Ensino superior em transformação

Congresso discutirá metodologias e práticas inovadoras na área de graduação

Matheus Espíndola

Refletir sobre as novas práticas de ensino e aprendizagem e os métodos já existentes, assim como os projetos pedagógicos dos cursos e a incorporação de tecnologias mais recentes é o objetivo central do 1º Congresso de Inovação e Metodologias no Ensino Superior, que será realizado nesta semana – de 14 a 16 de outubro – na UFMG. A maior parte das atividades do evento, que está associado à Semana do Conhecimento, ocorrerá no Centro de Atividades Didáticas 2 (CAD 2), campus Pampulha.

"A intenção é reunir a comunidade acadêmica para discutir a universidade que queremos e as condições em que os cursos de graduação devem ser oferecidos", afirma o professor Eucidio Pimenta Arruda, da Faculdade de Educação (FaE), e um dos coordenadores do evento juntamente com o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi.

O aperfeiçoamento das formas de organização curricular será abordado em uma das mesas que compõem a programação. "Existem vários modelos nacionais e internacionais, como o que prevê o ingresso do aluno por área do conhecimento. É preciso considerar modelos diferentes dos já consolidados", reflete o professor, titular da Diretoria de Inovação e Metodologias de Ensino (GIZ).

O pró-reitor Ricardo Takahashi considera o ensino uma das atividades humanas "mais complexas" e de grande repercussão em toda a sociedade. Por isso, vê a inovação como essencial, pois funciona "como mecanismo de permanente atualização dessa atividade, que deve, por sua natureza, acompanhar as próprias transformações sociais".

Fórum online

Para orientar a discussão, foi aberto um fórum online, que recebe contribuições de professores, alunos e servidores. "As ideias serão recolhidas e apresentadas aos componentes da mesa-redonda A juventude e a escolha de cursos e profissões antes da entrada no ensino superior", afirma o professor Eucidio. A mesa, organizada em parceria com o Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat), será coordenada pela professora Daisy Cunha e contará com participação dos professores Hustana Maria Vargas (UFF) e Cláudio Marques Martins Nogueira, da Faculdade de Educação. Ela será realizada no dia 15, a partir das 14h, no auditório do CAD 2.

Para Eucidio Arruda, outra questão que envolve a educação superior é a necessidade de rever os paradigmas de formação inicial e continuada de professores. "Esse aspecto precisa ser reconfigurado levando-se em conta os desafios lançados à escola, tanto na formação básica quanto no ensino superior. Por isso, é fundamental que os cursos de pós-graduação também estejam envolvidos nos debates acerca de perspectivas", observa.

Dar voz

O professor da FaE destaca o protagonismo conferido aos estudantes na formulação da programação. Como relata, houve ações prévias, com exposições no CAD 2 e na Praça de Serviços, em que os alunos foram convidados a deixar intervenções, que serão divulgadas no evento. Sobre os fóruns de discussão que antecedem a realização das mesas, Eucidio comenta: "Não estamos apenas colecionando frases de alunos. Vamos trazer essas vozes para as mesas de discussão, dar voz a essas vozes." Na oportunidade, além de trabalhos acadêmicos, os estudantes vão apresentar performances culturais e artísticas.

Como explica o coordenador, os resultados das discussões serão amplamente divulgados. "As conclusões obtidas nas mesas serão publicadas no formato de e-book ainda neste ano ou no início de 2016. Procuraremos ainda disponibilizar todas as demais ações nos espaços públicos: seja no repositório da página do GIZ ou em outro ambiente que a Universidade considere mais adequado. A ideia é socializar esses frutos para que possamos construir uma rede de aprendizagem", diz Eucidio.

Um dos destaques da programação é a participação do professor Jean-Marc Vanhoutte, do Collège Coopératif, da França. Na conferência de abertura, ele discutirá a inovação social sob o ponto de vista da formação em comunidades tradicionais. "Ao mesmo tempo que surgem inovações técnicas, também emergem grupos que até então não tinham voz na nossa sociedade. O Jean traz uma perspectiva em que esses grupos também assumem uma função ativa na formação de nossos alunos. Dessa forma, beneficiamos nossos processos na medida em que encontramos estratégias que favorecem trocas entre acadêmicos de diferentes localidades e com características socioeconômicas e culturais diversificadas."

O 1º Congresso de Inovação e Metodologias no Ensino Superior é organizado pelo GIZ, vinculado à Pró-reitoria de Graduação (Prograd). Outras informações podem ser obtidas no endereço eletrônico do evento.