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Nº 1708 - Ano 36
30.8.2010
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Ana Rita Araújo
Seu foco é o estudo do sistema nervoso, a partir de abordagens tão amplas que vão da célula – o neurônio, mais precisamente – ao comportamento; da ciência básica à clínica; e da arte à tecnologia. Essa definição de neurociência, sugerida pelo professor Fabrício Moreira, do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, explica a multiplicidade de temas que compõem a programação do IV Simpósio de Neurociências, que se realiza esta semana no campus Pampulha.
“Campo de pesquisa que tem interesse no estudo de aspectos comportamentais, a neurociência parte da premissa de que o comportamento tem base biológica. E para estudá-la utilizamos diferentes tipos de instrumentos – das áreas de exatas, biologia, humanas e artes”, completa a professora Ângela Maria Ribeiro, coordenadora do simpósio que reunirá pesquisadores da UFMG, de outras instituições brasileiras e do exterior.
Com o tema central Neurociências – desafios sem fronteiras, o evento abordará, em cinco mesas-redondas, questões como interfaces cérebro-computador, avanços das neurociências e desafios da educação, as várias dimensões do transtorno bipolar, possíveis efeitos ansiolíticos e antidepressivos dos canabinoides, e ambiente enriquecido e reserva cognitiva. Três palestras, onze cursos e apresentações artísticas completam a programação.
O encontro também reflete a rica troca de experiências que marca o cotidiano dos grupos de pesquisa da UFMG envolvidos com a neurociência, em mais de dez departamentos, de sete unidades acadêmicas – faculdades de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), Medicina e Educação (FaE); escolas de Engenharia e de Música; institutos de Ciências Biológicas (ICB) e de Ciências Exatas (Icex).
“Todas essas áreas dão contribuições para o entendimento de como funciona o cérebro, ou melhor, o tripé composto pelos sistemas nervoso central, imunológico e endócrino”, diz Ângela Ribeiro. Assim, além das subdivisões da biologia – como fisiologia, morfologia, bioquímica e farmacologia –, a neurociência utiliza, por exemplo, recursos da Medicina, como neurologia, psiquiatria, fisioterapia e fonoaudiologia; das engenharias Elétrica e Eletrônica, com análises e processamento de sinais; e da Psicologia, como neuropsicologia, psicometria e psicologia experimental. “Não significa simplesmente usar métodos de diferentes disciplinas por meio de colaborações técnicas, mas envolver professores e estudantes de diferentes áreas que se organizam em equipes para responder questões e testar hipóteses”, reforça.
Ângela Ribeiro comenta que a criação do programa de pós-graduação em Neurociências, em 2006, formalizou e estimulou na UFMG permanente integração entre diversas subáreas do conhecimento. Também gerou um anseio, entre estudantes e professores, de criar e consolidar na Universidade um sistema não vinculado a unidades acadêmicas, e que possa, segundo a pesquisadora, “acolher docentes de qualquer uma delas, facilitando o desenvolvimento e a gestão de atividades relacionadas à formação de recursos humanos e à produção do conhecimento em caráter inter e transdisciplinar..”
Cada uma das cinco mesas-redondas segue modelo adotado pelo evento desde a sua primeira edição, em 2007, e reúne pesquisadores da UFMG, um convidado externo – com o intuito de estabelecer diálogo com outras instituições – e um aluno do programa de pós-graduação. Cursos pré-simpósio serão realizados a partir de segunda-feira, 30 de agosto. A abertura oficial do evento acontece na quinta-feira, 2, às 18h, no auditório da Reitoria, seguida de palestra do geneticista Sérgio Danilo Pena. A programação também inclui palestras de Norberto Garcia Cairasco, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e de Rafael Laboissière, do Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (Paris).
A primeira mesa-redonda, que enfocará avanços das neurociências e os desafios da educação, prevê apresentação de projetos como o Neuroeduca, coordenado pela professora Leonor Bezerra Guerra, do ICB, que capacita docentes da rede pública nos fundamentos biológicos do processo ensino-aprendizagem.
A segunda discutirá o tema Neurociências e agentes artificiais, com apresentação de conceitos e projetos experimentais de controle de máquinas através do pensamento e modelos artificiais que procuram mimetizar aspectos do comportamento humano ou de funções cognitivas. A mesa seguinte abordará o transtorno bipolar, fenômeno de interesse da psiquiatria e de alta prevalência na população. O tema será abordado com base em elementos dos campos da neuroimagem, da neuropsicologia e da genética.
A quarta mesa-redonda será voltada para aspectos de ciência básica, estudos de laboratório e abordagem clínica do uso da espécie vegetal Cannabis sativa, com perspectivas de desenvolvimento de medicamentos. Também será discutida a anandamida, conhecida como “maconha do cérebro”, substância endógena que pode ter efeitos analgésicos, ansiolíticos e antidepressivos, semelhantes aos do THC, componente da Cannabis sativa.
A última mesa do evento abordará a produção de novos neurônios, fenômeno relevante no tratamento de doenças que envolvem neurodegeneração, com perdas cognitivas. “Artigos mostram que há células-tronco que dão origem a novos neurônios, em duas principais regiões do cérebro que têm um papel na cognição”, comenta Ângela Ribeiro. Ela lembra que tais descobertas derrubaram o “dogma” da neurobiologia segundo o qual a neurogênese ou nascimento de novos neurônios não era possível.
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