7 marcos da arquitetura de Belo Horizonte – Espaço do Conhecimento UFMG
 
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7 marcos da arquitetura de Belo Horizonte

Conheça um pouco da história belo-horizontina por meio de suas construções!

 

11 de junho de 2024

 

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Em 1897 foi instituída a Cidade de Minas Gerais, que apenas em 1901 passou a ser conhecida como Belo Horizonte: a primeira cidade moderna planejada do Brasil, graças ao plano urbanístico do engenheiro Aarão Reis. Por meio de uma integração da malha ortogonal, definida pelas ruas, e uma malha diagonal, definida pelas avenidas, o resultado obtido foi a diferenciação de zonas urbanas – modelo inspirado pelo plano urbanístico de outras cidades, como Washington (EUA) e Paris (França), que, por sua vez, tinham como inspiração a presença de ideais modernizantes e fatores hierarquizantes do espaço.

 

Desde a sua inauguração, a cada período da história, novos exemplares arquitetônicos são somados à paisagem urbana de Belo Horizonte. Confira a seguir sete marcos da arquitetura belo-horizontina e aproveite um passeio pela capital mineira! 

 

Conjunto Moderno da Pampulha

 

É impossível falar da arquitetura de Belo Horizonte sem citar as obras de Oscar Niemeyer. Por isso, nada mais justo do que começar esse tour por um dos pontos turísticos mais conhecidos da cidade, que é lar das primeiras obras do arquiteto: o Conjunto Moderno da Pampulha. Com o título de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), recebido em 2016, essa famosa paisagem é composta por quatro edifícios em torno da Lagoa da Pampulha: a Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (atual Centro de Referência em Arquitetura, Urbanismo e Design) e o Iate Golfe Clube (atual Iate Tênis Clube). Completam o projeto original um hotel, que não chegou a ser construído, e a residência Juscelino Kubitschek (atual Casa Kubitschek), construída em 1943. 

 

O conjunto evidencia um rico paisagismo por meio de jardins especialmente planejados para cada edifício, ao longo da orla que faz a ligação entre eles. O Patrimônio Cultural é complementado por paineis em azulejos e esculturas, formando uma verdadeira obra-prima que leva a assinatura de Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx e Cândido Portinari.

 

Mineirão

 

Mineirão – Esplanada Sul. (Créditos: Leonardo Finotti).

 

Um pouco mais a frente do Conjunto está o Estádio do Mineirão, que, juntamente com o bairro da Pampulha, foi idealizado na década de 1940, durante o início da febre desenvolvimentista que regeria a política econômica do Brasil nos anos seguintes. Não por acaso, também durante este período o Conjunto Moderno da Pampulha foi implementado. 

 

O Mineirão foi inaugurado em 1965, sendo o segundo maior estádio de futebol do mundo à época, com capacidade final para mais de 100 mil pessoas. Sua ritmada estrutura de concreto armado e monumental volumetria tornaram-se um ícone na paisagem e parte do principal cartão-postal de Belo Horizonte. Com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014, o tradicional estádio, cuja fachada é tombada, veio a se transformar em um equipamento esportivo multifuncional contemporâneo.  

 

Pirulito da Praça Sete

 

“Pirulito” da Praça Sete. (Créditos: Q4RTO Studio. Reprodução/Portal Belo Horizonte).

 

Caminhando para o centro da cidade, é imprescindível falar do Obelisco da Praça Sete, que, antes do monumento, era conhecida como Praça 14 de Outubro. Popularmente chamado de “Pirulito da Praça Sete”, é o marco do coração de Belo Horizonte. Fruto de um projeto do arquiteto Antônio Rego, que venceu o concurso para o monumento comemorativo do centenário da independência do Brasil, o Obelisco foi entregue pela cidade de Betim (à época conhecida como Capela Nova do Betim) e inaugurado em 07 de setembro de 1822.  

 

O local escolhido para a implantação do monumento foi a confluência entre as avenidas Afonso Pena e Amazonas, considerada o marco zero da capital mineira. Em 1962, devido ao aumento do tráfego de carros no centro da metrópole, o “Pirulito” foi retirado do seu local original e levado para um terreno vago ao lado do Museu Abílio Barreto. Um ano depois, foi reinstalado na praça Diogo Vasconcelos e, apenas em setembro de 1980, sob pressão popular, o Obelisco retornou ao seu local de origem. Posteriormente, em 02 de junho de 1977, um decreto estadual tombou o monumento como patrimônio do Estado de Minas Gerais. 

 

Viaduto Santa Tereza

 

Subindo a Avenida Afonso Pena encontramos um dos maiores símbolos culturais da capital. Inspiração para a literatura de Carlos Drummond de Andrade e Fernando Sabino, o viaduto Santa Tereza caracteriza-se por linhas simples e geométricas, ampla utilização de novas tecnologias construtivas, como o concreto armado, decorações austeras e edificações encorpadas. 

 

Para além das travessias, o viaduto também é um marco. Se suas curvas em pó de pedra representavam a elite de sua época, agora o viaduto se consolidou como um espaço cultural democrático e diversificado. É cenário para manifestações políticas, apresentações culturais, ocupações, vendas ambulantes e diversos movimentos sociais. É também lar do Duelo de MCs, evento que propicia visibilidade a diversos artistas e que ocupa a parte de baixo do Viaduto Santa Tereza há mais de uma década, com músicas que abordam temáticas sociais sob a perspectiva da cultura popular.  

 

Palácio das Artes

 

Palácio das Artes. (Créditos: Reprodução/ARQBH).

 

Mais a frente, também na Avenida Afonso Pena, está uma história que talvez você não conheça. No início do século XX, foi inaugurado o Teatro Municipal de Belo Horizonte, na esquina das ruas Bahia e Goiás. O local integrou-se ao cotidiano da cidade com intensa e variada programação, sediando celebrações e solenidades oficiais. Em 1940, a partir do contexto urbano, o então prefeito Juscelino Kubitschek propôs a construção de um novo Teatro Municipal e a transformação do prédio da Rua Goiás no Cine Metrópole. Na época, o Conjunto da Pampulha estava em caráter final de construção e JK convidou Oscar Niemeyer para mais uma grande obra na capital mineira. Isso mesmo, leitores, o projeto original do Palácio das Artes foi, mais uma vez, de Niemeyer! 

 

A proposta do arquiteto carioca foi a implantação de um teatro no Parque Municipal, ligado à avenida Afonso Pena por uma extensa passarela de concreto. Contudo, as obras iniciadas em 1943 foram paralisadas em 1945. Sem um Teatro Municipal, Belo Horizonte recebeu em 1950, sob caráter provisório, um “teatro de emergência” que seria chamado posteriormente de Teatro Francisco Nunes. Diversos prefeitos se sucederam à JK e poucas tentativas de conclusão da obra foram feitas. Em 1955, o arquiteto Hélio Ferreira Pinto foi convidado para redimensionar o projeto original, transformando-o no Palácio das Artes como conhecemos hoje, com acesso pela avenida Afonso Pena, e acrescentando-lhe outros equipamentos.

 

Edifício Niemeyer

 

Edifício Niemeyer. (Créditos: Felipe Silva Carmo/Unsplash).

 

Um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte, coincidentemente ou não, é outra obra de Oscar Niemeyer que, dessa vez, localiza-se na Praça da Liberdade. Projetado em 1954 e concluído em 1960, o Edifício Niemeyer é um monumento da arquitetura moderna no Brasil. A construção é absolutamente inovadora não apenas por suas formas curvas, que criam espaços internos de grande riqueza nos apartamentos que abriga, mas também pela surpreendente fachada em brises horizontais que reforça o movimento curvilíneo e o ritmo vertical. A arquitetura de curvas é um elemento que Niemeyer explora durante toda a sua carreira, aproveitando a liberdade plástica que o concreto permite, e que também pode ser observado no Conjunto Moderno da Pampulha, especificamente na marquise da Casa do Baile.  

 

O edifício de doze pavimentos, similar a uma planta em forma de trevo, ocupa inteiramente um pequeno quarteirão triangular e se apresenta externamente como uma pilha de placas horizontais superpostas e distanciadas por pequenos intervalos vazados. 

 

Espaço do Conhecimento UFMG

Espaço do Conhecimento UFMG. (Créditos: Luis Felipe Amaral).

 

E atravessando a Praça da Liberdade, chegamos aqui, no Espaço do Conhecimento UFMG! Com a construção da Cidade Administrativa, em 2010, o entorno da Praça da Liberdade ganhou um Circuito Cultural formado por espaços que integram arte, cultura popular, conhecimento e entretenimento. Em meio aos prédios do século XIX, o projeto da arquiteta Jô Vasconcellos foi instalado no antigo edifício dos anos 60 que abrigava a Reitoria da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e que poderia receber, em sua estrutura superior, um planetário. O principal objetivo do projeto era criar intervenções de caráter dinâmico, revitalizando as estruturas do ambiente antigo, reencontrando funções culturais abertas à maioria e atraindo a participação dos cidadãos. A interface entre o prédio e a população é a principal ideia por trás do Espaço. 

 

A partir de uma proposta arquitetônica de intervenção, com recurso, tecnologia e linguagem contemporânea, o novo envoltório do prédio se assemelha a uma pele de vidro especial, que garante baixa absorção de calor e nenhum reflexo da paisagem externa. Na laminação foi usada uma película jateada, gerando neutralidade em relação ao conjunto arquitetônico existente. Nesta camada é feita a retro projeção nos vidros da fachada frontal, por meio de projetores especiais, que mostram cenas do universo, projetos socioculturais de instituições e coletivos, fotografias e ações do museu. Apesar do edifício não ser tombado, ele segue todas as diretrizes dos órgãos ligados ao patrimônio. 

 

Atraindo os olhares de milhares de pedestres e motoristas que passam pela região da Praça da Liberdade todos os dias, o Espaço leva a experiência do conhecimento para a rua e a cidade!

 

[Texto de autoria de Sarah Lima, bolsista de som do Espaço do Conhecimento UFMG]

 

Referências

Guia de arquitetura de Belo Horizonte: 25 lugares para conhecer na capital mineira

Conjunto Moderno da Pampulha

Olhares sobre a Casa do Baile

Conjunto Moderno da Pampulha – Iphan

Monumento Comemorativo do Centenário da Independência Nacional

Viaduto Santa Tereza: Travessias Urbanas

Palácio das Artes

Edifício Niemeyer