As propostas conceituais da própria
obra acabaram por trazer outras significações
a espaços tidos até então
como dependências administrativas ou ainda
locais não previamente preparados para
eventos artísticos. O interessante foi
ter ouvido algo neste sentido tanto da artista
Mabe - já familiarizada com o diálogo
entre bibliotecas e obras de arte (a partir,
por exemplo, da biblioteca do Museu da Pampulha)
- e de uma artista que agora expõe seus
trabalhos na mesma Biblioteca, esta que há
muitos anos atrás já abrigava
uma sala de artes voltada exclusivamente para
crianças.
As caixas foram abertas por ocasião de
visitas monitoradas oferecidas ao público
infantil e juvenil. Foi possível observar
a curiosidade infantil ativa na abertura de
algumas caixas a título de demonstração,
mesmo com a rápida permanência
dos grupos visitantes, que vinham percorrer
toda a Bibllioteca. Interessante lembrar que
o patrono da Biblioteca já havia criado
há tempos a personagem Emília
e seu baú...
Os adultos, leitores habituais de jornais e
revistas, bem como todo o público freqüentador
da Biblioteca se deparava, à entrada,
com uma lousa e alguns expositores, sinalizando
para a Sala Multimeios. De alguma forma seria
possível imaginar este contato do freqüentador
com uma "coleção" numa
sala "multi"? Aguardávamos
pelas manifestações dos visitantes,
seja para abrir as caixas como para qualquer
outro esclarecimento. Incomodava-nos o silêncio
que parecia existir entre as tarefas rotineiras
que rodeavam a obra de arte e a presença
inesperada de visitantes, críticos, curiosos,apreciadores,
declarados ou não - como saber?
A rotina, por assim dizer, não ficou
imune ao "magnetismo" de uma obra
de arte desejável em outros espaços
e serviços da mesma Biblioteca. Certo
dia um adulto nos convida ao diálogo
sobre a obra, a observa e pensa em retornar
um dia com mais calma, para analisar sem pressa
todo seu conteúdo. Mas não vi
isto acontecer.
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