Declaração de Belo Horizonte, da AUGM, propõe ‘mapa de caminhos’ para extensão, comunicação e cultura
Evento realizado nesta semana (26 a 28 de novembro) na UFMG reuniu 1.700 participantes de 120 instituições do Brasil, da Argentina, do Uruguai, do Paraguai, da Colômbia e do Chile
Por Teresa Sanches
O 8º Congresso de Extensão, Comunicação e Cultura da Associação das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM), encerrado nesta sexta-feira, 28 de novembro, na UFMG, reuniu 1.738 estudantes, docentes e ouvintes, vinculados a 120 instituições de ensino superior do Brasil, da Argentina, do Chile, da Colômbia, do Uruguai e do Paraguai. O evento, realizado em formato híbrido, promoveu 51 rodas de conversa e 650 apresentações de trabalhos, sendo 250 de forma remota, com transmissão pelo canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC) no YouTube. As conferências e debates continuam disponíveis.
Conforme a Declaração de Belo Horizonte, lida pelo pró-reitor de Extensão da UFMG, Glaucinei Correa, durante enceramento do evento, “reafirma-se a convicção de que a integração latino-americana, construída nas lutas, na solidariedade e na potência criadora de nossos povos é o caminho para enfrentar as desigualdades que marcam nossa região”.
A carta afirma ainda que, “no momento em que a democracia, pilar da vida universitária e social sofre ataques políticos, com redução de políticas públicas que ameaçam direitos, realidade já denunciada na Declaração de Mar del Plata, propomos um mapa de caminhos, que reconhecem as práticas extensionistas na articulação com a comunicação, cultura e artes, como fundamentais para a construção de sentidos, memória, identidades e bem comum”.
Compromisso
A Declaração de Belo Horizonte reconhece a centralidade das artes e da cultura para a cidadania plena e a comunicação universitária como dimensão estratégica para o enfrentamento da desinformação, de todas as formas de preconceito e para a promoção da justiça social e da democracia. A divulgação científica e a soberania dos territórios do Cone Sul foram reafirmados pelo documento da AUGM, que se comprometeu a “transformar essa declaração em políticas institucionais de extensão, comunicação e cultura, para que o futuro seja construído com radicalidade democrática, direitos humanos, perspectiva feminista, justiça racial e integração latino-americana em defesa incondicional da universidade pública”.
Em 2026, conforme deliberação registrada na Declaração de Belo Horizonte, o encontro ocorrerá na Universidade da República (Udelar), no Uruguai.
Para a diretora do Centro de comunicação da UFMG e da Comissão Permanente de Comunicação e Meios da AUGM, professora Fábia Lima, democracia pressupõe uma sociedade bem informada, e a perspectiva é de que sejam criados mecanismos para reduzir as assimetrias informacionais, intensificadas pela infodemia e pelo negacionismo científico. “Construir alianças é uma necessidade estratégica e, na América Latina, a forte integração com a extensão fortalece o sentido público da comunicação e amplia o alcance social das universidades, criando condições para práticas comunicacionais mais dialógicas e democráticas”.
O pró-reitor de Cultura da UFMG, Fernando Mencarelli, que conduziu a realização do Primeiro Seminário das Redes de Cultura e Artes de instituições vinculadas à AUGM e à Andifes, reafirmou que a integração da extensão, comunicação, cultura e artes, oficializada na Declaração de Belo Horizonte, é um marco importante, que demostra a transversalidade e vigor das parcerias. Ele acrescentou que o resultado foi o encaminhamento de cinco eixos para o trabalho em redes: democracia e cidadania cultural, territórios e redes de espaços culturais universitários; diversidade cultural e pluralidade epistemológica; campo de trabalho das artes na AL; políticas, planos de arte e cultura e de avaliação nas universidades; e cultura e emergência climática.
O secretário executivo da AUGM, Fernando Sosa, destacou o êxito do Congresso, um evento desafiador, pois reuniu três eventos com programação integrada por meio das equipes da AUGM e da UFMG. Ele reforçou o convite para a próxima edição, em 2026, na Universidade da República, no Uruguai.
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida reiterou os agradecimentos às equipes e aos participantes pelo sucesso da proposta de integração dos eventos, “que potencializaram a transversalidade da extensão, comunicação, culturas e artes e trouxe a certeza de que saímos mais fortalecidos como instituições públicas e que temos a responsabilidade de colaborar para construir países mais equânimes, mais justos e mais democráticos”.
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