Energia acessível e limpa – Espaço do Conhecimento UFMG
 
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Energia acessível e limpa

 

A energia está em praticamente todos os lugares à nossa volta. Precisamos dela sempre que entramos num carro ou ônibus para ir a algum lugar, quando cozinhamos, tomamos um banho quente e até mesmo agora, eu aposto que você está lendo este texto em um dispositivo que, se não está ligado a uma tomada, em algum momento do dia ele esteve.

 

Sendo a energia uma peça tão importante no cotidiano de um mundo globalizado, o acesso universal a ela, de maneira que não degrade o meio-ambiente, é uma das metas na lista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), a ser cumprida até o ano de 2030. Saiba mais sobre elas por aqui. Figurando no documento como o sétimo dos objetivos, está a energia acessível e limpa.

 

 

Porque aliar acessibilidade e sustentabilidade é um desafio?

Com a população mundial em constante crescimento – nos últimos 10 anos ganhamos cerca de 640 milhões de pessoas – a demanda por energia barata também aumenta. Segundo dados da ONU, entre 1990 e 2010, o número de pessoas com acesso à eletricidade cresceu 1.7 bilhão. Isso é ótimo, afinal quanto maior o acesso à fontes de energia, mais pessoas podem facilitar as tarefas diárias e aproveitar as comodidades da tecnologia. Porém, aí também mora um risco: algumas das fontes de energias mais baratas, a curto prazo, são também as que mais degradam o meio ambiente.

 

A demanda por energia barata aumenta com o crescimento da população mundial. Créditos: Fábio Rodrigues Pozzebom/Arquivo/Agência Brasil

 

Uma economia global dependente de combustíveis fósseis e o aumento das emissões de gás carbônico estão criando drásticas mudanças no clima, o que impacta diretamente todos os continentes. Além disso, quanto mais dependentes de único recurso – como os combustíveis fósseis – forem as nações, maior o risco de algum imprevisto causar o desabastecimento do território, e os temidos “apagões”. As fontes de energia limpa entram aí, como forma de amenizar os impactos que causamos no meio-ambiente e diversificar as matrizes energéticas dos países.

 

O que é energia limpa e como ela é usada pelo mundo?

A energia limpa é aquela que não lança poluentes na atmosfera e apresenta um impacto sobre a natureza somente no local da instalação da usina. Ela provém de fontes renováveis, como é o caso das energias: eólica (vento), solar (sol), maremotriz (movimento das marés), geotérmica (calor), hidráulica (água), nuclear (reação nuclear) e biomassa (matéria orgânica). Todas essas formas de energia causam impactos ambientais, ainda que mínimos, porém, não interferem na poluição em nível global.

 

Energia eólica, uma das fontes limpas e renováveis. Créditos: Pedro Henrique Santos/Unsplash

 

Esforços para promover o uso de energias limpas garantiram, segundo dados de 2011 da ONU, que 20% da energia consumida no planeta venha de fontes renováveis. Um estudo mais recente, de 2020, da Agência Internacional de Energia Renovável, Irena, revelou que as matrizes limpas de energia foram responsáveis por 72% do crescimento do setor no ano de 2019. Foi também neste ano que a Inglaterra, berço da Revolução Industrial, teve pela primeira vez em sua história mais energia elétrica proveniente de fontes renováveis do que de derivados do petróleo, e que nos Estados Unidos, a geração por fontes limpas ultrapassou a do carvão.

 

Ainda de acordo com o estudo, em 2019, a energia solar e eólica dominaram a capacidade de expansão com 90% de todas as fontes de energia limpa. Já a energia solar cresceu 20%. China e Estados Unidos continuam grandes expoentes em fontes eólicas de energia. China, Coreia do Sul, Índia e Vietnã registraram os mais altos níveis de energia solar em 2019. E o Brasil? Bom, em 2020 o nosso país registrou 83% de sua matriz elétrica originada de fontes renováveis, de acordo com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia. A participação é liderada pela hidrelétrica (63,8%), seguida de eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar centralizada (1,4%).

 

O acesso à energia

Atualmente, mais de 10% da população mundial não tem acesso à energia elétrica. O número corresponde a aproximadamente 840 milhões de pessoas, e foi levantado em um relatório do Banco Mundial, de 2019. A maior parte delas se concentra na África Subsaariana, onde cerca de 44% das pessoas têm acesso a fornecimento elétrico, frente a 89% em nível global. Um dos casos mais dramáticos acontece no Chade, onde apenas 11% da população tem acesso à eletricidade.

 

No Brasil, o acesso à energia elétrica ainda não é uma realidade para quase 1 milhão de pessoas. A maioria delas vive na região norte do país, nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. O número pode parecer pequeno, quando consideramos a população total de brasileiros – que chega a aproximadamente 207 milhões. Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, apontou que 99,8% dos brasileiros têm energia elétrica. A meta agora é alcançar logo os 100%, afinal de contas, como declara a analista sênior de conservação do WWF-Brasil Alessandra Mathyas, “é inaceitável que a vida de um milhão de brasileiros ainda continue como no século passado:”

 

Energia elétrica chega a 207 milhões de brasileiros. Créditos: Sérgio Amaral/MDS

 

Mas não só no Brasil como também no mundo, avanços consideráveis têm ocorrido na última década. Em 2010, 1,2 bilhão de pessoas não tinham acesso à eletricidade; em 2016 esse número caiu para 1 bilhão de pessoas e em 2019 chegou a 840 milhões de pessoas. O Banco Mundial ressaltou, nesse sentido, que os maiores progressos foram registrados em Índia, Bangladesh, Quênia e Mianmar. Como a demanda continua a crescer, há a necessidade de aumentar substancialmente a produção de energias renováveis, para que a população possa ser atendida da melhor forma, sem aumentar os impactos que causamos no meio-ambiente. Veja as metas do sétimo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU para tanto: 

 

7.1 Até 2030, assegurar o acesso universal, de confiança, moderno e a preços acessíveis a serviços de energia

7.2 Até 2030, aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz energética global

7.3 Até 2030, duplicar a taxa global de melhoria da eficiência energética

7.a Até 2030, reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso à investigação e tecnologias de energia limpa, incluindo energias renováveis, eficiência energética e tecnologias de combustíveis fósseis avançadas e mais limpas, e promover o investimento em infraestrutura de energia e em tecnologias de energia limpa

7.b Até 2030, expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para o fornecimento de serviços de energia modernos e sustentáveis para todos nos países em desenvolvimento, particularmente nos países menos desenvolvidos, nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países em desenvolvimento sem litoral, de acordo com seus respectivos programas de apoio.

 

[Texto de autoria de Gabriela Sorice, assistente do Núcleo de Comunicação]

 

Para saber mais:

Energia Acessível e Limpa – Agenda 2030

Energia Limpa – Brasil Escola

Energia renovável ultrapassou crescimento de fontes fósseis em 2019

Fontes de energia renováveis representam 83% da matriz elétrica brasileira

Mais de 800 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a energia elétrica, diz Banco Mundial

Indicadores – Objetivo 7 Energia Limpa e Acessível