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Nº 1855 - Ano 40
17.03.2014

África em aproximação

Edital da Capes vai apoiar quatro novos projetos de intercâmbio da UFMG com universidades de Angola e Moçambique

Da redação

Quatro das seis propostas apresentadas pela UFMG na segunda edição do edital Capes/Aulp Pró-mobilidade Internacional foram aprovadas. Os projetos, que serão desenvolvidos em Moçambique e Angola, abrangem as áreas de antropologia, saneamento básico e educação, além de uma iniciativa multidisciplinar.

Ao lembrar que na primeira edição do edital a UFMG respondeu por quase 30% dos projetos inscritos em programa, o diretor de Relações Internacionais, Eduardo Vargas, comenta que a Universidade “continua desempenhando papel de destaque nesse processo”. Ao lado da UnB, a UFMG é a instituição que teve mais projetos aprovados.

 Fruto de parceria entre a Capes e a Associação das Universidades de Língua Portuguesa (Aulp), o Programa Internacional de Apoio à Pesquisa e ao Ensino por Meio da Mobilidade Docente e Discente Internacional (Pró-mobilidade Internacional) destina-se à estruturação, ao fortalecimento e à internacionalização dos programas de graduação, pesquisa e pós-graduação de instituições brasileiras, portuguesas, do Timor Leste e de países africanos de língua portuguesa.

Vargas destaca a importância do edital, que possibilita às instituições brasileiras incrementar suas relações com a África, mas se mostra preocupado com a gestão feita pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “As universidades africanas não estão organizadas como as nossas, as embaixadas brasileiras nos países africanos muitas vezes não cooperam com a emissão de vistos, e a Capes não tem facilitado as coisas. Já nos manifestamos mais de uma vez registrando as queixas dos coordenadores de projeto com relação aos procedimentos adotados, mas até agora não vimos muitas mudanças a respeito”, relata.

Os projetos

A Vale em Moçambique: mapeando controvérsias sociotécnicas na África e alhures (Universidade do Lúrio)

A mineradora Vale vem operando em Moçambique em terreno ainda pouco explorado, onde há grande incerteza em torno de como proceder na relação com os atores envolvidos, sejam eles não humanos ou humanos, técnicos ou sociais.

A perspectiva do projeto de pesquisa está centrada no mapeamento das controvérsias sociotécnicas implicadas na operação da empresa. De acordo com o coordenador, professor Eduardo Vargas, do Departamento de Antropologia e Arqueologia da Fafich, controvérsia sociotécnica é toda situação de incerteza relacionada a práticas que não estão ainda asseguradas e por isso não contam com manual ou protocolo de ação estabilizado, mas que, ao mesmo tempo, são objeto de conhecimento técnico e científico profundo e de inflexões jurídicas, econômicas, sociais, morais e políticas.

Intercâmbio acadêmico entre a UEM e a UFMG sobre implementação de programas de Educação Ambiental e Saneamento Básico (Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique) 

Os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Moçambique são muito precários, o que explica a alta incidência de doenças associadas à água. Como forma de contribuir para mudar esse cenário, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) criou a graduação em Educação Ambiental, que aponta a melhoria de saneamento básico no país como principal meta a ser alcançada através de promoção de pesquisa, formação acadêmica, educação e sensibilização dos moçambicanos.

O intercâmbio entre UEM e UFMG – por meio do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia – permitirá a capacitação dos docentes e estudantes moçambicanos em técnicas de saneamento para melhor operacionalização da educação ambiental e fortalecimento técnico e científico do curso recém-criado.

Patrimônio cultural e sustentabilidade (Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique)

Um dos objetivos do projeto é implantar na UEM estrutura nos moldes do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas-Artes da UFMG, o primeiro instalado no Brasil com apoio da Unesco, com experiência de quase 40 anos. A iniciativa parte da ideia da preservação do patrimônio cultural como elemento de sustentabilidade econômica, turística e social, na medida em que gera divisas.

De acordo com a coordenadora do projeto, professora Yacy-Ara Froner, a aproximação com a África de língua portuguesa permite compartilhar preocupação com o patrimônio cultural e ambiental em países que vivem crescimento acelerado. Alunos de cursos como arquitetura, museologia e artes serão envolvidos no projeto.

Implantação do laboratório de ensino e pesquisa e da linha de pesquisa Psicologia, Psicanálise e Educação na UON/Angola em parceria com a FaE/UFMG (Universidade Onze de Novembro) 

A iniciativa atende a demanda do Instituto Superior de Ciências da Educação da UON à Faculdade de Educação (FaE) da UFMG para a formação de mestres e doutores com o propósito de ampliar a titulação de professores, fortalecer o desenvolvimento da pesquisa e criar programa de pós-graduação em Ciências da Educação na instituição angolana.

Desde o início de 2012, a UFMG e a UON vêm desenvolvendo parcerias em pesquisa e ensino, e a FaE acolheu 29 alunos de mestrado e doutorado provenientes de Cabinda. O objetivo é que as linhas de pesquisa contemplem problemáticas comuns aos dois países relacionadas à educação, à inclusão social e ao desenvolvimento sustentável.

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