“Quando eu quero ir para o viaduto [Santa Tereza, sob o qual a juventude realiza recorrentemente ações culturais], por exemplo, eu já vou com um pensamento de alerta. Então, vocês, que estão no poder, precisam resolver isso. Resolvam isso. Eu não sei como: apenas se virem”, cobrou a artista, que, junto com as artistas Eliza Castro e Iza Reys, do Afrolíricas, ministra a oficina A margem da escrita no Festival de Verão. “Porque essa é a juventude que vocês têm, então lidem com ela. Trabalhem com ela, ofereçam a ela o melhor do melhor”, cobrou. “Porque ela, da sua parte, já está trabalhando com excelência”, garantiu, e foi aplaudida efusivamente pelo público presente.
Mensagem de alegria
Em sua fala, o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira – reitor em exercício na ocasião – lembrou os dias difíceis que Belo Horizonte tem vivido em razão das fortes chuvas que vêm caindo sobre a cidade. Nesse sentido, ele destacou o Festival de Verão UFMG como um presente que a Universidade oferece à cidade nesse momento. “Com essa parceria entre a UFMG e a Prefeitura de Belo Horizonte, a mensagem que a gente quer trazer para a cidade é de um pouco de alegria, nesse momento tão difícil”, disse.
Na esteira do discurso de Alessandro Moreira, Fernando Mencarelli lembrou que nos quatro dias de Festival o Centro Cultural UFMG e o Centro de Referência da Juventude (CRJ) vão abrigar cerca de 30 atividades gratuitas, entre espetáculos, oficinas, rodas de conversas, aulas abertas, exposições e residências. “Acima de tudo, o que queremos reconhecer aqui é a importância de somar esforços para a construção de políticas públicas culturais para a cidade, para a juventude da cidade”, disse.
Fabíola Moulin, secretária de Cultura de Belo Horizonte, lembrou que a parceria da Prefeitura com a UFMG durante seu Festival de Verão ocorre como parte do acordo de cooperação que a Universidade e a PBH assinaram em meados de 2019. “Esse acordo tem gerado uma série de projetos conjuntos e compartilhamento de conhecimento entre a prefeitura e a Universidade”, lembrou a secretária. Fabíola também destacou “a importância da UFMG na construção de conhecimento, na garantia de direitos humanos, na garantia de acesso à educação” no país e convocou o público presente a defender essa instituição. “A gente precisa cada vez mais reforçar o papel fundamental dessa instituição, que tem sofrido tanto e que, ao mesmo tempo, tem sido tão guerreira para manter o seu lugar, o seu papel na sociedade”, disse.
A secretária falou sobre a importância de a comunidade de Belo Horizonte criar “momentos do encontro” como o do Festival de Verão. “Isso talvez seja o melhor que a gente pode fazer neste momento: encontrarmo-nos, estarmos juntos, reforçarmos todas as nossas políticas voltadas para os direitos humanos, para a educação, para a cultura, enfim, construirmos juntos. A gente precisa continuar junto nessa luta”, disse.
Instrumento de cidadania
Samira Ávila, gerente executiva do Centro de Referência de Juventude, também demarcou a importância dessa aproximação entre prefeitura e Universidade para a oferta de cidadania à juventude. “O CRJ é um espaço ocupado pela juventude negra, periférica, LGBT, feminina, feminista, pobre da cidade. Mais de cem coletivos ensaiam diariamente ali, numa resistência muito grande. Por dia, recebemos mais de quinhentos jovens ali. Então, quando a UFMG nos procura, isso é muito emocionante. Porque há muitas coisas legais acontecendo no CRJ, muita coisa importante, que precisa ser destacada”, disse Samira. “É muito importante que a Universidade reconheça o saber e o trabalho dessa juventude”, disse.
Thiago Alves da Costa, subsecretário de Direito e Cidadania da Prefeitura de Belo Horizonte, também insistiu nesse ponto. “A gente está muito feliz com essa parceria construída. Alegra-nos perceber na programação do Festival de Verão a presença de diversas pautas importantes na luta por direitos humanos, a representação LGBT, a representação das mulheres, a representação da afrocultura na programação. Isso nos enche de orgulho”, disse. “A gente precisa trazer essa diversidade – palavra proibida nos dias de hoje – para a pauta e para a realidade de nossas vidas. Não se faz cidadania sem cultura”, sentenciou.