Período da residência: 04 de março a 31 de dezembro de 2024

Professor voluntário na Escola de Engenharia da UFMG

Francisco de Paula Antunes Lima é professor voluntário, aposentado como professor Titular da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Concluiu Graduação em Engenharia Mecânica na UFMG, mestrado na mesma área, com ênfase em Projeto na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e doutorado em Ergonomia (CNAM – Paris). Desde o início sua carreira acadêmica tem se dedicado a pesquisas, intervenção e formação na área de saúde e segurança do trabalho (SST), com pesquisas em análise de acidentes, análise de competências, saber tácito e projetos com base na experiência operacional. Além de produção teórica, atua em projetos de transferência de conhecimento para o setor produtivo desenvolvendo metodologias de intervenção e projetos tecnológicos aplicados. Realizou dois estágios de pós-doutoramento, um em Ergologia (Université de Provence – França), com uma equipe pluridisciplinar de Análise de Situações de Trabalho (APST), outro em Ergonomia, na Universidade de Lyon-II, durante o qual desenvolveu sua formação em economia. Suas atividades de pesquisas estão estruturadas em torno de três temas: 1) formas de trabalho e de produção no capitalismo contemporâneo; 2) atividades de serviços e organização de serviços públicos; 3) desenvolvimento territorial e economia solidária, economia da funcionalidade e da cooperação, inovação e formas alternativas de organização da produção.


A FORMA SOCIAL DA TECNOLOGIA

A tecnologia, diante das graves crises sociais e ecológicas, é objeto de críticas que colocam em questão tanto a ideia de progresso técnico, quanto a sua contribuição para o bem-estar humano. Este projeto visa aprofundar uma tese que se situa entre o ufanismo tecnológico e a crítica que reduz a técnica a um simples reflexo de interesses e relações de poder. Para desenvolver estas pesquisas, propõe-se uma terceira via, que não desconsidera a base objetiva da dominação incorporada na tecnologia, mas procura reconhecer a especificidade da técnica sob as relações de poder que a conformam. Esse trabalho teórico permite orientar ações práticas condizentes com a função social da tecnologia, contribuindo, assim, para uma construir uma engenharia crítica. No campo da reflexão, o projeto vai aprofundar a noção de “forma social da tecnologia”, com base em estudos de alguns autores da Sociologia da Ciência e da Tecnologia (WiebeBjiker, Donald MacKenzie, Latour), da Etnografia da técnica (Pierre Lemonnier), da teoria crítica da tecnologia (Andrew Feenberg) e da Filosofia da Técnica (Gilbert Simondon e Bernard Stiegler). Em termos práticos, essa reflexão teórica servirá de orientação para projetos de pesquisa-ação em desenvolvimento, envolvendo importantes questões sociais como a transição ecológica, o desenvolvimento da segurança de sistemas de alto risco e o desenvolvimento de tecnologias sociais para apoiar o desenvolvimento territorial sustentável.