Estão disponíveis para leitura os números #29.1 e #29.2 da Revista da UFMG, que tem por temas, respectivamente, Estupor, transformações sociais, (in)disciplina e Reconstruções. A Revista da UFMG pode ser acessada gratuitamente no Portal de Periódicos.

O #29.1 teve como editores convidados os Professores Daisy Moreira Cunha, Estevam Barbosa de Las Casas e Maria do Céu Diel de Oliveira, e reuniu trabalhos de catedráticos e residentes que passaram pelo IEAT. Os textos que compõem este número buscam o estupor e a constelação de possibilidades reflexivas a partir das abordagens transdisciplinares. Conforme explica o editorial, são conceitos resgatados a partir de Massimo Cavenacci e Walter Benjamin, tomados como uma espécie de metodologia de pesquisa, que visa escalar as eternas fronteiras das disciplinas e que tratam da abertura da sensibilidade intelectiva do pesquisador que, na medida em que analisa o objeto-sujeito, precisa saber dialogar e refletir sobre si mesmo. É caminhar para vencer as amarras disciplinares, tarefa esta que somente é possível “imaginando e vivendo indisciplinas”. Uma série de gravuras em metal, intitulada Imagens para uma Memória Desconhecida, realizadas por Maria do Céu Diel entre 2020 e 2022, foi ainda especialmente organizada para este número.

 

O número 29.2 reúne ensaios sobre o tema das Reconstruções. De acordo os editores deste número, Sabrina Sedlmayer, da Faculdade de Letras da UFMG e Roberto Vecchi, da Universidade de Bolonha (Unibo), são muitos os gestos e movimentos envolvidos nas reconstruções. Primeiro, cabe destacar o papel do prefixo latino re, cuja etimologia remete à restituire, que denota a ideia de uma ação repetida, de reparação ou de restauro. O sentido de reconstruir (que literalmente significa construir de novo) aponta para o objetivo deste número, que é o de explorar, ampliar, constituir, modificar a ideia de recomeço e de retomada. Além disso, nos oferece um convite para que, de forma transdisciplinar, áreas de conhecimento diversas operacionalizem a potencialidade deste verbo transitivo que coloca em questão não só a importância do objeto, como também a relação entre objetos, ou seja, o como reconstruir.   Segundo, a ideia de tradução também nos oferece uma potente reflexão para entender o termo reconstrução, pois o ato da tradução, que envolve a passagem de uma língua para outra, também engloba uma dimensão ética, já que envolve a capacidade de renovar uma frase, assumindo uma responsabilidade – e o risco – na reformulação da língua de chegada. A metáfora da tradução, como o desafio de transmitir um mesmo significado de modos diferentes, nos ajuda a pensar a reconstrução como uma oportunidade de inovação.

Segundo Sedlmayer e Vecchi a reconstrução pressupõe sempre um posicionamento ético em relação ao tempo e deve ser pensada a partir do duplo movimento de desconstrução e reconstrução do objeto, tal como a práxis da tradução exemplifica.

Fotografias do artista plástico Pedro Motta, a partir da série Naufrágio calado, foram escolhidas para dialogar com os ensaios desta edição.

Sobre a revista

A Revista da UFMG é uma publicação quadrimestral da Universidade Federal de Minas Gerais e tem como objetivo principal abordar temáticas específicas, numa perspectiva interdisciplinar, com a possibilidade de divulgar também resultados de pesquisas e de produções teóricas e artísticas diversas, nos formatos de artigos, resenhas, ensaios, textos literários e imagens. A publicação tem todas as suas edições inseridas no Portal de Periódicos.