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A Esfera Celeste e a Bandeira do Brasil

20 de julho de 2022

 

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Que cada estrela da bandeira brasileira representa uma unidade federativa, muita gente sabe. Agora, você sabia que as constelações representadas na bandeira estão espelhadas? Se já sabia, você imagina o porquê elas estão distribuídas assim?

 

Figura 1: As estrelas da bandeira brasileira

 

O Brasil República

As constelações e estrelas presentes na bandeira do Brasil são uma representação do céu no dia e hora da proclamação da república, 8:30 da manhã de 15 de novembro de 1885. As figuras 2 e 3 abaixo nos mostram a bandeira brasileira e a constelação do cruzeiro do Sul como é vista da Terra, respectivamente.

 

Figura 2: Cruzeiro do Sul representado na bandeira oficial da República Federativa do Brasil

 

Figura 3: Cruzeiro do Sul visto do Rio de Janeiro no dia e hora da proclamação da República. (Stellarium)

 

Como podemos perceber, das 5 estrelas principais que representam a constelação do Cruzeiro do Sul, a menor delas, apelidada de intrometida, fica do lado direito, mas na bandeira ela é vista do lado esquerdo. Tomando a constelação do Cruzeiro do Sul como referência, na bandeira a constelação de escorpião fica à direita do Cruzeiro do Sul, mas no céu fica à esquerda. Percebemos então que tudo que está na bandeira do brasil está invertido da direita para a esquerda, e isso acontece porque as constelações foram dispostas como se fossem vistas de fora da abóbada/esfera celeste. 

 

Mas o que é essa abóbada celeste?

A abóbada celeste ou esfera celeste é uma esfera imaginária, sem raio definido, em volta da Terra que representa a projeção das estrelas como são vistas do nosso planeta. Os astrônomos mais antigos acreditavam que as estrelas estavam a uma mesma distância da Terra, como se estivessem “incrustadas” nessa esfera. Apesar de sabermos que as estrelas, mesmo que de uma mesma constelação, estão muito distantes umas das outras, o conceito de esfera celeste é muito útil para entender a posição e o movimento aparente dos astros que vemos na Terra. 

Figura 4: Abóbada Celeste

 

A figura 4 nos mostra a representação do que seria essa esfera imaginária celeste. A linha vermelha é chamada de eclíptica. Visto da Terra, o Sol parece se mover pela eclíptica. Em março e setembro, nos dias que temos o equinócio de outono e primavera para o hemisfério sul, respectivamente, o Sol fica na posição equivalente ao encontro da eclíptica e equador celeste. O equador celeste representa o prolongamento do equador terrestre na esfera celeste. Se prolongarmos o eixo de rotação da Terra ele irá atravessar a abóbada celeste em dois pontos, o norte celeste e o sul celeste. O norte e sul celeste aparecem com uma inclinação na figura 4, e isso se deve ao eixo de rotação da Terra ter uma inclinação de 23,5º em relação à sua órbita ao redor do Sol. Essa inclinação é responsável pelas estações do ano aqui no nosso planeta, você pode saber mais sobre isso na live da Descobrindo o Céu, Estações do ano.

 

“As estrelas da bandeira brasileira estão dispostas como se estivessem sendo vistas de fora da abóbada celeste”

 

Para entender a frase: “As estrelas da bandeira brasileira estão dispostas como se estivessem sendo vistas de fora da abóbada celeste” podemos pensar na seguinte situação: Sabe quando estamos em um veículo num dia frio com os vidros embaçados? Caso a gente faça um desenho nas janelas embaçadas veremos esse desenho como o desenhamos, mas uma pessoa que está de fora do automóvel enxerga o desenho invertido da direita para a esquerda. Nessa comparação, a pessoa de dentro do carro seria como a pessoa na Terra vendo as estrelas, a pessoa de fora do carro seria como uma pessoa vendo as coisas de fora da abóbada celeste.

 

A esfera celeste, como está indicada na figura 4, mostra a Terra estática com os corpos celestes se movimentando em torno dela, é importante ressaltar que essa representação apenas retrata um céu que é visto da Terra e não como de fato é. Existe uma outra representação de espera celeste que tem o Sol no centro da esfera. A figura 5 mostra essa representação heliocêntrica. Nela também é possível ver que o Sol é projetado na eclíptica e que nessa região estão as famosas constelações do zodíaco. 

Figura 5: A abóbada celeste no sistema heliocêntrico

 

Agora, tanto a figura 5 quanto a 4 trazem a ideia de que as estrelas visíveis no céu, e que formamos constelações, estão todas a uma mesma distância da Terra, mas isso não é verdade, se olharmos essas estrelas de perspectivas diferentes, percebemos que estão muito distantes umas das outras, como é possível perceber no vídeo 1 e na figura 6.

 

Vídeo 1: Constelação de Órion em perspectiva

 

Figura 6: Distância de Órion

 

[Texto de autoria de Aline Ribeiro, estagiária do Núcleo de Astronomia]