Qual o papel da brincadeira na aprendizagem das crianças?

 

 15 de dezembro de 2020

 

 

Como é realizada a aprendizagem na primeira infância? Você sabia que o corpo e o movimento contribuem para que a criança aprenda? Uma das principais características de uma criança é a disponibilidade para correr, brincar e se movimentar, pois o seu corpo é naturalmente propício ao movimento e à descoberta. Essa fase é um terreno fértil para a aprendizagem de uma multiplicidade de gestos corporais e para o desenvolvimento de conexões cerebrais importantes para que continuemos a aprender pelo resto de nossas vidas. 

 

Escolas dedicadas às fases iniciais costumam conter pátios e áreas reservadas para a brincadeira. Quanto mais espaço e abertura para desenvolver brincadeiras e formas de se movimentar a criança tiver, mais ela se desenvolve e maior será o seu aprendizado em diversas áreas.

 

Há quem acredite que é somente durante a primeira infância que brincar e se divertir seja uma atividade essencial. Há também quem pense que a criança “só brinca” e quem critique as crianças que são agitadas – movimentantes” – demais. Porém, diversos pesquisadores e psicólogos, com base em práticas e pesquisas pedagógicas e artísticas, incentivam que a criança brinque e se movimente durante toda sua fase infantil. E mais, que ela nunca pare de se movimentar, pois movimentar faz aprender.

 

Brincar em campos de futebol de terra, correr com os pés no chão, subir em árvores, brincar na rua… o que isso tem a ver com aprender? No decorrer de uma brincadeira, a criança aprende a lidar com o universo que a cerca, tornando-se autônoma e cooperativa, criativa e criadora. As crianças que possuem mais espaço para brincar e maior contato com a natureza desenvolvem, além do senso criativo, diversas habilidades motoras que são muito significativas para o processo de aprendizagem. Infelizmente, com a modernização, esses espaços favoráveis de criação de movimento foram se tornando cada vez menores.

 

Ainda existe muita desinformação sobre esse potente universo do corpo e do movimento na fase da infância. Para fomentar iniciativas neste sentido, é necessário entender a criança como um indivíduo importante na sociedade, que se expressa e que contribui. 

 

Diversas iniciativas e modificações nas estruturas espaciais podem ser criadas para que crianças explorem seu corpo, de modo a criar repertórios próprios e construir habilidades de aprendizagem. Essas iniciativas devem considerar não só o espaço, mas também os sentimentos das crianças, como construtores de conhecimento, visto que elas se desenvolvem por meio de suas emoções e sensações. Permitir que as crianças se expressem corporalmente, seja em casa, na escola, em museus ou nos demais espaços de educação, é permitir que elas aprendam por sua própria iniciativa, por meio de agradáveis práticas movimentantes.

 

Para saber mais:

MIRANDA, Made Júnior. Estudo dos aspectos ambientais, socioeconômicos e do desempenho motor de crianças residentes nas proximidades do Ribeirão Anicuns, Goiânia-GO. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais e Saúde), Universidade Católica de Goiás, 2008. Disponível em: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/3066

MACHADO, Marina Marcondes. A criança é performer. Educação & Realidade, v.35, n. 2, 2010. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/11444

ALMEIDA, Izabelle Cristina de. O corpo em movimento na Educação Infantil: análise da prática pedagógica nos complexos educacionais da rede municipal de ensino de Ponta Grossa/PR. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2018. Disponível em: https://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2616

SILVA, Willian Vagner da. O movimento corporal na educação infantil: em busca de compreensão do cotidiano da sala de aula. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade Federal de São João Del-Rei, 2011. Disponível em:  https://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/mestradoeducacao/Dissertacao%20Willian%20Vagner%20da%20Silva.pdf.

 

[Texto de autoria de Priscila Martins, mediadora do Núcleo de Ações Educativas e Acessibilidade]