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Nº 1758 - Ano 38
21.11.2011

O termo surgiu em 2004 com Thomas Vander Wal, para designar uma classificação popular que se origina das ações de representação da informação desempenhada pelos usuários de diversos serviços na web. É uma inovação que explora o uso da linguagem cotidiana e o potencial das redes sociais na organização da informação.

Encantador de atletas

Itamar Rigueira Jr.

Jessica Cavalheiro, 20 anos, tinha como meta, até o início deste ano, conseguir índice para participar do revezamento 4x200 metros nado livre nos Jogos Pan-americanos do México. A partir de março, o objetivo mudou: ela passou a mirar a prova individual, fez o melhor tempo dos 200 metros livre no país e chegou em sexto lugar em Guadalajara, além de ajudar a trazer a medalha de prata no revezamento.

Uma das promessas da natação brasileira para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Jessica iniciara naquele mês de março trabalho de preparação mental com o professor Dietmar Samulski, do Centro de Excelência Esportiva (Cenesp) da UFMG. “Ele passa autoconfiança e a gente sabe exatamente o que fazer na hora da prova”, conta Jessica.

A convite de um patrocinador, Samulski acompanhou outros três atletas do Minas Tênis Clube – que tem convênio de cooperação com a UFMG – em terras mexicanas: o judoca Luciano Correa e Erika Miranda trouxeram medalhas de ouro e prata, respectivamente, e o nadador Giuliano Rocco integrou revezamento que terminou na segunda posição. Ao longo dos meses anteriores, o professor teve encontros com os atletas nas dependências da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, para trabalho mental e emocional. O objetivo é que eles desenvolvam habilidades como concentração, relaxamento mental e controle de pressão, ansiedade e estresse.

“Normalmente são necessários três meses de aprendizado antes que eles possam aplicar as técnicas em competição”, revela Samulski, que lança mão também das “rotinas psicológicas”, programas individualizados – de acordo com modalidade e personalidade – para estabilização emocional do atleta durante a competição, aumentando a concentração para situações de decisão. “Nos esportes coletivos, trabalhamos também espírito de grupo e inteligência de jogo”, acrescenta o professor.

Pioneirismo

Tido como um dos grandes especialistas no mundo em psicologia do esporte, Dietmar Samulski fez doutorado na Universidade do Esporte de Colônia, na Alemanha natal. Participou de projetos em áreas como análise de processos cognitivos e comportamentais para regulação de níveis de estresse em situação de competição. Daí se desenvolveu programa de treinamento que ele utiliza com seus atletas. Samulski foi pioneiro da psicologia esportiva na UFMG e um dos primeiros no Brasil. “O Dietmar teve papel importante no processo de aproximação entre a universidade e o esporte profissional no país”, testemunha a professora Danusa Dias Soares, que atua no Laboratório de Fisiologia do Exercício e convive com o colega há mais de 20 anos.

Depois de experiências positivas com a seleção feminina de vôlei e o futebol profissional do Cruzeiro, na década de 1990, Samulski teve sucessos também no universo olímpico, incluindo o treinamento do nadador multicampeão paraolímpico Clodoaldo da Silva, que trouxe seis medalhas de ouro de Atenas, em 2004.

Da convivência com atletas como Clodoaldo e o campeão de motocross Jorge Balbi Jr., Dietmar Samulski, que combate um câncer há três anos – e por isso acaba de se aposentar como professor –, tem tirado força. “Aprendi com meus atletas a enfrentar a doença como vencedor, e hoje estou convencido de que vou ganhar essa luta”, declara o professor, que pedala e joga tênis, além de manter projetos de pesquisa e o compromisso de preparar cinco atletas para os Jogos de Londres – onde também pretende estar –, no próximo ano.

Jessica Cavalheiro, que pretende ter o apoio do professor-preparador até 2016, contando com as “mentalizações para a prova perfeita”, é só elogios. “Além de muito atencioso, ele é uma pessoa muito positiva”, diz a nadadora, que só faz segredo quanto às metas para sua performance nas raias cariocas daqui a cinco anos. Segredo que, cada vez mais confiante, ela compartilha com Dietmar Samulski.