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Galáxias Satélites: As Nuvens de Magalhães e outros objetos

Assim como alguns planetas, as galáxias também podem possuir satélites naturais

 

11 de setembro de 2024

 

Como abordado no texto Aprenda mais sobre as luas do nosso Sistema Solar, chamamos corpos celestes que orbitam um planeta de “satélites naturais”, ou simplesmente “luas”. Porém, quando ampliamos a nossa visão e olhamos de forma um pouco mais distante, nos deparamos com um conceito chamado Galáxia Satélite, que se refere às galáxias que orbitam ao redor de uma galáxia maior.

 

Com o desenvolvimento de novas tecnologias, temos descoberto cada vez mais galáxias satélites da Via Láctea. Até 1950 conhecíamos seis e com o auxílio do Sloan Digital Sky Survey (SDSS) e do Dark Energy Survey (DES) chegamos a um total de 51 galáxias satélites. Outros instrumentos, como o Very Large Telescope (VLT), nos auxiliam no estudo desses objetos.

 

Representação artística da localização e descoberta das principais galáxias satélites da Via Láctea. Em azul são objetos confirmados; em vermelho são os que foram descobertos pelo SDSS; e em verde, pelo DES. As linhas pontilhadas estão para baixo, em relação ao plano galáctico. (Créditos: Marcel Pawlowski).

 

Essas galáxias muitas vezes não tem uma forma específica, principalmente quando já se encontram próximas ao plano galáctico e estão sendo agregadas a Via Láctea, como é o caso da Galáxia Anã de Sagitário – que nos próximos 100 milhões de anos se unirá com a Via Láctea. Outras vezes, são as Galáxias Satélites que distorcem a galáxia-mãe, como é o caso de NGC 770 – que distorce um dos braços da galáxia espiral NGC 772.

 

Ao centro da imagem temos dois grandes objetos no céu. Na região superior, a Pequena Nuvem de Magalhães e na parte inferior, a Grande Nuvem de Magalhães. (Créditos: J. C. Muñoz/ESO).

 

Entre as Galáxias Satélites da Via Láctea, as mais conhecidas são a Grande e a Pequena Nuvem de Magalhães, por serem possíveis de observar a olho nu em uma boa parte do hemisfério Sul. Durante o período das Grandes Navegações, o navegador português Fernão de Magalhães registrou esses dois objetos em sua viagem ao redor do mundo, entre 1519 e 1522, e os objetos foram nomeados em sua homenagem.

 

As Nuvens de Magalhães, além de próximas da nossa galáxia, são interessantes por possuírem uma composição química diferente da Via Láctea, com uma concentração menor de elementos mais pesados que Hidrogênio e Hélio, semelhante ao Universo em seus primórdios. Com uma composição diferente, encontramos diversas regiões passando por um rápido e contínuo processo de formação estelar. As Nuvens de Magalhães também são os únicos sistemas conhecidos que contém aglomerados em todos os estágios evolutivos. A Grande Nuvem de Magalhães, por exemplo, possui aproximadamente 60 aglomerados globulares e 700 aglomerados abertos, além da Supernova mais próxima observada em centenas de anos.

 

A NGC 346 é um aglomerado estelar que está contido em uma nebulosa. O Telescópio Espacial James Webb revelou a presença, além do esperado, de blocos construtores, não apenas para estrelas, mas também para planetas. (Créditos: NASA, ESA, CSA, O. Jones [UK ATC], G. De Marchi [ESTEC], and M. Meixner [USRA]. Image processing: A. Pagan [STScI], N. Habel [USRA], L. Lenkic [USRA] and L. Chu [NASA/Ames]).

 

O progresso dos instrumentos astronômicos de observação nos auxilia cada vez mais a compreender o cosmo e seus processos. Assim como a Via Láctea, NGC 772 e Andrômeda, diversas galáxias possuem Galáxias Satélites próximas. Estudar essas interações nos ajuda a responder perguntas: “O que dá forma às galáxias?”, “Como elas se formam?”, entre outras questões sobre o processo evolutivo do Universo.

 

[Texto de autoria de João Victor Lima Evangelista, estagiário no Núcleo de Astronomia]

 

Referências

Aprenda mais sobre as luas do nosso Sistema Solar.

Galaxies Over Time.

Ghostly galaxies above the VLT.

Hubble Gazes at Stars of the Large Magellanic Cloud.

Hubble Spots a Curious Spiral.

NASA’s Webb Uncovers Star Formation in Cluster’s Dusty Ribbons.

The Dawn of a New Era for Supernova 1987a.

What Is a Satellite Galaxy?