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Indústria, inovação e infraestrutura

 

Investimentos em infraestrutura e inovação são indutores cruciais do crescimento econômico e do desenvolvimento. Por isso, não dá para deixá-los de lado quando pensamos nas metas globais para promover o progresso, de forma sustentável, em todo o mudo. É exatamente sobre este tema que trata o nono dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), a serem cumpridos até 2030 – saiba mais sobre eles por aqui. “Indústria, inovação e infraestrutura” são os três “is” que compõem este objetivo: Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

 

Créditos: ONU Brasil

 

Com mais da metade da população global vivendo em cidades, transportes de massa e energias renováveis são cada vez mais importantes, assim como o crescimento de novas indústrias e tecnologias de comunicação e informação. O progresso tecnológico é chave para encontrarmos soluções para desafios econômicos e ambientais, assim como gerar novos empregos e promover a eficiência energética. Promover indústrias sustentáveis e investir em pesquisa científica e inovação são formas importantes para conseguir aliar o desenvolvimento econômico e social à sustentabilidade.

 

Indústria, inovação e infraestrutura pelo mundo

 

Não podemos negar que a tecnologia tem avançado de forma veloz e surpreendente nos últimos anos. Com sua ajuda, a humanidade alcançou feitos que jamais seriam possíveis há algumas décadas. Mas, será que essas inovações chegam para todos? Ou ainda: quem são aqueles capazes de realizá-las? Será que não estaríamos vivendo de forma ainda mais avançada, se, por todo o globo, todos os países fossem capazes de investir em suas pesquisas, indústrias e infraestrutura da mesma maneira?

 

Uma pesquisa realizada pela empresa Bloomberg desenvolveu o Índice mundial de Inovação 2019, revelando os países mais inovadores do mundo. O estudo levou em consideração diversos fatores relacionados aos 3 “is” do nono ODS: investimento em pesquisa e desenvolvimento, valor agregado na indústria, densidade de empresas públicas de alta tecnologia, investimento na educação superior, registro de patentes, produtividade e concentração de pesquisadores. Em primeiro lugar no ranking está a Coreia do Sul, seguida pela Alemanha e, logo após, a Finlândia, completando o pódio. Veja os 10 primeiros colocados na imagem a seguir:

 

Classificação dos países mais inovadores do mundo segundo o Índice mundial de Inovação 2019

 

Olhando assim, dá para perceber que há algo em comum entre essas nações, não é mesmo? Considerados países desenvolvidos, todos eles possuem também um alto índice de Desenvolvimento Humano (IDH). São locais muito ricos, com dinheiro e capacidade para investir em pesquisas e criação de novas indústrias e tecnologias. Enquanto a inovação chega cada vez mais rápido para países assim, outros locais pelo globo continuam batalhando para conseguir promover um acesso justo e democrático às mais simples formas de tecnologias.

 

O outro lado da moeda

Mais de quatro bilhões de pessoas ainda não têm acesso à internet, e a grande maioria delas vive em países em desenvolvimento. Segundo um relatório da ONU, publicado em 2020, quase 87% da população de países desenvolvidos possui acesso à Internet, contra apenas 19% nos países em desenvolvimento. Como regiões onde menos de 20% poderiam conseguir realizar os mesmos investimentos em Indústria, inovação e infraestrutura que países onde quase 90% da população está conectada?

 

Quase metade da população global ainda não está online. Créditos: ONU

 

Assim, essa defasagem que já é grande, tende a aumentar ainda mais, porque os países mais pobres acabam se tornando dependentes dos avanços econômicos e tecnológicos das regiões mais ricas e desenvolvidas. Países subdesenvolvidos sofrem uma forte influência de empresas multinacionais, que acabam sendo seus os principais centros produtivos. Porém, as empresas estrangeiras, no geral, têm pouco interesse em promover o desenvolvimento tecnológico do local onde estão instaladas suas filiais: elas buscam atender seus próprios interesses. Além disso, o lucro de suas atividades não permanece no país, pois migra para a nação sede, elevando cada vez mais sua economia e aumentando ainda mais a desigualdade entre as nações.

 

Diminuir essa distância digital é crucial para garantirmos acesso igualitário à informação e ao conhecimento, assim como propiciar a inovação e o empreendedorismo. Já imaginou do que seríamos capazes caso todos os países pudessem ter um investimento forte e consistente nos 3 “is”? Veja as metas do 10o dos ODS para que isso seja uma realidade até 2030:

 

9.1 Desenvolver infraestrutura de qualidade, confiável, sustentável e resiliente, incluindo infraestrutura regional e transfronteiriça, para apoiar o desenvolvimento econômico e o bem-estar humano, com foco no acesso equitativo e a preços acessíveis para todos

9.2 Promover a industrialização inclusiva e sustentável e, até 2030, aumentar significativamente a participação da indústria no setor de emprego e no PIB, de acordo com as circunstâncias nacionais, e dobrar sua participação nos países menos desenvolvidos

9.3 Aumentar o acesso das pequenas indústrias e outras empresas, particularmente em países em desenvolvimento, aos serviços financeiros, incluindo crédito acessível e sua integração em cadeias de valor e mercados

9.4 Até 2030, modernizar a infraestrutura e reabilitar as indústrias para torná-las sustentáveis, com eficiência aumentada no uso de recursos e maior adoção de tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente corretos; com todos os países atuando de acordo com suas respectivas capacidades

9.5 Fortalecer a pesquisa científica, melhorar as capacidades tecnológicas de setores industriais em todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, inclusive, até 2030, incentivando a inovação e aumentando substancialmente o número de trabalhadores de pesquisa e desenvolvimento por milhão de pessoas e os gastos público e privado em pesquisa e desenvolvimento

9.a Facilitar o desenvolvimento de infraestrutura sustentável e resiliente em países em desenvolvimento, por meio de maior apoio financeiro, tecnológico e técnico aos países africanos, aos países menos desenvolvidos, aos países em desenvolvimento sem litoral e aos pequenos Estados insulares em desenvolvimento

9.b Apoiar o desenvolvimento tecnológico, a pesquisa e a inovação nacionais nos países em desenvolvimento, inclusive garantindo um ambiente político propício para, entre outras coisas, a diversificação industrial e a agregação de valor às commodities

9.c Aumentar significativamente o acesso às tecnologias de informação e comunicação e se empenhar para oferecer acesso universal e a preços acessíveis à internet nos países menos desenvolvidos, até 2020

 

[Texto de autoria de Gabriela Sorice, assistente do Núcleo de Comunicação]

 

Para saber mais:

Ipea – ODS 9 Indústria Inovação e Infraestrutura

Undp – Objetivo 9 Indústria Inovação e Infraestrutura

Ranking dos 10 países mais inovadores do mundo

Problemas Econômicos nos países subdesenvolvidos

Relatório da ONU indica intensa desigualdade no acesso à internet no mundo