50 anos do Museu de História Natural da UFMG

Em 12 de agosto de 2019, o Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (MHNJB) completa 50 anos de existência. Ao longo desse tempo e em permanente processo de construção, pode-se afirmar que a sua história se confunde, em especial, com a história de Belo Horizonte.

De fato, a vontade para a implantação de um museu com esse perfil remonta aos tempos da extinta Sociedade Mineira de Naturalistas. Fundada na Faculdade de Filosofia da UFMG, em 19 de outubro de 1956, essa Sociedade objetivava estimular atividades ligadas às pesquisas científicas e tinha por meta a criação de um Museu de História Natural em Belo Horizonte.

Mas essa relação museu – academia é mais antiga e teve início em 1947. Nessa época, o professor Anibal Mattos, presidente da Academia de Ciências de Minas Gerais, considerando a importância do sítio arqueológico da região do Horto, em Belo Horizonte, já destacava a necessidade de tal museu para Belo Horizonte. Apesar dos esforços desses cientistas e de estudantes do curso de História Natural para criação do Museu nessa época, foi só no fim da década de 1960 que a ideia começou a ser concretizada.

Recuando no tempo, é de conhecimento que essa área onde hoje se encontra o museu, em fins do século XIX, era ocupada pela Fazenda Boa Vista. No início do século XX, a fazenda foi desapropriada pela Comissão Construtora de Belo Horizonte, a nova capital de Minas Gerais, e adquirida pelo Governo do Estado com a finalidade de instalação de um Horto Florestal.

Em 1912, com o objetivo de impulsionar suas atividades agroindustriais, o Estado de Minas Gerais transformou esse Horto Florestal, implantando uma Estação Experimental de Agricultura na mesma área. Por conta de algumas obras e adaptações ocorridas no terreno, foram encontrados artefatos cerâmicos e líticos e, por conta disso, entre agosto de 1938 e novembro de 1947, pesquisadores da Secretaria de Agricultura, da antiga Faculdade de Filosofia e da Academia Mineira de Ciências trabalharam na área, que por conta disso também ficou conhecida como Estação Arqueológica do Horto. Artefatos líticos e cerâmicos encontrados foram então enviados ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, pela ausência, nessa época, de um museu de História Natural em Belo Horizonte. Infelizmente, por conta do incêndio que provocou a destruição do Museu Nacional do Rio de Janeiro, essa memória perdeu-se quase por completo, restando apenas algumas poucas dezenas desses artefatos.

Em 1953, a Estação Experimental deu lugar ao Instituto Agronômico, extinto em 1968. Com essa extinção, parte da área desse instituto foi desmembrada e 439.000 m2 foram cedidos à UFMG mediante um Convênio de Comodato, para que nela fosse instalado o seu Museu de História Natural.

Esse processo começou a tomar corpo em 28 de fevereiro de 1968, quando da assinatura do Decreto nº 62.317 pelo Presidente Arthur da Costa e Silva, que determinou a reformulação da estrutura das universidades brasileiras. Com essa reforma ocorreram muitas mudanças e, entre essas, constava uma envolvendo a criação de um Museu de História Natural no âmbito da UFMG. Tomada a decisão pela criação, era preciso então encontrar uma área para a sua efetiva instalação. Ao longo do ano de 1968, foram criadas várias comissões que cuidaram das negociações visando a identificação dessa área.

Em 17 de abril de 1968, por meio da Portaria 13/68, assinada pelo reitor da UFMG, Prof. Gerson de Britto Boson, foi designada uma Comissão Especial Organizadora do Museu, com a tarefa de organizar e implantar o MHN. Essa comissão era composta pelos professores Waldemar Versiani dos Anjos, Lair R. Rennó, Giogio Schreiber, Hélcio Werneck, Saul Alves Martins e Roberto Luciano Leste Murta. Em 23 de maio de 1968, a referida comissão apresentou seu Plano-Relatório com proposta de organização para o museu.

Em 06 de dezembro de 1968, o reitor da UFMG, Prof. Gerson de Britto, encaminhou ofício ao governador do Estado de Minas Gerais, Israel Pinheiro da Silva, no qual indicava o Prof. Amilcar Viana Martins como representante da UFMG, para tratativas junto à Secretaria da Agricultura do estado, visando a definição de uma área “onde será feito o devido ajardinamento e instalado o Museu de História Natural da UFMG”.

Nessa época, o mencionado Instituto Agronômico encontrava-se com suas pesquisas paralisadas e sua área verde cada vez mais devastada. Por conta disso, acabou sendo o local escolhido para sediar o Museu. Após as negociações, ao longo do primeiro semestre de 1969, ficou acertado entre estado e UFMG que o museu seria instalado em parte do terreno daquele instituto.

Uma vez definida a área, sua confirmada se deu por meio da assinatura de um termo de comodato, convertido posteriormente em doação. A assinatura desse termo, que permitiu a efetiva instalação do museu, se deu em 12 de agosto de 1969, que é considerada a sua data de inauguração. Em 09 de novembro de 1972, o museu teve a sua área ampliada para a instalação de um Jardim Botânico e transformou-se em MHNJB.

Atualmente, e a exemplo do que ocorre com a História Natural e seus museus, o MHNJB mantém variado conjunto de atividades, envolvendo aquelas áreas do conhecimento tradicionais e outras mais recentes. No MHNJB da UFMG, a Arqueologia, a Botânica, a Etnografia, a Cartografia Histórica, a Geologia e a Paleontologia representam algumas dessas áreas.