Estudantes da primeira turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no serviço de hemodiálise do Hospital das Clínicas (HC) da UFMG prepararam uma exposição de trabalhos artísticos em homenagem ao Dia da Consciência Negra. Até quarta-feira, 3 de dezembro, estarão expostos quadros de colagem de retalhos de tecido, bonecas abayomi e mandalas de origem africana feitas de sementes. O projeto é uma iniciativa dos professores Klayza Cunha, Simone Araújo e Ezequiel Silva, que atendem pacientes e acompanhantes do serviço de hemodiálise.

“O objetivo é estimular a reflexão, a valorização da história do povo negro no Brasil, o respeito à diversidade e a luta contra o racismo entre os alunos e a comunidade que transita no hospital. Pensar sobre as questões raciais tão presentes na formação sociocultural brasileira é de extrema importância, principalmente pelo reconhecimento da contribuição dos povos de origem africana e dos povos originários na formação do nosso país, bem como no reconhecimento da luta desses povos pela igualdade no Brasil. Igualdade social e racial são determinantes cruciais na condição de saúde de nossa população”, afirma a assistente social do HC-UFMG Juliana Keiko.

Direito à educação
As turmas de EJA em hospitais são garantidas por lei, e esses estudantes são vinculados a escolas da rede municipal ou estadual, dependendo do ciclo que estejam cursando (Alfabetização, Fundamental I e II ou Ensino Médio). O HC-UFMG mantém três turmas de EJA, totalizando 27 alunos vinculados à Escola Municipal Santos Dumont, pois são turmas de alfabetização e certificação de Ensino Fundamental I e II, incumbência da rede de ensino de Belo Horizonte. 

Simone Araújo é professora de uma dessas turmas. Ela destaca que o processo de aprendizagem de EJA em ambiente fora da sala de aula comum é diferenciado, visto que lida com pessoas em seu estado de fragilidade, o que exige outras estratégias didáticas. “Como eles precisam permanecer quatro horas ligados na máquina, fazendo o procedimento, nosso trabalho, primeiramente, é saber se estão se sentindo bem no dia. Há uma diferença com relação às atividades, pois os pacientes, por conta das indisposições, fazem um pouco menos de exercícios que os acompanhantes. Ainda assim, considero que a receptividade tem sido muito boa”, afirmou a profissional.

O ciclo de aprendizagem na EJA é referenciado pela carga horária cursada, diferentemente da escola, que se baseia no ano letivo. A previsão de formatura para a primeira turma de EJA da hemodiálise está projetada para dezembro de 2025, podendo se estender até janeiro de 2026.