Projeto da Rede Mineira de Formação de Professores é apresentado ao secretário estadual de educação
Empossado em agosto, Rossieli Soares da Silva reuniu-se com dirigentes de 19 instituições de ensino superior sediadas no estado
Por Teresa Sanches
A formação continuada de professores está no cerne das ações da Secretaria de Estado de Educação (SEE), mas é a preparação inicial que precisa de uma atenção cuidadosa, para que a carreira de professor seja atrativa e, sobretudo, consiga reter os docentes nas escolas das redes públicas de educação básica, defendeu o secretário Rossieli Soares da Silva, durante a primeira reunião com representantes da Rede Mineira de Formação de Professores, realizada na manhã de ontem (9 de dezembro), na sala de Sessões da Reitoria da UFMG.
Empossado em agosto deste ano, o secretário conheceu as propostas da Rede, que congrega 11 universidades federais, duas estaduais e seis institutos federais associados ao Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Foripes). Ele esteve acompanhado da chefe da Assessoria de Ensino Superior da SEE, Leandra Felícia Martins, e da assessora Fernanda Amaral, que desde a formalização da Rede vêm representando a secretaria estadual na articulação da parceria.
O secretário reconheceu-se como “um crítico do sistema de formação de professores no Brasil, que tem sido de baixíssima qualidade e, em sua grande maioria, realizado por meio de cursos de educação a distância, sem a oferta da vivência nas escolas que propicie aos futuros professores enfrentar os desafios das salas de aula”. E acrescentou: “Esse fórum tem grande potencial para aprofundar as discussões sobre essa questão, bem como para fortalecer a necessária aproximação com a Undime [União dos Dirigentes Municipais de Educação de Minas Gerais]”, sugeriu.
Para o presidente do Foripes, o reitor Demetrius David da Silva, da Universidade Federal de Viçosa, “as instituições públicas de ensino superior não podem se omitir na formação de professores para a educação básica com qualidade”.
Contudo, ele advertiu: “Para a consolidação da Rede, que tem como grande diferencial o propósito de dar voz aos professores da educação básica, é fundamental a participação das secretarias de estado e dos municípios para essa construção integrada. E a presença maciça dos reitores e representantes das instituições de ensino superior nesse encontro com o secretário demonstra nosso comprometimento.”
A Rede Mineira de Formação de Professores, como destacou a reitora Sandra Goulart Almeida, completou dois anos desde o início da articulação entre as instituições de ensino superior com as redes públicas de ensino de educação básica, cujas discussões foram mediadas pelo educador António Nóvoa, reconhecido internacionalmente por suas contribuições sobre o tema.
“Minas Gerais tem vocação para o conhecimento, reunindo o maior número de instituições de ensino superior do país. Agora precisamos formalizar um acordo de cooperação com as secretarias das redes públicas de educação básica e criar um grupo de trabalho para debatermos juntos os desafios da educação”, propôs a reitora.
Valorização
Reconhecer e valorizar o trabalho dos professores supervisores de estágios das redes públicas de educação básica é o objetivo de projeto piloto, já acordado entre as IES e apresentado à Secretaria de Estado de Educação, que agora aguarda reavaliação e aprovação do novo gestor.
A coordenadora da Rede Mineira de Formação de Professores, a pró-reitora adjunta de Graduação da UFMG, professora Maria José Flores, apresentou o projeto ao secretário Rossielli da Silva. “Trata-se da materialização do sentido da Rede para a construção de um espaço comum de formação de professores, em que as escolas de educação básica sejam formadoras e os professores das escolas de educação básica coformadores dos estudantes das licenciaturas, embasada na proposta do pesquisador António Nóvoa.”
A professora explicou ao secretário que, “independentemente das novas Diretrizes Curriculares Nacionais, que sofreram mudanças nos últimos anos [DCN de 2015, 2019 e 2024], a proposta do projeto é se ancorar na tradicional relação das IES com as escolas de educação básica, que ocorre por meio das atividades de estágio e de extensão”.
O projeto piloto, segundo Maria Flores, já recebeu a adesão de 15 IES, que estão vinculadas a pelo menos uma escola piloto, no total de 20 escolas estaduais presentes em 15 municípios mineiros. Esse contingente atenderia a 355 estagiários e 71 professores de matemática, português, geografia, história e biologia por semestre.
“A proposta foge ao trivial, por tratar da construção de uma política que transforma as relações institucionais e os papéis dos envolvidos na formação dos futuros professores e com a remuneração do trabalho do professor supervisor de estágio, que ocorre de forma voluntária”, afirmou a pró-reitora adjunta de Graduação. A remuneração inicial proposta corresponde a 1 hora/aula semanal, pela supervisão de até cinco estagiários.
“O trabalho do professor supervisor precisa ser reconhecido, mas a continuidade do projeto dependerá de avaliação do impacto financeiro no orçamento da secretaria”, ponderou o secretário.
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Desafios
A rede estadual de ensino reúne 130 mil professores e 3.150 escolas presentes nos 835 municípios mineiros. De acordo com o secretário Rossieli da Silva, os desafios vão desde a alfabetização das crianças, no ensino fundamental, até a motivação dos jovens estudantes para que vislumbrem a continuidade dos estudos no ensino superior. “A formação dos professores faz toda a diferença nesse processo. Mas temos que prepará-los para os desafios inegáveis enfrentados pela geração nativa, cujos impactos trazidos pela inteligência artificial ainda são desconhecidos”, pontuou. “O professor é insubstituível na formação dessa geração e precisamos ter uma rede sincronizada com esses desafios. Saio daqui comprometido com esse fórum”, garantiu o secretário.
Entre os dados apresentados, Rossieli destacou que, em Minas Gerais, existem 65 milhões de pessoas que não concluíram a educação básica e que, apesar de 72% das crianças de 8 anos estarem alfabetizadas, 28% dos matriculados são propensos a abandonar a escola. A fase de transição do 9º ano do ensino fundamental para o primeiro ano do ensino médio é outra etapa desafiadora, com a proporção de um abandono para cada três estudantes matriculados.
Por isso, no entendimento do secretário de Educação, o novo processo seletivo da UFMG, o Seriado, também precisa ser avaliado à luz desse contexto desafiador. “Ele precisa ser abordado já no 9º ano do ensino fundamental; se deixarmos para o primeiro ano do ensino médio, pode ser que já tenhamos perdido um estudante”, avaliou.
Rossieli da Silva também defendeu a adoção de ações coordenadas para motivar os jovens a ingressarem no ensino superiores. Como exemplo, ele sugere a ocupação dos espaços e turnos ociosos nas universidades pelos estudantes, o reconhecimento dos medalhistas das olimpíadas de Química e de Matemática e a criação de processos de avaliação para valorizar os talentos das escolas de educação básica.
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