado sem conhecer de fato a Universidade nem usufruir o conhecimento nela produzido e disseminado. São os aprendizes da Cruz Vermelha, meninos e meninas que recebem salário mínimo para exercerem tarefas de serviços gerais em toda a Universidade.

Desde março deste ano, 76 dos 200 jovens trabalhadores da UFMG participam do Projeto Inter-Agindo, parceria da Pró-Reitoria de Recursos Humanos com a Faculdade de Educação que tem por objetivo capacitá-los para o mercado de trabalho e para a própria vida. Um dia por semana, deixam o serviço burocrático de seus setores e ocupam salas de aula nas unidades acadêmicas, onde participam de programação que inclui palestras, oficinas e grupos de discussão.

A oficina de fotografia, por exemplo, já gerou frutos. Na primeira semana de agosto, os trabalhos nela produzidos foram expostos na Praça de Serviços. A mostra, de caráter itinerante, deverá percorrer outros espaços da Universidade. "Adorei participar desta experiência", afirma Isabela de Carvalho Pires, 16 anos, que trabalha no Departamento de Planejamento Físico e Obras (DPFO). Aluna do 2o ano do ensino médio, Isabela, que pretende cursar Hotelaria ou Ciências Contábeis, garante que o Inter-Agindo já repercute de forma positiva em sua vida. "Estou aprendendo muita coisa. Participar dessas atividades me ajuda a expressar melhor e a escutar as pessoas", diz.

Já a oficina Estilo e Expressão buscou preparar os alunos para falar em público e para entrevistas de trabalho. "Procuramos potencializar o caráter educativo e proporcionar o maior número possível de experiências, para que estes jovens tenham mais elementos ao fazer escolhas", diz Claudinéia Pereira Coura, uma das monitoras do Projeto.

Ela explica que até mesmo o ambiente para o desenvolvimento do Projeto é variado, com o intuito de levar os participantes a conhecer toda a Universidade. "Já tivemos atividades na Escola de Belas Artes, no Instituto de Ciências Biológicas, na Faculdade de Farmácia, e este mês estamos na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas", diz. "Queremos que eles vislumbrem a Universidade como um espaço a ser usufruído e que pode vir a fazer parte das suas vidas de outra forma, como futuros alunos", acrescenta Claudinéia Coura.


Eber Faioli

Jovens e monitores do projeto Inter-Agindo: capacitação para o mercado de trabalho e para a vida

 

Até novembro, quando será finalizado o trabalho com a primeira turma, os adolescentes terão discutido temas como diversidade cultural, raça e etnia, identidade, sexualidade, participação política, cidadania, direitos humanos e projetos de vida. Além das aulas, oficinas e palestras, o Projeto procura estimular o gosto por atividades esportivas e culturais. "Temos o vale-cultural, que fornece uma vez ao mês ingresso para cinema, em convênio com o Espaço Unibanco, e estamos procurando parcerias com teatros, para ampliarmos as opções culturais", comenta a monitora, ao lembrar que o Palácio das Artes abrirá suas portas para receber a turma. Em setembro, o grupo deverá fazer uma excursão a Ouro Preto.

Observatório da Juventude

O Projeto Inter-Agindo, elaborado para atender demanda proposta pela Pró-Reitoria de Recursos Humanos, está vinculado ao Programa Observatório da Juventude, coordenado pelo professor Juarez Dayrell. Criado em 2002, com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e do Centro Cultural da UFMG, o Observatório é um programa de ensino, extensão e pesquisa da Faculdade de Educação da UFMG que desenvolve atividades de investigação, levantamento e disseminação de informações sobre a situação dos jovens na Região Metropolitana de Belo Horizonte, além de promover a capacitação de jovens e de educadores e alunos de graduação da UFMG interessados na problemática juvenil.