Como contribuir para que museus e espaços culturais sejam acessíveis a todos os públicos?
29 de setembro de 2020

Este é mais um texto do “Espaço aberto a Educadores”, coluna do Blog do Espaço especialmente voltada aos professores e educadores! Convidamos vocês a ler os outros textos já publicados, disponíveis aqui.
Museus e centros de ciência e cultura, tanto quanto as escolas, devem ser entendidos como instituições promotoras da inclusão social. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (nº 13.145/2015), no artigo 14, afirma que “[a] pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, sendo-lhe garantido o acesso […] a bens culturais em formato acessível […]“. Contudo, ainda hoje, muitas pessoas com deficiência não frequentam espaços culturais por medo de não serem bem acolhidas. Assim, precisamos ajudar a construir uma conexão de todos os públicos com os museus, baseada na construção do afeto, da fruição efetiva e do desfrute aos bens culturais.
O Espaço do Conhecimento UFMG busca tornar-se, cada vez mais, um espaço democrático, aberto aos mais diversos públicos, entre eles as pessoas com deficiência. Temos realizado, por exemplo, atividades inclusivas em Língua Brasileira de Sinais, como a sessão de planetário Astronomia Indígena com Libras, o projeto Sábado com Libras – que também está presente em nossas redes sociais, com contação de histórias no YouTube, e as lives de astronomia da atividade Descobrindo o Céu.
Contudo, assim como a inclusão escolar, a acessibilidade em museus é um tema relativamente recente, sobre o qual há muito para avançarmos, tanto nas adaptações físicas e sensoriais quanto no desenvolvimento de ações educativas especializadas.
O trabalho de mediação pode ser um facilitador da compreensão e da vivência sensorial dos públicos, considerando suas diversidades. Para tanto, os mediadores do Espaço do Conhecimento UFMG realizam atividades de formação continuada relacionadas ao atendimento a pessoas com deficiência e contam com alguns recursos de tecnologias assistivas, como mapas táteis dos andares, impressora em braile e o apoio de uma intérprete de Libras.
Este trabalho, contudo, não acontece de forma isolada. No caso das visitas escolares, por exemplo, é fundamental a colaboração entre o museu e a escola, por meio do compartilhamento de informações desde o momento do agendamento da visita. Esse envolvimento permite a flexibilização permanente de objetivos e perspectivas em relação às ações educativas e aos planos de acessibilidade.
No formulário de inscrição respondido pelos professores, há uma questão referente à presença de alunos com deficiência na turma que visitará o Espaço. A resposta fornecida pelo educador norteará nossa preparação, que envolve a busca por recursos sensoriais, o ritmo da visita, os deslocamentos, a adequação da linguagem e as estratégias de inclusão desses alunos junto aos grupos, no momento da visita. Por tudo isso, é importante que essa questão seja respondida com o máximo de detalhes possível em colaboração com os educadores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) ou mesmo com as famílias, uma vez que cada aluno é único e tem suas especificidades e necessidades.
Toda e qualquer outra sugestão, crítica e consideração que possa nos ajudar a melhorar o atendimento a pessoas com deficiência e a incluir, da melhor maneira, todos os alunos nas visitas escolares, são sempre muito bem-vindas. Por isso, sempre que quiser, não deixe de entrar em contato conosco pelo e-mail espacoabertoaeducadores@gmail.com.
Para ampliar:
ARRUDA, Felipe et al. Mediações Acessíveis. Ciclo de Encontros sobre Acessibilidade em Espaços de Educação e Cultura. São Paulo: Instituto Tomie Ohtake, 2018.
COHEN, Regina et al. Acessibilidade a Museus. Cadernos Museológicos, v.2. Brasília, DF: MinC/IBRAM, 2012.
PIRES, Diógenes M.; PAGLIOTO, Bárbara F.; MARTINS, Dinalva A. Sessão Astronomia Indígenas com Libras. Caderno de Resumos. III Encontro da ABCMC – Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciências, 10 a 15 set., 2018.
SARRAF, Viviane Panelli. Acessibilidade em Espaços Culturais: mediação e comunicação sensorial. São Paulo: EDUC: FAPESP, 205.
TOJAL, Amanda Pinto da Fonseca. Políticas Públicas culturais de inclusão de públicos especiais em museus. Tese de doutorado em ciência da informação, Escola de Comunicação, São Paulo: Universidade de São Paulo, 2007. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-19032008-183924/pt-br.php>. Acesso em: 08/01/2020.